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Mas eu me recuso a deixar você me fazer senti

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Mas eu me recuso a deixar você me fazer senti

Como se eu não pudesse voar

Eu não irei só subir novamente

Eu vou ser a porra do céu

Middle Finger - Bohnes



A pior tempestade do ano começou um pouco depois do avião aterrissar. O céu escuro, o barulho constante dos trovões e a chuva gelada e forte eram exatamente o tipo de recepção que eu esperava receber ao colocar os pés aqui. Era como se o universo estivesse me enviando um sinal do que eu deveria esperar daqui para frente.

Cada passo para fora do aeroporto era um passo em direção ao inferno. Eu já deveria estar acostumada, mas a verdade é que a gente nunca se acostuma com a dor. Ou a ter raiva o tempo todo, se você quer saber.

Voltar para esse lugar trazia à tona um milhão de sentimentos e lembranças. Trazia para a superfície coisas que eu tentava muito esquecer. Estar aqui era um lembrete constante de que nossas escolhas ruins nunca ficavam escondidas debaixo do tapete por muito tempo.

Estar de volta a Freeport depois de quase dois anos era como a porcaria de um tapa na cara. Eu tinha a sensação de ter saído do purgatório só para dar de cara com a porcaria do Caronte pronto para me levar para o submundo, onde Hades deveria estar me esperando com um coquetel molotov em mãos.

Morar com Adrian estava longe de ser a pior coisa que poderia ter acontecido comigo e eu sabia muito bem disso. Meu tutor não era uma pessoa ruim, apesar de estar longe do que eu consideraria ser um santo. O problema eram os três cavaleiros do apocalipse que ele chamava carinhosamente de filhos.

Tentei não me estressar quando percebi que ninguém viria me buscar, mas falhei miseravelmente. Olhei para o celular pela enésima vez, esperando encontrar uma mensagem do tipo "perdemos a hora, mas já estamos chegando", só que eu continuava encontrando a caixa de mensagens vazia.

Eu não deveria estar surpresa, não era como se alguém estivesse feliz com aquela pequena armadilha do destino. Só que meu lado emotivo fez questão de esperar pelo menos uma carona. Mas é claro que os palhaços não se deram nem ao trabalho de me buscar no aeroporto. Era pedir muito um pouco de consideração da parte deles.

Na verdade, apesar dos três garotos serem tempestuosos, eu sabia muito bem que somente um deles gostava de me sacanear. Os outros dois eram apenas moles demais para tomar as rédeas.

Engoli todos os palavrões que queria cuspir e entrei no primeiro táxi que apareceu. Passei uma hora e meia tentando não me estressar com o trânsito infernal e me obriguei a prestar atenção apenas às músicas que tocavam em meu fone de ouvido.

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