Capítulo 14

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Fui até os alvos para pegar as flechas de volta e assim que guardei a última na aljava me virei vendo Louis se direcionando até onde as armas estavam apoiadas. Ele aparentava escolher uma delas e logo empunhou uma espécie de machado de guerra.

- É só isso? Esse foi o treino? - perguntei olhando para o céu que começava a clarear.

Ele estava de costas mas isso não me impedia de vê-lo admirando o machado de ferro.

- Óbvio que não, estamos só começando. - de maneira estremamente rápida, Louis atirou o machado em minha direção que ficou girando no ar até acertar o muro de pedra.

Fiquei espantada com sua ação repentina e olhei para atrás de mim onde o machado cravou na parede. Meus olhos arregalados focaram em Louis e assim que me aproximei empurrei o garoto fazendo ele quase se desequilibrar de sua postura.

- Qual é o seu problema? - perguntei pausadamente franzindo o cenho.

- Ué, você exibiu suas habilidades e pensei "por que não fazer o mesmo?" - respondeu ele mencionando seu pensamento enquanto sorria de maneira estúpida.

- Ai meu Deus. - fiz cara de surpresa colocando a mão sobre a boca - Você é um otário.

Ele mordeu seu lábio inferior como se estivésse segurando-se para não dizer alguma idiotice.

- Se não quer fazer uso de nossas habilidade, que tal uma luta corpo a corpo? - ele cruzou os braços e fiz o mesmo arqueando a sobrancelha esquerda como se pedisse para que ele continuasse sua proposta - Sem armas, apenas um combate justo.

- Fechado. - concordei estendo a mão e Louis a apertou sinalizando que tínhamos um acordo - Mas quero deixar claro que num combate não se usa apenas os punhos. - falei e ele me encarou confuso - Se usa a mente também.

- Amadora. - seus lábios balbuciaram seguido por um sorriso convencido.

Soltamos nossas mãos e começamos a nos alongar sem tirar os olhos um do outro, ambos desconfiados, ambos cismados e suspeitando um do outro.

Fomos até o centro da arena onde ficamos em posição de luta. Louis ainda sorria convencido de que ganharia porém eu precisava prová-lo, na verdade, provar o meu valor, provar que eu não era a garotinha inútil que todos ignoravam na aldeia. 

Provar que eu era importante e capaz de encontrar meu irmão caçula. 

Cerrei meus punhos e fui até Louis tentando acertar um soco em seu rosto estranhamente perfeito mas ele acabou se esquivando me fazendo acertar o ar.

Ao contrário de mim, o garoto se agaixou me passando uma rasteira que me fez cair de costas no chão duro. Dei um gemido baixo de dor mas me levantei tentando escondê-la.

Fui até ele novamente tentando acertar outro soco mas falhei quando Louis bloqueou meu punho impedindo que acertasse seu nariz.

Não estava certo, eu estava agindo pela emoção e não pela razão. Estava descontando minha raiva na pessoa errada, eu precisava me concentrar.

Socar a linda maçã do rosto de Louis seria incrivelmente satisfatório, mas não estava ali para machucá-lo e sim para que ele de certa forma me "guiasse" para me ajudar. Ele era o amigo, e não o inimigo.

Louis segurou meu braço e torceu o mesmo colocando atrás das minhas costas logo depois me empurrando para longe. Bati minhas costas no muro sentindo um forte impacto balançar minha caixa toráxica. 

- Que se dane. - resmunguei para mim mesma.

Desta vez, Louis partiu para o ataque e minha única ação foi dar um chute no meio de sua barriga. O garoto colocou a mão sobre o local que eu havia acertado e inevitavelmente sorri de canto com minha pequena vitória, a primeira vez que realmente o acertei desde que começamos a lutar.

The Arcrux - A Saga (LIVRO 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora