Capítulo 11

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Não havia se passado muito tempo desde que voltaram a rota e Philip só piorava, a todo momento ele tinha algum sintoma: uma tremedeira, uma tosse ou até um espirro de fogo. Ketlyn não deixava isso passar e ainda não conseguia criar uma conexão entre as coisas. Ela queria perguntar sobre, tentar achar uma forma de o ajudar, todavia cada hora que ia abrir a boca ele já lhe lançava um olhar firme que deixava claro que não queria nenhuma interrogação, isso só a fazia se sentir mais aborrecida.

Pelo menos era assim que ia até ele cair voltando a tossir, só que dessa vez ele pode ver um líquido escuro sair junto em suas mãos, que ele tratou de fechar quando a menina se aproximou.

- Philip! - seu tom era de completa preocupação - Você não está bem!

- Claro que estou! Talvez só um pouco mole e... - lá vinham mais tosses acompanhadas do mesmo líquido que ele fez questão de esconder dela.

- É uma doença? Um virús? O que é isso? - ela pôs uma das mãos no ombro do rapaz - Tem a ver com aquele bicho, né?

- Talvez. É... Um veneno que eles têm, mas não é nada demais. Já podemos continuar. - disse tentando se levantar com dificuldade, a menina o pressionando contra o chão.

- Isso tem cura, não tem? Deve ter uma... - e ela viu um rápido vislumbre no olhar dele - E você sabe disso! Você sabe onde tem!

- Não seja boba. - disse tentando se desvencilhar dela - Temos que continuar, isso não importa agora.

- Claro que importa! - ela o puxava com mais força - Não podemos ficar assim, você não pode continuar assim...

- Já disse que não importa! Agora me solta! - ele puxou com força - Me solta!

Uma pequena explosão saiu dele, todavia a menina havia o soltado a tempo e se distanciado do fogo que ele criou em volta de si. Quando tudo isso se apagou o menino voltou a cair cansado e ela se aproximou.

- Ok., assim definitivamente não dá. Vamos até esse lugar que tem a cura, pode ser? - ela tentou manter o tom mais calmo que podia, sua mão ardia um pouco, por mais que não tivesse a queimado.

Philip pensou um pouco, por mais que quisesse mandar a menina embora o quanto antes, sabia que estava piorando rápido, sendo assim não lhe sobrava muitas escolhas:

- Pode ser, talvez tenha numa daquelas lojas que te falei, tem uma aqui perto. Não vamos nos atrasar muito.

- Ótimo, pode ser então.

***

O caminho restante foi mais calmo, tendo que fazer apenas uma única grande mudança da rota original: atravessar o rio por meio de um tronco que formava uma espécie de ponte, o que rendeu momentos hilários já que o tronco cheio de musgo fazia Ketlyn escorregar tanto que até Philip não conseguia conter o riso. Pelo menos isso pareceu melhorar seu ânimo, o que a fez não ficar tão irritada assim pelas brincadeiras que vieram a seguir, ainda mais quando ela abraçou o chão.

Mesmo assim o menino ficou um bom tempo analisando o tronco e o musgo em volta dele, quando a menina indagou o motivo obteve uma resposta direta:

- Pegadas, na nossa direção. - ele reparou no olhar inquieto dela - Não se preocupe. Não deve ser nada demais, deve fazer algum tempo e devem estar indo para alguma dessas lojas ou até outro local por aqui.

A menina assentiu aliviada, afinal deveria fazer sentido o que ele disse. Porém o menino não compartilhava do mesmo sentimento, algo o preocupava e tinha um mau pressentimento sobre as marcas no musgo.

Líber vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora