Elite BSB

Capítulo 10 - Os invisíveis também têm vida social

Short curto cor de palha, blusa preta com detalhes que formavam um colar de miçangas, sandália rasteirinha gladiadora, brincos de argola, olhos esfumados e batom vermelho. Victória se encarava no espelho do elevador. O que ela estava fazendo? Por que estava indo àquela festa?

A porta se abriu antes mesmo que ela pudesse pensar em desistir. Ela ficou ali observando as pessoas, o elevador fechou atrás dela e ela ficou alguns minutos sem saber para onde ir. Ela não conhecia ninguém da festa, na verdade, ela convivia com todo mundo da festa, mas ninguém a reconheceu. Algumas pessoas a cumprimentaram chamando por outros nomes, vários copos de bebidas foram parar na sua mão mesmo ela colocando todos eles em um canto qualquer.

Após dez minutos escutando a batida da música e ficar um pouco assustada com o que as pessoas estavam fazendo, Victória decidiu ir embora. No entanto, precisava passar no banheiro antes, pois, apesar de não ter bebido, ela tinha a mania de ir ao banheiro antes de sair dos lugares.

Ela estava ajeitando o novo cabelo, quando duas garotas escandalosas entraram empurrando a porta enquanto riam bem alto. Beatriz e Sofia não perceberam que era Victória e ela sentiu um alívio, assim poderia ir embora sem ser notada.

- Vic! - Gritou Beatriz assim que a percebeu abrindo a porta - Que bom que você veio!

Beatriz a puxou pelo braço e a abraçou. Era notável que ela estava bêbada. Sofia fingia estar bem, mas ela também já havia bebido demais.

- Vamos dançar! - gritou Sofia e em seguida começou a rir - Foi mal! Vamos dançar! - ela sussurrou - Amiga da Bea também é minha amiga! Sem ciúmes!

- Obrigada meninas, mas eu já estou indo.

- Nem pensar! Acabei de te ver. - disse Beatriz tentando ficar parada - Tenho que te apresentar a sociedade. A galera não sabe a pessoa legal que você é.

- Toma aí. - Sofia entregou um copo pela metade para Victória - Você está precisando se animar!

- Obrigada, mas eu não bebo.

- Mas você dança né?

- Sério, eu já vou embora.

- Vamos ali pegar uma bebida sem álcool e já buscamos pra você. Fica quietinha aí.

As duas saíram cambaleando e Victória sorriu da situação. Até alguns dias atrás ela estaria caçoando da cena, mas tinha adquirido um certo carinho pelas patricinhas do Mystikas e só por isso ia esperar e ver se elas iam voltar ao banheiro.

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O elevador da festa mais uma vez abriu e mostrou uma figura inusitada: Diego Torres. Cabelo com gel, uma blusa toda preta e uma calça jeans rasgada foi o melhor que ele conseguiu vestir. Assim que entrou no apartamento seus olhos percorriam cada canto atrás de um certo cabelo loiro que dava brilho a garota da sua vida.

- E não é que você veio!

Diego se assustou com o tapa no ombro que recebeu de Carlos Passamani. Ele era uma das pessoas que Diego não queria ver.

- Pois é.

Carlos começou a falar sobre as garotas da festa quando Diego viu Sofia e Beatriz saindo do banheiro, elas estavam totalmente bêbadas. Carlos continuava falando, mas Diego não escutava nenhuma palavra, apenas observada Sofia. Primeiro ela foi até ao balcão onde estava as bebidas e pegou dois copos, ela voltava para o banheiro quando começou a tocar Demi Lovato e ela gritou dizendo que era música dela. Com os dois copos em mãos, ela levantou os braços e começou a dançar no ritmo da música.

Beatriz estava junto com a amiga, mas Diego só enxergava Sofia. Ele tinha que fazer alguma coisa, essa festa era a oportunidade dele se apresentar. Sem as paredes da escola ou da casa ele poderia ser muito mais do que o bolsista ou o filho do caseiro.

Carlos percebe que Diego não está prestando atenção nele e sim babando por Sofia. Passamani não gosta de ser ignorado, ainda mais por um bolsista nerd. Imediatamente ele pega Diego pelo braço, que ainda anestesiado pela beleza da loira não questiona até perceber que Carlos o empurrava para um cômodo e fecha a porta.

- Mas o que?

Diego tenta abrir a porta e em seguida percebe que Carlos havia trancado. Ele chuta a porta e se vira para identificar onde estava.

- Oi.

Uma garota linda de cabelos curtos acenava para ele.

- Desculpa eu...

- Tranquilo. Não acho que tenha essa coisa de banheiro de menino e banheiro de menina na casa do Felipe.

- Quer uma notícia ruim?

- Seu amigo trancou a gente aqui. Eu vi.

- Ele não é meu amigo.

- Ainda bem.

- E o que a gente faz para sair daqui?

- Vamos bater na porta e gritar até alguém vir no salvar.

- Você acha que isso vai dar certo?

- Não.

Os dois sorriram e, ao mesmo tempo, ficaram em frente a porta esmurrando-a e gritando. Dois minutos depois perceberam que a atitude realmente era inútil.

- A Beatriz e a Sofia disseram que iam voltar aqui, talvez elas vejam que está trancada e abre para gente.

- Vi elas dançando na pista, acho que não voltam aqui tão cedo.

- Bem típico. - disse sentando na pia do banheiro - Então... Como você se chama?

- Diego. Você é a garota nova né?

- Já estou nesta escola há seis meses e ainda me chamam de garota nova.

- Desculpa. Odeio isso. Até hoje me chamam de bolsista.

- Me chamo Victória, senhor bolsista.

- É um prazer "garota não tão nova assim".

Eles ficaram conversando cerca de uma hora. Às vezes alguém tentava abrir a porta, mas desistiam antes deles conseguirem pronunciar qualquer palavra em um alto e bom som. Diego descobriu que Victória tinha uma queda por músicas em espanhol e Vic descobriu que ele era um fanático pela saga Harry Potter.

- O que é isso atrás de você?

Victória observou que perto da banheira havia um espelho com uma maçaneta logo em baixo. Diego se virou e chegando mais perto conseguiu notar o que a nova amiga estava falando.

- Não é possível que seja o que estamos pensando.

Diego girou a maçaneta e o que antes parecia apenas um espelho se transformou em uma porta que dava acesso a um quarto.

- Acho que nem o Carlos sabia disso aqui.

- Você vai voltar para a festa?

- Não. Acho que vou comer uma pizza, era o que eu deveria ter feito desde o início.

- Acho uma ótima ideia.

Os dois saíram do quarto, pegaram o elevador e foram andando até encontrarem uma pizzaria aberta.