Capítulo 16

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Fui até a porta e comecei a testar as chaves. Estava suando de nervoso e com a respiração acelerada, seria impossível explicar a situação caso alguém me visse.

A porta estava trancada por um cadeado, então tentei colocar a primeira chave que nem sequer entrou, não era compatível com a fechadura. A segunda se encaixou mas não destrancou o cadeado.

Bufei impaciente e coloquei a terceira chave que entrou perfeitamente e ao girar, o cadeado se abriu possibilitando minha saída.

Um sorriso de realização surgiu nos meus lábios e rapidamente abri a porta enorme com certa dificuldade, tentando não acordar o guarda que ainda dormia e roncava afundado em seu sono.

Tranquei a porta para evitar que me seguissem, caso percebecem minha ausência e quando me virei respirei fundo permitindo o ar do campo adentrar em minhas narinas. A sensação era de liberdade, calmaria e paz. 

Comecei a caminhar entre meio as plantações permitindo que o aroma das lavouras me deixasse relaxada e aos poucos fui ficando mais tranquilizada. Olhei para o céu e a lua brilhava iluminando meus passos, as estrelas espalhadas por aquela imensidão apenas auxiliando a luz da lua.

Continuei andando e observando algumas mudas de árvores frutíferas. Aquela simplicidade era tudo pra mim, eu não tinha o dom de plantar mas admirar as plantas me dava o sentimento de conforto.

Percebi que havia me aproximado da floresta quando olhei para trás e o castelo estava menor e bem distante. Olhei para frente novamente vendo a mata e cogitei a ideia de explorar aquele lugar, afinal, uma oportunidade dessas jamais surgiria novamente. 

Graças a lua, seria fácil encontrar o caminho de volta.

Me aconcheguei no casaco preto e meus lábios tremeram devido ao frio, esse era um dos fatores que também me acalmava, o frio. Era magnífico, mas também horrível para caçar.

O inverno na aldeia carregava tristeza e angústia pela falta de alimento e freguesia. O frio fazia com que as pessoas permanecessem em casa com seus familiares e o mesmo valia para os animais, ficavam escondidos em suas tocas.

Todas as vezes que ia atirar alguma flecha, minhas mãos falhavam. Gélidas, dormentes e instáveis, era impossível mirar e acertar naquele estado.

Se eu entrasse naquela floresta, minha única defesa seria a faca de caça que carrego em minha bota, mas que desta vez, estava em uma de minhas mãos para me proteger de maneira mais rápida caso algo me atacasse.

Adentrei a mata que agora estava mais escura do que eu imaginava, ouvindo apenas o barulho dos grilos cantando e sapos coaxando ao longo do caminho. Eu não exitaria, queria explorar o máximo daquele lugar e não podia esperar até ser manhã.

Minha chance de ficar sozinha jamais se repetiria, então eu teria que fazer agora.

Ouvi um barulho vindo de uma moita a poucos metros de distância de mim mas não era um barulho como os outros, era de algo se mexendo ali. Segurei a faca firmemente caso o que estivésse ali me atacasse e fui me aproximando da moita aos poucos.

Quando fiquei bem perto, uma cauda preta se ergueu entre meio as folhas me deixando confusa. O rosto do pequeno bichano se ergueu e saiu do meio do arbusto andando de maneira alinhada. Suspirei aliviada e acariciei o topo da cabeça do mesmo.

- Owwn, olá. - falei me agachando enquanto o gato preto se esfregava no meu braço enquanto o afagava carinhosamente - O que faz aqui? 

O gatinho de olhos azuis ronronou se deitando ao lado dos meus pés como se implorasse para que eu continuasse alisando seu pelo bem escovado.

The Arcrux - A Saga (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora