Capítulo 40

3 3 0
                                    

Philip e Ketlyn não faziam ideia do por que de terem sido chamados, nem do por que de se encontrarem à frente de todas aquelas pessoas irritadas agora, na verdade deveria haver uma ou outra que estivesse tranquila.

- Nos foi relatado as informações que vocês contaram. - começou o rei - E analisamos com grande atenção, todavia não chegamos a um consenso que isso possa de fato ser verdade. Logo queremos provas. - ele não parecia convencido.

Ketlyn ficou desorientada já que não tinham nenhuma prova e como poderiam ter? Isso parecia um tanto surreal. Passou pela sua cabeça que essa estranheza que sentia agora pelo rei era apenas porque nunca havia visto algo do tipo, afinal olhando para Philip de soslaio notou que este parecia sereno, apenas analisando a situação, porém foi o suficiente para ela tirar de sua mente essas coisas e a impressão de ter ouvido um barulho de deboche vindo da direção do garoto.

- Ketlyn, certo? - indagou a guardiã, que estava irritada mas não com os dois. Contudo eles sabiam alguns dos motivos para o atual temperamento de Trixy, afinal pelo que escutaram pareceu que houve uma série de provocações cobertas, até brigas diretas entre a guardiã e aquelas pessoas. Ketlyn assentiu - Tudo bem para você tomar uma poção da verdade?

A garota olhou em volta receosa, engoliu em seco por medo do que aquilo podia significar ou fazê-la dizer, como funcionava e se faria algum mal. Por fim aceitou.

Trixy fez um frasco médio aparecer em sua mão, o líquido por dentro colorido e grosso. Logo a guardiã entregou a menina, que tentou beber o mais rápido possível com o fim de não sentir, entretanto não teve como não sentir.

Assim que terminou de tomar Ketlyn deixou o frasco cair enquanto tossia, o gosto não era dos melhores e a bebida parecia entalar, mas pior que isso: ela queimava. Junto de um lapso de dor que a fazia se contrair por completo. Sem dúvida a cor bonita da poção não melhorava em nada, principalmente seu gosto.

- Ketlyn, - começou Trixy firme - As informações que tivemos sobre seu desaparecimento, que na verdade foi um sequestro, as informações táticas, são verdadeiras?

- Sim. - Ketlyn tampou a boca de imediato pasma, a palavra saltou de sua boca sem nem sequer pensar.

Um pavor começou a crescer em seu estômago: O que mais ela podia soltar sem pensar? E se falasse sobre o ruivo o chamando de Douglas? Se falasse que ele não tentou matá-la? Mas na verdade pareceu ajudar por algum motivo desconhecido a ela? Se falasse que o garoto só podia ser a voz na casa de Philip? E se ela falasse que ouviu apenas uma voz na casa de Philip?

- Isso foi genérico demais, - falou uma mulher de voz aguda, interrompendo os pensamentos bagunçados da menina - Há outras coisas que queremos saber. Talvez confirmar alguns boatos? O que acha guardiã? - ela estava visivelmente a provocando.

- Perguntem o que quiserem, já fiz minha parte. Todavia, acredito que não devemos nos prender a meros boatos e sim focar no que está de fato acontecendo: vocês estão sendo invadidos há um bom tempo e eu já havia lhes alertado.

Apesar do tom sério da guardiã, poucos foram os que se atentaram à importância do que ela falava, seguido de uma série de murmúrios que pareciam zombar dela. Por fim, acabaram fazendo mais algumas perguntas a Ketlyn, por exemplo, sobre a tal lista e o nome de alguém importante lá, quando a resposta não saltou de sua boca a menina ficou confusa. Já esperava soltar todos os nomes ouvidos inclusive Yoki, todavia bastou olhar para a guardiã que lhe deu um sinal discreto de que sabia o que estava acontecendo, no entanto era para ela continuar a agir como se estivesse sob efeito da poção, obviamente a menina iria querer uma explicação depois.

Philip também teve que responder algumas perguntas, mas uma quantia bem menor do que as de Ketlyn e sem o uso da poção, que chegou a ser ponderada até ser feita pela guardiã que entregou-lhe, contudo como de sua parte as informações pareciam mais antigas e ao ver deles não tão úteis quanto o novo relato de Ketlyn acabaram por achar a poção desnecessária. Infelizmente o menino estava para devolver a poção quando deixou cair o frasco, logo o catando e retornando a guardiã.

- Perfeito! - bradou o rei perto do fim da reunião - Então todos concordamos que estamos em uma situação complicada. Sendo assim temos que agir rápido. - imediatamente todos na sala concordaram, depois de toda a discussão isso não podia estar mais claro - Tenho certeza que logo teremos nossas terras novamente. Assim como os prisioneiros, - acrescentou sutil - que são nossa prioridade.

- Acredito que Marco já tenha relatado ao senhor também minha vontade de ajudá-los - falou Philip - E creio que tenho como fazê-lo, principalmente com meu dragão.

O rei ponderou rapidamente sobre a oferta do rapaz:

- De fato será de grande ajuda um apoio aéreo. Pode ir conosco.

Philip não escondeu o pequeno sorriso de satisfação por ter conseguido o que queria, até que a grande pergunta que todos aguardavam foi feita por Marco:

- Quando será o ataque?

- Em dois dias. - respondeu o rei resoluto.

- O QUE?! - gritaram Trixy e Philip quase em uníssono pasmos pelo que tinham acabado de ouvir. Ketlyn podia apostar que eles iam pular em cima da mesa, pelo menos era numa posição assim que se encontravam.

Ambos trocaram um olhar analítico veloz, como se perguntassem o porquê da reação do outro, mas por hora pareceram ignorar essa questão.

- Isso não é apressado demais? - indagou a guardiã.

- Claro que não. Chamem e avisem já os soldados, discutiremos os detalhes mais tarde. - o tom do rei era inflexível e mostrava que já estava tudo decidido.

Líber vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora