Era uma tarde calma em nossa pequena aldeia, porém eu estava na floresta caçando algo para o jantar. Tudo o que se ouvia era o barulho dos pássaros cantando e sobrevoando as árvores.
A aldeia ficava no meio do campo, não havia nada próximo dali além de bosques e florestas, as vilas e cidades ficavam a muitos quilômetro de distância ao sul e isso fazia com que eu me perguntasse o porquê de meus pais me abandonarem ali, além do óbvio, quererem distância de mim e fazer com que eu estivesse longe de descobrir quem eles eram.
Qualquer pessoa que cresceu sem os pais ficaria curiosa para saber quem eram e quais suas origens, já eu sou bem diferente das outras pessoas.
Afinal, se eles me abandonaram não queriam mais cuidar de mim, não existe justificativa para esse ato, é nisso que acredito.
Ouvi um galho estalar atrás de mim, rapidamente me virei apontando e mirando uma flecha numa pequena figura humana e notei a presença de Markab.
- Cassie, não atira! - o garoto levantou as mãos como quem se rende.
Revirei os olhos e abaixei o arco o encarando com a sobrancelha arqueada.
- O que pensa que está fazendo? - perguntei indo até ele e bagunçando seus cabelos dourados.
- Mamãe pediu para que voltasse para casa. - disse ele calmo observando ao redor - Está anoitecendo.
- Ainda não encontrei nada. - bufei desapontada.
- Não tem problema, mamãe conseguiu encontrar alguns ingredientes para o ensopado. - disse ele pegando uma pequena flor vermelha do chão - Estávamos guardando para o futuro, mas ela disse que eu não precisava me preocupar.
Dei um sorriso triste devido ao fato do estoque de comida estar acabando mas eu tinha certeza que haviam animais no fundo da floresta, eu só precisava caçar.
Esta noite seria lua cheia, ou seja, estaria claro para caçar. Não queria deixar Markab e tia Begônia passarem fome, eles foram tão bons comigo. Begônia foi quem me acolheu quando eu era criança.
Cassandra. Foi o nome que ela me deu, segundo tia Begônia, ela teve uma filha que morreu logo depois do parto e esse seria o nome que daria a ela se tivesse sobrevivido. Porém não gosta muito de falar sobre isso.
- Vamos Markab. - estendi a mão pro garotinho que a segurou sem hesitar.
Notei que ele ainda segurava a pequena flor e sorri com isso, provavelmente daria a sua mãe. Ele era extremamente fofo diferente dos garotos da sua idade.
Retornamos para a aldeia ainda de mãos dadas e encontramos a grande fogueira acesa, era um ritual feito a cada lua cheia para afastar bestas sanguinárias. Nunca acreditei nesses rituais, isso fazia com que eu não tivesse amigas da minha idade. Todas elas acreditavam cegamente em tudo que sua família contava e isso as tornavam rudes e ignorantes.
Eu não podia expressar minha opinião sobre as lendas e rituais que todos já me deixavam de lado, não que eu me importe, me viro muito melhor sozinha.
Todos estavam ao redor da fogueira contando histórias, menos tia Begônia.
Ela não acreditava naqueles rituais, apenas nas bestas. Não gostava de ficar com as outras mulheres pois todas a rejeitavam por ser pobre.
Entrei em casa e Markab foi até sua mãe estendendo a pequena flor.
- Pra você mamãe. - disse ele com as bochechas coradas.
- Para mim? - perguntou a mulher com um sorriso enorme estampado - Obrigado meu filho.
Begônia deu um beijo estalado na testa do garoto e em seguida me olhou de cima a baixo.
- Cassandra, sabe que não gosto quando fica na floresta até tarde. - disse ela indo até o fogão - Principalmente na lua cheia.
- Eu sei tia, mas eu tinha certeza que havia um animal, eu pude sentir. - falei eufórica.
Me sentei próxima a mesa e a mulher voltou com três pequenas tigelas de barro trincado, as colocou na mesa e pude ver uma sopa rala no fundo de minha tigela com a cauda do peixe assado no centro.
Eu odiava essa parte do peixe, mas não reclamei. Begônia se esforçava muito para criar a mim e Markab, a última coisa que eu deveria fazer era criticá-la por ser uma boa mãe.
Acho que isso é ser mãe, cuidar dos filhos e se esforçar pra que eles não sofram, não importa se vai falhar ou não. O que vale é a tentativa, coisa que meus pais biológicos nem fizeram.
Depois de comermos fomos cada um para sua cama de palha, não era muito confortável mas era melhor do que dormir no chão.
- Boa noite crianças. - disse Begônia sorrindo.
- Boa noite. - Mark e eu respondemos em uníssono e então ela apagou a pequena e fraca chama da lamparina que a mesma segurava.
Esperei algum tempo até que Markab adormecesse e levantei da cama, coloquei meu traje de caça, apanhei o arco e a aljava que continha as flechas.
Respirei fundo e tentei acalmar minha respiração, eu estava nervosa pois nunca havia caçado a noite.
Abri a porta com cuidado e notei que todos os aldeões ainda estavam em volta da fogueira, alguns acordados e outros adormecidos.
Saí de lá o mais rápido possível, queria voltar antes do amanhecer para que Begônia não notasse minha ausência. Quando eu chegasse, ela não teria motivos para se enfurecer já que teria alimento o suficiente para pelo menos uma semana.
Em alguns minutos eu havia chegado no bosque, um pouco mais adentro e eu alcançaria a floresta.
Continuei caminhando fazendo o mínimo de barulho que eu pudesse e escutei o barulho de folhas sendo jogadas para o ar, resolvi escalar uma árvore e ficar em um dos galhos então assim eu fiz.
Enquanto eu me ajeitava no galho, acabei cortando o pulso provocando uma dor fina, nada que eu não aguentasse.
Um uivo ecoou por toda a floresta me deixando completamente confusa, lobos não costumavam passar por aquela região a menos que estivessem migrando. Isso tornava tudo mais estranho, não era época de migração.
No começo pensei ser apenas um, explicava o porque de os animais estarem sumindo, ele estava caçando, minha teoria foi por água abaixo quando o barulho aumentou como se fosse uma alcatéia inteira, os uivos foram múltiplos e isso me deixou preocupada.
Eu não podia retornar a aldeia, não havia tempo o suficiente .
Continua...
Olá pessoas, vocês provavelmente vieram do Instagram e eu agradeço por terem optado a ler esse livro. É o primeiro que escrevo e espero que gostem da minha história pois tenho várias ideias e muitas coisas vão acontecer nesse livro.
A vida da Cassandra é cheia de reviravoltas, mas o passado dela contém tantas coisas que vocês mal podem imaginar.
Bem, esse foi o primeiro capítulo e vou postar 3 por semana, não deixem de acompanhar, votem bastantante e é isso, até o próximo capítulo seus lindos!
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The Arcrux - A Saga (LIVRO 1)
FantasiaUma garota órfã tem sua vila massacrada por criaturas desconhecidas, por sorte ou destino ela é a única sobrevivente do local. Acaba entrando em uma aventura onde descobre ser fruto de um amor entre uma bruxa e um lobisomem Alfa, logo ela também de...