Capítulo 19

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Depois de treinar por conta própria, voltei para o meu quarto onde Sarah levou uma bandeija de prata que continha o almoço. Acho que signifava algum tipo de oferta de paz para nós duas. 

Não queria ficar zangada com ela e muito menos que ela ficasse zangada comigo, mas o mínimo que eu esperava era um pouco de apoio vindo da minha amiga.

De qualquer maneira, eu não poderia obrigá-la a ficar do meu lado. 

A maioria das pessoas ali não estavam sendo sinceras comigo, talvez Dylan não fosse como eles, era minha única esperança. Eu precisava saber mais sobre os lobos montanheses, quem eram, suas vantagens e desvantagens.

Dylan tinha cento e quarenta e oito anos de idade, com certeza já havia visto de tudo que se poderia encontrar pelo mundo. Tanto como o sobrenatural quanto o humano. 

Segundo ele, depois de sua transformação não se recordava mais de sua vida humana, mas provavelmente já conviveu com eles durante algum momento de sua vida como vampiro.

Após me alimentar voltei para arena e encontrei Louis parado enquanto polia seu machado pacientemente. Quando notou minha presença, o garoto me olhou de cima abaixo e soltou um leve sorriso.

Aquilo era irritante, num instante ele era calmo, pacífico e tranquilo. Já em outro, ele não passava de um completo idiota. Era patético.

Revirei meus olhos e bufei impaciente, fui até a mesa de armas e comecei a observá-las tentando encontrar alguma que me agradasse. Impossível, já que o arco e flecha faziam parte de mim.

Me sentia conectada com eles, adorava a sensação de ver as flechas planando no ar até encontrarem o círculo central do alvo. Satisfatório, eu diria.

- Por onde andou? - perguntou ele enquanto e ainda indecisa, observava as armas.

- Treinando. - comentei sem tirar os olhos da mesa - Diferente de você, que deveria estar me ajudando para enfrentar lobisomens.

Louis se aproximou sentando-se na beirada da mesa e pude sentir seus olhos sobre mim.

- O que fazia com aquele arco? 

Apoiei minhas mãos sobre a mesa colocando o peso do meu corpo sobre ela, respirei fundo e encarei os olhos azuis de Louis.

- Se é tão importante para você, por que estava guardado num local de ferramentas comuns? - arqueei a sobrancelha esquerda e sorri cínica.

O garoto encarou o chão de terra batida parecendo se lembrar de algo. Seu semblante expunha o sentimento de angústia por trás de seu olhar fixo em um ponto.

- Não o coloquei ali. - foi a primeira frase que ele disse - O último desejo de meu pai antes de partir, foi que eu protegesse aquele arco com a minha vida até que.... - o garoto parou de falar enquanto as lágrimas inundaram seus olhos - Perdão, eu tenho que ir.

Ele se levantou da mesa e começou a andar com rapidez até saída. Esfregou o nariz com uma das mãos e pigarreou na tentativa de esconder o choro.

- Louis.... - balbuciei numa altura que apenas eu pudesse ouvir.

Para variar, eu não havia entendido nada do que ele dissera, apenas que tinha algo a ver com seu pai. Não queria fazê-lo se sentir mal por lembrar de seu pai aparentemente não mais entre os vivos, mas se dizia respeito ao reino, dizia respeito a mim.

Mesmo não sendo propriedade minha, era meu dever ficar informada sobre as coisas que acontecem ao meu redor ou aconteceram se quiser enfrentar os lobisomens que levaram Markab.

Arcos e flechas sempre me deixaram intrigada, mas aquele foi de maior importância. Tive uma forte sensação de poder, condução, determinação, aptidão e.... magia. Era como se ela fluísse pelo arco, principalmente da safira. 

The Arcrux - A Saga (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora