Whatever It Takes - Jiara

9- Pra todos os efeitos, sim

                                JJ

Domingo.

Eu não tinha nada contra beijos. Adorava beijar. Quem não adora? Pesquisas apontam que beijar aumenta a expectativa de vida, além de liberar uma quantidade astronômica de serotonina no organismo.

Uma maravilha, certo?

Errado.

Nenhuma dessas pesquisas idiotas falou nada sobre os perigos de um beijo. Eu não me refiro a herpes, ou resfriados. Isso é o de menos. Nenhum cientista avaliou os danos psicológicos de nível catastrófico que uma simples troca de saliva pode causar.

Kiara Carrera acabou de estragar qualquer experiência de beijo para mim.

Menos de 24 horas depois, do que eu apelidei de "castigo divino", eu simplesmente não consigo beijar ninguém.

Como eu sei disso?

A loira peituda que eu estou agarrando na escada de incêndio, cujo o nome eu não faço a menor ideia, é a quinta, em um intervalo de 2 horas, onde procurei desesperadamente por qualquer boca, tentando descobrir o que tinha de errado comigo.

Depois de ontem, absolutamente nenhum beijo encaixava. Era como se a minha língua estivesse esperando por algo, e esse algo nunca chegasse. Eu sabia o que era, mas nem sob ameaça de morte eu admitiria.

Nós nos beijamos apenas uma vez. Tudo bem, durou um pouco mais do que eu estava acostumado, mas foi só isso. Um beijo. E aparentemente foi o suficiente para meu subconsciente.

Era como ser completamente desconfigurado. Ainda não descobri se isso é apenas alucinação, ou se eu realmente havia desaprendido a beijar. A única coisa que eu sabia, era que isso tudo era uma merda.

- Mas o que é que tem de errado comigo? - Esbravejo desgrudando os lábios dos da garota na minha frente.

- Qual o problema? - Ela me encara confusa.

Ok. Hora do teste final.

- Como foi esse beijo? - Pergunto com o tom mais sério que posso, e a interrogação na expressão da loira me diz que eu finalmente fiquei louco.

- O quê?

- Você sabe, o beijo que acabamos de ter, como foi pra você? - Volto a perguntar.

- Ah, foi ótimo. - Ela sorri maliciosa.

Ótimo.

Ela disse que foi ótimo.

Estava contente por não ter perdido minhas habilidades, porém aquilo significava que as experiências de beijos desastrosos estavam sendo uma merda apenas para mim.

- Nós vamos transar? - Ela questiona depois de um tempo em silêncio.

Dá licença, eu estou no meio de uma crise existencial aqui.

- Não vai dar, eu tenho treino. - Minto soltando um suspiro, e me distanciando.

Isso não está acontecendo. Eu apenas bebi demais na festa, e agora minha língua deve estar dormente.

Ou...

Eu beijei uma garota ontem, foi bom pra cacete, agora eu quero de novo, e toda essa putaria é só o meu cérebro tentando me dizer o que quer.

Eu fico com a primeira opção.

Vago até o refeitório frustrado. Devia ser umas 11:00 da manhã. Minha busca começou cedo, depois que Liv me beijou, ou melhor, tentou. Não foi horrível, mas era desengonçado, como se faltasse algo.