Ketlyn levou um tempo para pegar no sono, afinal já havia em certa parte tirado um bom cochilo. Nesse tempo que ficou acordada fuçou o quarto o máximo que pode, descobrindo o que exatamente tinha ali, no final até achou o chamado abajur que Philip havia falado, conforme ela girava o botão a luz se intensificava ou diminuía e suas cores também mudavam, o que foi suficiente para prendê-la por muito tempo.
Todavia, o que ela queria mesmo era tomar um banho e trocar de roupa, o que no momento não conseguia fazer ali, nenhum dos dois. Entretanto, ela também se recusava a dormir com aquela roupa suja, cheia de terra, musgo, mato e tantas coisas mais que nem queria pensar.
Pela janela era provável que ninguém a veria, mas por via das dúvidas decidiu fechar a cortina e logo depois trancar a porta. Assim que tirou a roupa deitou apressada na cama, tinha consigo ainda a ideia de que alguém poderia vê-la só de roupa íntima. Todavia, deitar na cama não lhe trouxe o sono, na verdade trouxe apenas mais perguntas ou melhor quase todas as que já tinha: como havia mesmo parado ali? Quem era a entidade na casa de Philip? Essas e tantas outras lhe inundavam a mente.
Ela retirou a pulseira por medo de acabar a ativando durante a noite. Se acomodando na cama, afastou todas as dúvidas que tinha, sentindo o tão esperado sono chegando. Estava prestes a dormir, quando uma dor dilaceradora a atingiu. Começou em sua barriga, contudo logo se alastrou por todo o corpo a fazendo se contrair e tremer de dor, ao mesmo tempo sentia que não conseguia respirar, fazendo os poucos segundos seguintes durarem uma eternidade.
Quando acabou ela mal acreditou, estava ofegante e seu corpo tremia como se tivesse feito um grande esforço. Não parecia que conseguiria se mexer normalmente tão cedo, assim respirou fundo voltando a deitar, esperava não ter outra surpresa dessa no meio da noite, até porque não saberia o que fazer se tivesse.
Na manhã do dia seguinte não havia nenhum sinal da dor, enquanto colocava as roupas Ketlyn se perguntava se deveria ir ao encontro da enfermeira para ser examinada e ter certeza que não era nada, todavia ela dispensou a ideia achando besteira, constatando que havia sido apenas uma dor momentânea, terrivelmente momentânea.
Não fazendo ideia de que horas eram ela foi ver se Philip já estava acordado, mesmo batendo na porta não obteve nenhuma resposta e a abrindo viu que ele não estava lá. Isso foi suficiente para um desespero bater, não conhecia o castelo e não fazia ideia do caminho que tinham feito ontem até os quartos, e se ela ficasse presa ali para sempre sem ter saída? Seu pânico já estava quase estourando quando sentiu uma mão vindo por trás, o que a fez quase bater na pessoa se ela não reconhecesse a voz a tempo.
- A dorminhoca acordou. - comentou Philip - Temos reunião com Marco na hora do almoço, ou seja, temos 2 horas para fazer algo da vida.
Esse "algo da vida" se transformou: no café da manhã de Ketlyn, o tempo que foram avisar Facho que ficariam um pouco mais, todavia era para ele continuar lá, e um certo passeio pelo castelo, o que os possibilitou visualizar com clareza quanto a falta de comunicação os estava prejudicando. Falando com algumas pessoas do castelo, também acabaram conseguindo algumas roupas limpas emprestadas simples e descobriram onde poderiam tomar banho que foi exatamente o que fizeram.
Essas duas horas passaram rápido e Marco os chamou para almoçar em uma das várias salas do local, não era muito grande, mas havia uma mesa no meio onde poderiam se sentar. Sendo assim, depois de montarem seus pratos na cozinha se encaminharam para lá, durante toda a refeição pairou um silêncio, sendo poucas vezes quebrado por comentários sobre a comida.
- Acredito que já podemos começar a falar sobre o real assunto, certo? - falou Marco quando terminou de comer colocando os cotovelos sob a mesa - Philip já deve ter passado a você o que o disse ontem? - a menina assentiu - Ótimo, então deve saber que estamos com um grande problema: há famílias desaparecidas, nenhum contato com as Academias ou qualquer outra parte do reino, acreditamos que seja Our que esteja por trás disso. Já fazem cerca de 3 anos que percebemos que algo estranho começou a acontecer, agora já tomou grandes proporções e não podemos deixar que tome mais ainda. Todavia, o rei e o conselho acham que é besteira preparar o exército, mesmo que os mensageiros e espiões nunca voltem, afinal não temos uma informação concreta, apenas presunções. Espero que essas informações que vocês têm, realmente possam nos ajudar.
Ketlyn estava dividida, não havia muito o que contar para Marco, ele já sabia de praticamente tudo, mais que eles até. Isso a fez ficar um pouco incomodada por não terem como ajudar, se a guardiã sabia que Líber já tinha a maioria das informações porque mandá-los? Parecia ser tortura dar esperança de várias notícias que não existiam, no máximo afirmariam algumas coisas. Mas talvez fosse exatamente disso que precisassem, assim teriam fundamento.
- Talvez não tenhamos tantas informações... - começou Philip - Mas espero que a que temos ajude em algo, além disso saiba que eu quero ajudar.
- Sua ajuda será bem-vinda. - Marco falou com um sorriso largo no rosto, pouco antes de um funcionário se aproximar e cochichar algo em seu ouvido - Infelizmente tenho que me retirar, se importam se conversarmos depois? Apareceu um compromisso de última hora. - eles confirmaram - Ótimo. - respondeu enquanto saia.
Assim que Marco fechou a porta o sorriso sumiu do rosto de Ketlyn, ficando uma expressão de preocupação no lugar, os dois só pensavam no que poderiam dizer a ele ao mesmo tempo que analisavam o que tinham acabado de ouvir. Sendo assim, saíram do local pensativos e seguiram até onde o dragão estava pousado perto das árvores.
- Temos o que dizer. - começou Ketlyn.
- Sim. - afirmou Philip acariciando o dragão - Por exemplo, que foi mesmo Our que está por trás dos ataques as casas.
- E você sabe que metade de Líber também foi tomada, que Carla nos disse. - Ketlyn se aproximava cada vez mais das árvores, sentando aos pés de uma - E que eles tomaram as Academias também... Será que nomes ajudam? Por que Carla tinha falado de alguém não é? Li- alguma coisa...
- Lian. Sim, ela falou, mas não ajuda muito... - seu tom era meio amargo. Contudo logo notou e se voltou desconfiado para ela já sabendo a resposta - Você ouviu minha conversa com Carla?
Todavia já era tarde demais, mesmo olhando ao redor ele não viu nenhum sinal dela, mesmo a chamando várias e várias vezes não obteve nenhuma resposta.
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Voltamos as publicações sem atrasos! rs
Obrigada pela paciência e pela leitura, espero que estejam gostando 🥰
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Líber vol. 1
Fantasia"A garota estava apavorada, apesar das tentativas falhas se empenhava a fim de ajudar o amigo, mantinha vez após vez o esforço para estancar seu sangramento mesmo que sempre fosse inútil. Ela gritava a plenos pulmões, até sua garganta doer, mas ning...