Três

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Pov's Shivani:

Três dias de volta a LA, três dias trancafiada dentro de casa junto com meu pai.

Hina tenta me tirar daqui, assim como os outros. Mas eu simplesmente não quero, só quero assimilar tudo isso direito.

O que mais me dói é o pensamento que eu tive durante todos esses meses. Eu sempre quis voltar, mas não por saudade da minha família, e sim por ele.

Isso me machuca demais!

Eu sei que o que eu fiz foi algo sem noção. Mas eu achei que doeria menos, achei que ir embora sem ao menos se despedir seria mais fácil de curar o coração embaraçado que eu estava. Eu só pensei em mim, apenas em mim...

- Filha, seu avó perguntou se você pode ajudá-lo no Grill essa semana? - A voz de meu pai me tira do transe que eu estava - Sabe, sua vô está bem mal ainda.

Estávamos almoçando. Meu pai tem vindo para casa no horário do almoço ficar comigo. Porque no resto do tempo eu fico sozinha, já que as aulas pra mim voltam apenas na próxima semana.

- Hum... Ok. - Respondi.

Grill é um pequeno restaurante de meus avós, aqui no bairro próximo a escola.

- Mas se não quiser, me avisa. - Continuou - Eu só te ofereci porque acho que deve fazer alguma coisa pra ocupar a mente.

- Eu quero. Parece bom passar um tempo com o vovó depois de tempo. - Sorri para ele. - Acho que vai ser legal.

Meu pai sempre tá tentando algo pra me ajudar. Eu sou grata a ele por isso, tá me tirando um peso enorme.

- Hoje eu vou tentar ir a praçinha, pra sair um pouco de casa. - O informei.

- Ta bem, mas sozinha? - Assenti - Não quer que eu chame Hina ou krystian pra te acompanhar? Eles moram aqui do lado, eu posso ir conversar com eles.

- Tá tudo bem pai. - Soltei uma risada baixa - Eu não vou fugir. Te juro!

Ficamos conversando por bastante tempo até que ele precisou voltar ao trabalho.

Devido aos dias que meu pai passou cuidando da mamãe no hospital, ele precisa pagar horários no escritório. Sendo assim, até as nove da noite eu fico sozinha em casa. Mas até que eu tô bem! Vamos supor que eu já estou aceitando a ausência de minha mãe na casa, na minha cabeça ela só fez uma viagem longa.

Passei o restante do tempo pensando, igual como todos os outros dias que estou aqui. Não quero companhia de Hina ou de qualquer outra pessoa. Com eles por perto eu me sentiria bem pior.

Eu odeio me sentir vulnerável a sentimentos tristes!

No fim da tarde eu fiz o que tinha dito ao meu pai. Tomei um banho e tirei o moletom que já fazia parte de mim. O tempo no início do ano em Los Angeles é frio, então uma calça, uma camiseta estava de bom tamanho pra quem estava saindo pela primeira vez e sozinha.

A praçinha não ficava longe. Na real era bem perto da minha casa, uns dez minutos de caminhada.

Quando cheguei me sentei próximo ao lago e fiquei admirando os patos na água, brincarem um com outros e pensando "Que merda eu tô fazendo aqui?"

E fiquei assim pelos próximos vinte a trinta minutos constantes. Até que senti um cheiro conhecido por mim em qualquer lugar do mundo, e o lugar que estava vago ao meu lado ser completado por um corpo. Um corpo que eu conhecia tão bem quanto seu cheiro.

- Eu tentei passar direto, mas meus pés me trouxeram até aqui. - Comentou assim que fitou o lugar que eu olhava também.

Não é preciso olha-lo pra saber que estava vindo da academia. Bailey é fascinado por isso desde que me conheço por gente.

- Bom, trouxeram para o lugar errado. - O respondi de forma seca.

Eu nem sei o que ele está fazendo aqui. O modo frio como me tratou no primeiro contato que tivemos foi... Sem palavras. Mas na real? Eu mereci.

- Eu sinto muito por Radha... - Ele continuou ali.

- Por favor, eu não aguento mais ouvir isso. - Fui sincera.

As Frases "Sinto muito" ou "Vai ficar tudo bem" se tornarem o meu pódio de ódio supremo.

- Então... Me desculpa pelas palavras erradas que usei com você naquele dia.

Ah Deus ele não iria desistir? Ir embora? Me deixar sozinha?

- Tudo bem, Bailey. Eu mereci.

Ele pareceu se espantar com a minha resposta. Me fazendo olhar finalmente para ele que já fazia o mesmo comigo.

- O jeito que eu fui embora, foi completamente egoísta. - continuei - Eu só pensei no que era melhor pra mim, achando que também seria pra você.

- Não fala desse jeito, faz parecer que você é um monstro. - o jeito que ele falou me fez rir por um breve momento. - Olha só, consegui te arracar um sorrisinho. - Apontou para mim - Isso é bom?

Assenti com a cabeça. Realmente fazia um bom tempo que eu não soltava uma gargalhada sincera.

Vendo que ficou um silêncio estranho logo depois disso. O mesmo solicitou algo...

- Que tal ficarmos de bem? - O olhei novamente sem entender- Tipo, sem tocar no assunto do passado. Aliás, é passado!

Ah sim, claro. Apenas Passado.

- Temos o mesmo grupo de amigos e vamos conviver bastante juntos. Sem contar que ainda fazemos aulas e será estranho ficar sem nos falar. Não acha?

- Com certeza seria estranho! - Exclamei.

- Então... Amigos? - Questionou.

- É... Amigos! - confirmei.

- Eu te daria um abraço, mas eu estou completamente suado e sei o quanto você odeia isso. - Ele riu - Então por isso eu vou te esticar a minha mão e espero que você devolva.

Soltei um risada involuntária, erguendo o meu olhar para frente. Vendo uma certa pessoa nos olhando!

Era Lívia. Eu ainda não sei quem é ela exatamente ou como entrou no nosso grupinho de amigos. Mas o jeito que ela me olha nesse momento me dá arrepios de medo.

- Eu até pegaria e firmaria um acordo se não existisse uma pessoa nos olhando com ódio. - Respondi de forma simples.

- Pessoa? Quem? - Ele parecia tão confuso quanto eu.

- Lívia, eu acho. - Ergui minha cabeça novamente.

Apontei para ela que estava do outro lado. Bailey pareceu se assustar com isso, e eu continuo sem entender. Pelo que Vanessa contou naquele dia ela era amiga dele.

Então, porque tanto ódio no olhar?

- Ah droga! - murmurou levantando rapidamente - Eu preciso ir. - bateu a palma das mãos limpando-as - Você vai ficar bem?

- Ah sim, claro.

- Tudo bem, te vejo por aí. - disse por fim saindo dali, correndo.

O acompanhei com o olhar, o vendo se aproximar de Lívia do outro lado do lago.

Foi estranho!

Bailey nunca me deixou sozinha em nenhum momento, mesmo quando brigavamos ele sempre ficava lá esperando que eu esfriasse a cabeça, para ouvi-lo e nos desculpar.

Mas logo toda a dúvida foi esclarecida quando o vi beija-la... Ali notei que, Lívia não era apenas uma amiga!

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Comeback - Shivley Maliwal.Onde histórias criam vida. Descubra agora