Líber vol. 1

Capítulo 22

Ketlyn não sabia bem quando tinha começado a chorar. Um choro baixo, porém doloroso. As lágrimas que rolavam não davam qualquer sinal de que parariam tão cedo. Na verdade nem ela sabia se queria que elas parassem, havia as prendido por tanto tempo. Quando ela pensava em tudo que aconteceu, o choro se intensificava. Se sentia mal pelo que havia dito, contudo mentiria se falasse que não queria tê-lo feito, ela só não sabia lidar com isso.

Tinha sido tão divertido essa pequena aventura, que interrompê-la a enchia de tristeza. É claro que houve momentos ruins, ao mesmo tempo que houve momentos fantásticos, como o presente de Alice! Só que ela não estava mais aguentando, nem as palavras nem as atitudes de Philip, podia gostar dele, mas isso não a obrigava a aturar as coisas erradas que ele fez.

Enfim, eles não se veriam mais, talvez ele a esquecesse rapidamente já que ela era apenas uma colega para ele, ainda assim isso entristecia Ketlyn esse não tinha sido o tipo de despedida que ela havia planejado, ainda mais sendo a última vez que veria a pessoa na vida.

O mapa mostrou o caminho até a casa do menino, não era um caminho simples e as trilhas não eram espaçosas, na verdade Ketlyn passava com dificuldade por elas. Ainda assim, conseguiu chegar ainda pela manhã na casa do garoto, pouco antes da hora do almoço.

Com certeza, se Ketlyn não estivesse com o mapa, nunca diria que aquela era a casa de Philip. Por tudo que ouviu ela deveria estar destruída e não era isso que ela estava vendo bem a sua frente. A casa que ela avistava estava perfeita, senão por alguns desgastes causados pelo tempo, porém nada mais. Ela era feita de madeira, parecendo que um tronco estava colocado sob o outro, havia uma chaminé no telhado, as cortinas estavam fechadas, porém as janelas estavam abertas fazendo o ar entrar, aquela era exatamente a mesma casa que ela havia visto no retrato na casa de Caio.

A menina saiu no quintal de trás da casa, tendo que dar a volta para poder adentrar e quando entrou ela teve certeza: aquilo não era uma casa abandonada.

Por dentro a casa era ainda mais linda, as paredes eram lisas de um tom marrom claro e tudo estava organizado e limpo. A porta abria para a sala, a frente havia um corredor que levava para outros cômodos, e ao lado uma entrada para a cozinha que não possuía porta. Para algo que insinuaram estar destruído aquela casa estava ótima.

Entretanto, parecia vazia. Ninguém respondeu quando ela entrou e muito menos havia alguém à vista.

Apesar do desconforto em seu estômago pela sensação de estar sendo observada, o qual a levou a cogitar a ideia de fantasmas existirem nesse mundo, ela optou por ignorar enquanto seguia para explorar a antiga casa do menino.

Ela começou pela cozinha onde teve outra surpresa: os armários e a geladeira estavam repletos de comidas não perecíveis, não possuindo uma aparência velha.

Seguiu pelo corredor tendo a impressão de ouvir algum ruído vindo de trás, porém quando olhou não viu nada então ignorou e foi ver os três cômodos que restavam: o primeiro era um quarto de casal, o segundo um quarto infantil com um beliche e o terceiro estava trancado. O que foi uma grande decepção para a garota, era provável que o portal estivesse lá, já que nenhum outro cômodo possuía algo parecido com o que viu na casa de Caio. Ketlyn forçou um pouco a porta, olhou por baixo e tentou abrir de várias maneiras falhando em todas, decidindo por fim dar início a um longo processo de busca pela chave do local.

Ela estava deitada no chão da sala procurando perto do rack, quando conseguiu ouvir algo: era baixo e quase inaudível, entretanto quando se repetiu pouco depois teve certeza: era uma risada!

Ela se levantou com pressa batendo a cabeça no rack, o que aumentou a risada, inclusive seu volume que era impossível ignorar.

- Tá certo. - disse zangada - Quem está aí?