Capítulo 16

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Ketlyn definitivamente não gostava de Carla!

Por todo o caminho eram só aqueles dois! Falavam sobre coisas aleatórias, apontavam para algo e conversavam sobre uma lembrança. Ou seja, tudo que Ketlyn não sabia, o que a deixava perdida, e quando queria tentar entrar na conversa não tinha nem chance. Ela sabia como Philip se sentia nas rodas de conversa agora...

- Carla. - chamou Philip pensativo cortando o clima da conversa animada que vinham tendo - Você disse que conseguiu fugir da minha casa, não é?

Ela o fitou por um momento, os olhos do menino presos na jóia roxa que ela havia lhe devolvido.

- De certo modo... - logo o olhar de Philip a fez entender o motivo e relaxar - Sua casa?

Ele assentiu. Carla o observou, virou para Ketlyn a analisando e voltou para ele novamente:

- Está... Como dizer? Bem bagunçada, estava quase destruída da última vez que a vi. Vocês terão um grande problema quando chegarem lá.

- Faz sentido. - comentou tenso.

Carla ficou o observando por um tempo e apressou o passo, ficando mais à frente sem sequer olhar para trás. Philip pouco depois imitou seu movimento.

- Quer que eu te conte as coisas agora? - ela indagou baixo, quase como um sussurro, ainda olhando para frente.

- Não. - Philip mirou Ketlyn de soslaio rapidamente.

- Não quer que sua amiga saiba. - respondeu percebendo o ato do menino.

- Conhecida. - frisou sério, atitude que provocou um ataque de risos em Carla.

- Claro. Claro. - disse com desdém, tentando evitar rir ainda mais - Não quer que ela saiba.

- Não de tudo. Ela vai querer saber demais, fazer perguntas e isso é cansativo. - respondeu arredio.

O que fez Carla rir um pouco mais, todavia antes que ele ou ela pudesse falar qualquer coisa puderam ouvir um farfalhar entre os arbustos, Ketlyn também notando a presença a mais se aproximou deles.

Philip lançou um olhar de advertência para Carla só conseguindo pensar em uma coisa: "Foram as risadas dela!". A garota por outro lado o ignorou, já estava acostumada a andar sem se preocupar pela floresta, o que quer que estivesse ali só seria um atraso do seu ponto de vista.

- Só espero que não seja outro amigo. - murmurou Ketlyn.

Philip revirou os olhos ao ouvir o comentário, mas escolhendo dar certa atenção respondeu no mesmo tom que a menina:

- Com certeza não. - ele a fitou por um tempo, de modo que alguém poderia achar ameaçador, contudo Ketlyn não estava com paciência e manteve seu olhar, até ele evitá-lo voltando para frente.

A atenção deles foi chamada de volta, quando a mata começou a se mexer com mais frequência e o som ficou mais próximo. Estavam prontos para correr quando um drako, maior que os anteriores, apareceu à frente deles.

- Talvez não seja uma boa hora, - comentou Philip indo devagar para trás - mas só para avisar: estou sem fogo.

- Água não vai adiantar. Espera! - gritou Carla se voltando para ele espantada - Como assim sem fogo?!

- Precisamos de um plano! - falou o menino a ignorando.

O bicho avançava contra eles, rosnando e com uma saliva sedenta escorrendo entre os dentes, os olhos brilhavam embora não transmitisse nenhuma emoção. Quando o animal estava perto o suficiente, algo prateado com alguns feixes dourados passou zumbindo entre Carla e Philip, uma espécie de adaga que acertou em cheio uma das patas do animal, o fazendo urrar de dor, outra adaga passou entre eles e acertou a outra pata, gerando assim outro urro. Os dois se viraram para Ketlyn esperando uma explicação que não obtiveram:

Líber vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora