Capítulo 2

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Observei tudo de cima da árvore, as únicas coisas que consegui enxergar foram as costas das criaturas peludas e enormes, eram bem maiores do que lobos, alguns até andavam com as duas patas.

Todos eles correndo em direção a pequena aldeia, segurei a respiração sem perceber e não pisquei nenhum segundo sequer quando um dos grandes lobos parou diante da árvore que eu estava.

Ele havia sentido o cheiro do sangue escorrendo pelo meu braço.

Seus grandes olhos vermelhos cintilantes se destacavam quando refletidos a luz da lua cheia em sua pelagem branca e isso me deixou intrigada, porém quando seus enormes caninos apareceram e meu ouvidos captaram o seu rosnado, meu primeiro reflexo foi sacar uma flecha da aljava.

Mirei em seu enorme ombro e disparei a flecha acertando o mesmo, o cão gigantesto gemeu de dor e fez algo que eu não esperava, ele caiu no chão vulnerável e não se moveu, apenas chorou.

Arregalei os olhos surpresa por apenas aquela flecha de madeira deixá-lo imobilizado e a única coisa que senti foi meu braço sendo puxado por algo que não consegui identificar.

Senti uma dor aguda no meu pescoço mas não gritei devido aos lobos. Era como se duas lâminas afiadas estivessem sido fincadas em minhas veias.

Em questão de segundos aquilo que me mordeu recuou.

- Sangue de lobo! - ouvi uma voz masculina e quando me virei avistei uma figura humana porém com uma aparência desumana.

Seus olhos amarelos brilhavam e suas presas eram grandes demais para ser humano.

Em seus lábios continha sangue, meu sangue.

Apanhei uma faça de caça que mantinha guardada dentro de minha bota em segredo e avancei ameaçando perfurar sua garganta.

- Quem é você? - perguntei e aquele ser demoníaco sorriu.

- Acho que a pergunta correta seria o que sou eu. - em questão de segundos ele me desarmou e numa velocidade sobrenatural ficou sobre meu corpo me imobilizando por completo.

Suas presas diminuíram ficando naturais novamente e seus olhos pararam de brilhar assim voltando a ser humano. A noite não me permitia observá-lo muito bem, porém seus cabelos aparentavam ser negros, sua pele branca e pálida, seus lábios finos e olhos claros.

De certa forma era encantador.

Com sua velocidade sobrenatural ele desapareceu pela floresta.

Aquilo me deixou abismada e em estado de choque, quando voltei ao mundo real chequei meu pescoço que continha sangue seco, mas não havia nenhuma perfuração no mesmo.

Aquilo só poderia ser fruto da minha imaginação, não havia como ser real.

Quando retomei a consciência me lembrei da aldeia. Eu tinha que ajudá-los a lutar contra aquelas coisas.

Desci da árvore as pressas e aquele lobo atingido havia desaparecido.

Ouvi gritos estridentes vindo de lá e eu precisava me apressar, corri o mais rápido que pude em direção a aldeia e notei que estava quase amanhecendo.

Me esforcei um pouco mais e em alguns minutos consegui enxergar o lugar em chamas, as criaturas enormes ainda a atacava e não recuavam por nada.

Quando cheguei o sol já havia nascido e as criaturas desaparecido, a única coisa que aparentava espantá-las era o amanhecer.

Tudo que encontrei na aldeia foram corpos sem vida, pessoas desmembradas e despedaçadas ao meio.

- Markab! Begônia! - berrei ao ver todas aquelas pessoas mortas.

Encontrei nossa pequena casa completamente em chamas e levei a mão até a boca.

Meus olhos lacrimejaram e meu coração apertou, parecia que tinha sido arrancado do meu peito. Eu havia crescido ali e tudo o que conhecia havia sido destruído.

- Cassie! - escutei a voz de Begônia vinda de uma pilha de corpos.

Corri até o local enquanto ela ainda chamava meu nome e afastei alguns cadáveres da mesma.

Ela estava totalmente ferida, mal podia se mexer. Seus braços arranhados, sua fronte sangrando e cortes feitos por garras em sua barriga que jorrava sangue.

- Ai meu Deus! - falei em lágrimas sentindo meus olhos queimarem devido a fumaça de algumas casas incediadas.

- Cassandra. - pude ouvi-la sussurrar meu nome.

- Não se mexa, eu vou.. vou buscar ajuda. - falei em desespero.

- Não. - disse ela calma.

Begônia não parecia temer a morte, não havia traços de aflição no seu rosto.

- Arcrux. - ela resmungou - Encontre.... Arcrux.

- O que?? Como assim? - eu estava confusa e afundada em minhas lágrimas - O que é um Arcrux? Onde está o Markab?

- Arcrux. - disse ela com dificuldade e uma lágrima desceu por seu rosto.

- Begônia, não! - falei ainda chorando e segurei sua mão - Não me abandone, por favor. - implorei e pude notar seu último fôlego escapando pelos seus lábios.

Eu estava aflita, minha única chance era encontrar Markab e protegê-lo. Eu chorei, chorei como uma criança.

Begônia era o que eu tinha de mais próximo como mãe, era ela quem cuidava de mim, a única pessoa que me amava.

Direcionei minha mão até seus olhos e os fechei, me levantei e encarei seu corpo sem vida e enxuguei as lágrimas que insistiam em correr pelo meu rosto.

Pude ouvir gritos agudos e corri até a fonte do som, havia uma, apenas uma criatura e entre meio seus dentes Mark gritava desesperado, eu não poderia deixá-lo ir também.

O lobo era completamente diferente dos outros, sua pelagem era escura, tão negra quanto a noite que passara.

Seus olhos eram da cor do sangue, além de sua postura ser bem maior do que a dos outros.

Saquei uma flecha e mirei no peito daquele ser, talvez o imobilizasse por um tempo assim como aconteceu com o outro. Disparei a mesma e apesar de parecer ter acertado o mesmo, a flecha caiu no chão antes mesmo de chegar a tocá-lo.

Era como se houvesse um escudo invísivel protegendo a besta, a flecha não provocou nenhum efeito, apenas fez com que aquele lobo notasse minha presença.

- Socorro Cassandra, não me deixa, por favor! - pude ouvir Markab implorando enquanto chorava. 

- Nunca! Eu prometo! - gritei para que ele ouvisse e comecei a disparar uma flecha atrás da outra.

Todas na direção da criatura, mas fizeram o mesmo efeito que nada.

Por um momento pensei que aquilo me atacaria, mas ele não o fez. Me deixou ali plantada e angustiada enquanto virava as costas e foi embora com o garoto entre os dentes, eu tinha que salvá-lo, não podia permitir que fosse devorado.

As lágrimas insistiam em fugir pelos meus olhos e não consegui fazer nada para contê-las, caí de joelhos aflita, minhas roupas sujas de sangue e terra. Antes de apagar eu consegui ouvir apenas uma palavra, uma palavra totalmente desconhecida.

- Somnum.

Continua...

 Como vocês estão??? Estão gostando desses capítulos? Não estão como eu queria, mas prometo que os próximos serão incríveis

Por favor votem bastante pra me ajudar a ter engajamento😋

 Vejo vocês no próximo capítulo ;)

The Arcrux - A Saga (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora