Capítulo 7

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Em Our, país vizinho de Líber do Sul, havia um antigo castelo que há pouco havia sido reformado. Em uma de suas salas mais altas, num cômodo formado em sua maioria por paredes brancas, cuja única exceção era uma feita inteiramente de vidro que dava vista à paisagem externa, estava Lian.

O jovem rapaz era governador daquela cidade denominada Lest, estava inquieto em sua cadeira virado para a vista da cidade, enquanto batucava o indicador pensativo. Vez ou outra se voltava à mesa a sua frente a fim de rabiscar algo em seus papéis, ou ler algum documento novo que o tinham entregado.

Todavia seu pensamento flutuava preocupado... Deveria mandar uma patrulha? Se mandasse para onde? Se encontrassem algo o que faria?

Não podia fazer muito dali.

Não nesse momento.

Olhou para o celular pela milésima vez e nenhuma mensagem da guardiã, será que não havia recebido seu recado de algumas horas atrás?

Bom, sem dúvida em breve a noite ia cair e estaria tudo bem, ao menos é o que esperava... O andar dos guardas pelo corredor começavam a deixá-lo tenso. Foi um bater na porta que o tirou de seu transe e o fez guardar o celular apressado, antes mesmo que ele pudesse responder a pessoa já entrava no cômodo, seu andar era calmo e despreocupado, porém sua energia era perigosa, usava uma roupa costumeira de suas caminhadas: uma calça verde musgo larga, presa com um cinto com algumas bainhas e uma regata preta.

- Srta. Castilho, não lembro de ter dito que você podia entrar. - Lian disse com um leve sorriso torto em seu rosto.

- Sr. Becker. - a ironia ao chamar o governador era nítida, mas logo foi deixada de lado - Lian, sabe que não precisa falar assim. Não quero brincar com você hoje. - seu tom era de completo desinteresse.

- O que quer? Veio de uma das suas patrulhas? - perguntou ignorando o comentário.

- Não é da sua conta. - disse com desdém - Bom, hoje é sábado, o último do mês, então pensei se iria querer ver um filme. Sabe que só largo do seu pé nesses eventos. - explicou.

- Acho impressionante você querer manter uma tradição da minha família.

- Posso não gostar de você, mas sua mãe era uma mulher sábia. Enfim quer ou não?

Ele ponderou, faziam isso a cada dois meses, talvez isso relaxasse ele afinal... Apesar que ele tinha uma preocupação ainda quanto a isso:

- Mas nada dos seus joguinhos!

Por mais que ela nunca tivesse feito isso durante as noites de filmes, isso ainda o deixava inquieto. A resposta dela, por outro lado, foi seguida de uma risada divertida:

- Já disse que não vim brincar. Vamos, já escolhi o filme.

Ela seguiu para a porta à esquerda que dava para o quarto do governador, completamente fechado que mais parecia uma prisão, entrar ali o dava calafrios, ainda mais com a pessoa que o acompanhava. Ele não entendia a menina, em uma hora ela dizia o odiar e em outra agia com menos desprezo por ele, todavia como ela havia dito isso só acontecia nesses eventos, como esse que estavam tendo, de resto sua opinião sobre ele era bem clara.

Ele se assustou quando percebeu que ela tirava um notebook de uma bolsa lateral, a qual não havia notado até o momento, junto de alguns salgadinhos, o que fez o rosto dele brilhar em expectativa, que ela logo quebrou:

- Não trouxe café. - ela se virou para ele - Não se esqueça que não faço isso por você.

Ele sorriu, não se importava com isso, também não era o maior fã dela.

- Tanto faz. - disse dando de ombros enquanto se acomodava na cama ao seu lado, entre eles vários salgadinhos abertos e duas garrafas de refrigerante. Enquanto a menina arrumava o filme, ele não pode conter a pergunta que lhe veio e dessa vez esperava ouvir uma resposta - Você estava em patrulha?

Ela se virou séria para ele respirando fundo:

- Sem conversas de negócios na noite do filme. Olha eu tento ao máximo esquecer que você é você nesse dia então cala a boca e assiste! Irritante. Não tenho que dar satisfação nenhuma para você.... - e ela começou a murmurar sobre ele.

Lian compartilhava da opinião da garota, também tentava esquecer suas desavenças quanto a ela, apesar de ainda estranhar ela insistir em fazer sempre essa noite mesmo depois de tudo que aconteceu. Contudo tinham alguns acordos, como, não mencionar os planos deles ou tarefas ligadas a Our, a ideia é que quando fossem assistir ao filme era para relembrar os velhos tempos e manter o costume, mesmo que agora tudo estivesse bem diferente.

No entanto ainda eram jovens, tinham apenas 20 anos, por mais que tudo o que ocorreu os fizeram amadurecer e tomar decisões que pensaram nunca terem que tomar. Nem parecia que os "velhos tempos" tinham sido há tão pouco tempo...


Líber vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora