1- Sem distrações

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Flashback on.

10 anos atrás.

Era a oitava vez que Kiara tentava aquele salto, e era a oitava vez que ela caia.

Sua mãe fazia parecer tão fácil. Kiara adorava vê-la patinar, era como se ela voasse sobre o gelo. A pequena Carrera já sabia que queria ser igualzinha a ela, afinal, nada é impossível, não quando se tem 8 anos.

- Eu não consigo, mãe. - Ela choraminga, enquanto se levantava.

- Não diga isso, querida. - Anna se aproxima, abaixando para verificar se a filha não tinha nenhum machucado. - Sabe quantas vezes eu caí tentando fazer esse salto?

- Aposto que nenhuma. - Kiara responde, vendo a mãe tirar as raspas de gelo de sua roupa.

- Na verdade, foram muitas. - Ela se levanta. - Mas sabe o que Johnny sempre me dizia?

Kiara balança a cabeça negativamente, e Anna sorri.

- Ele dizia que "estrelas de verdade desafiam a escuridão." - Ela sorri, ajeitando o cachecol em volta do seu pescoço. - Continue tentando, querida. Você consegue.

Flashback off.

                              Kiara
Agosto.

Ás vezes eu achava que o mar e o sol eram o meu lugar, meu porto seguro, onde os problemas não existiam e tudo se resumia em aproveitar as ondas.

Mas então, eu me lembrava do frio, e da sensação da lâmina cortando o gelo, quando o resto do mundo deixava de existir, e a única coisa que importava era sentir a adrenalina rasgando as minhas veias.

É.

Esse definitivamente era o meu lugar.

- Já cansou de levar uma surra na água, Pink? - Eu pergunto para o meu melhor amigo, enquanto saíamos do mar.

- Muito engraçada, Cérebro, mas aquilo foi sorte. - Jonh B diz bagunçando o cabelo para tirar o excesso de água. - Pronta pra voltar a realidade?

- Eu nasci pronta. - Eu murmuro um pouco ansiosa por dentro.

Jonh B ri.

- Yale é dureza... - Ele tenta me assustar.

- Você vai estar lá comigo. - Eu empurro de leve seu ombro e ele ri.

Era o fim do verão, e por mais que eu quisesse passar o resto do ano surfando em Bahamas, eu tinha um sonho para realizar.

Acho que desde pequena eu sabia o que queria fazer e para onde eu queria ir, não que tenha sido uma surpresa para a maioria das pessoas, afinal eu sou uma Carrera, mas o que eu queria era muito além disso.

Meus pais se conheceram em Yale, quando tinham mais ou menos minha idade. Meu pai é Mike Carrera, jogador de hóquei dos Rangers, e a minha mãe é Anna Carrera, patinadora artística. Ambos são aposentados, mas eu posso garantir que ainda fazem estrago no gelo.

Meu pai é canadense, e a minha mãe é mexicana, mas eu nasci e cresci em New York. Meus pais me ensinaram tudo o que eu sei. Desde a leveza da patinação artística, até a destreza e a velocidade do hóquei.

Ninguém nunca me perguntou o porquê da patinação. As pessoas apenas esperavam que acontecesse, que eu nasci na família certa, que eu não precisei me esforçar.

Era mais fácil pensar assim do que admitir que talvez eu tenha problemas também. Mas vou fazer o que for preciso, não importa o que seja.

[...]

Whatever It Takes - JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora