Capítulo 06 - Um Prato que se Come Quente

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Por que ela tinha sugerido aquilo?

Sentada em uma das mesas de sua cafeteria favorita, Missy se fez aquela mesma pergunta pela centésima vez naquele final de tarde. Três dias haviam se passado desde a festa fatídica da Sra. Newton e, durante exatos três dias e três noites, ela permanecera trancada em seu apartamento, sem sequer aproximar-se da agência novamente. Tempo o suficiente para que ela confessasse à Megan sua tentativa fracassada de fazer sexo com o ex-namorado e como aquilo a havia afetado mesmo antes de toda aquela sessão de humilhação. Sua irmã - depois de ter xingado todas as gerações existentes, e que ainda iriam existir, da família Newton - havia agendado para que ela começasse uma terapia o mais cedo possível. O que talvez fosse bom, já que, conforme cada segundo de cada dia parecia se arrastar, e cada palavra daquele vídeo se repetia incessantemente em sua mente, a agonia de ver seu próprio reflexo lamentável no espelho parecia nunca abandona-la.

E, mesmo em meio a tudo isso, uma grande parte dela não conseguia parar de pensar em Logan também.

Sobre sua proposta, sobre seu plano, sobre a perspectiva de realmente conseguir fazer Liam e Suzan sentirem pelo menos uma gota do imenso sofrimento no qual ela estivera se afogando...

Missy nunca tinha sequer cogitado se vingar de nada, nem de ninguém, em sua vida inteira, mas, agora... Parecia tão tentador...

E ela não conseguia parar de pensar nele. Seus toques, seus beijos... Como ele dissera que a desejava... A inegável evidência de seu desejo que, por alguns poucos segundos, estivera bem diante dela, esticando-se como se quisesse alcança-la...

E lá estava novamente. Aquela onda quase elétrica que a percorria sempre que Logan voltava para seus pensamentos, acendendo seu corpo como ela nunca pensara ser possível. Com Liam, as coisas eram sempre... Corridas, para dizer o mínimo. Os beijos eram geralmente rápidos, mas, mesmo os longos sempre pareciam molhados demais, quase gosmentos, conforme ele empurrava a língua sem muito cuidado em sua boca. Tinha sido estranho no começo, mas ela se acostumara. Ela tinha beijado dois ou três garotos enquanto estava na faculdade, e cada um deles fora de um jeito diferente, então ela apenas julgara que aquele era o jeito de seu namorado, e se adaptara àquela sensação até não se importar mais com ela.

Por isso, se alguém algum dia tivesse lhe dito que ela poderia sentir com apenas um beijo tudo o que Logan a fizera sentir, ela provavelmente não acreditaria. Contudo, as reações de seu corpo não deixavam margens para dúvidas. Beijar Liam ou qualquer outro homem nunca nem sequer se aproximara minimamente daquela explosão de sensações. Era como se, ao sentir o gosto dos lábios dele, algo adormecido dentro dela tivesse despertado pela primeira vez. E agora ela ansiava o tempo todo por algo que nem sequer sabia o que era.

Mas sabia que estava lá: a excitação, a necessidade...

O desejo.

O mesmo desejo que Liam tanto lhe dissera que ela não possuía, quando a acusara de ser fria, seca, frígida... Agora ela podia senti-lo dentro dela, ardendo por Logan. E, por mais completamente insano que aquilo fosse, - céus, ele era irmão de seu cunhado e, mesmo aposentado, ainda era um modelo famoso; será que ela não estivera simplesmente delirando, quando ele dissera que a queira? – Missy não podia deixar de se perguntar o que aconteceria se ela simplesmente ignorasse tudo aquilo e deixasse que aquelas sensações desaparecessem. Elas seriam despertadas novamente, por outro homem? Ou ela apenas voltaria para sua antiga realidade, insensível a tudo o que era relacionado ao sexo?

E fora todo aquele conjunto de ansiedades, temores e dúvidas que a levara a mandar uma mensagem para Logan na madrugada da noite anterior, propondo um encontro ali, em um ato totalmente impulsivo e impensado. Porém, assim que ela se arrependeu e estava prestes a apagar aquela mensagem fatídica, ele a respondeu imediatamente, confirmando alegremente que iria ao seu encontro. E ali estava ela.

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