10- Acidente

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                               Kiara

Depois da seção de amassos, estrelando JJ Maybank e Kiara Carrera, prometi para mim mesma que seria a última vez. Sexo casual com o colega de república do meu melhor amigo, não era exatamente uma decisão muito inteligente.

JJ e eu brigávamos feito crianças, e só convivíamos à duas semanas. Éramos um desastre, e tenho certeza de que só pioraria caso transássemos. Precisávamos nos suportar, já que tínhamos o mesmo círculo de amigos, e isso dificilmente mudaria.

O que eu tinha que fazer era me concentrar na faculdade e na competição. O universo parecia estar me dando uma nova chance, porém ainda não sabia se era tarde demais. Precisava tentar, mesmo sabendo que as possibilidades eram remotas.

Finalmente entro no carro de Cleo, digitando o endereço no GPS, e torcendo para que ele não me leve até um manicómio abandonado. Dou partida no veículo, seguindo a rota desenhada no visor.

Não saberia dizer se era por causa da mudança de estação, ou um sinal divino, me dizendo que aquilo era uma péssima ideia e que eu deveria voltar, mas assim que deixei Yale, uma chuva forte fechou os céus. 

Talvez eu só estivesse ansiosa pelo que viria, mas de qualquer maneira, aperto a carta em minha mão, a pressionando contra o volante. Afinal não havia motivos para ficar nervosa, certo? Fazia apenas 10 anos.

Continuo dirigindo, até entrar em uma cidade. Não parecia ter muitos habitantes, e nem parecia ser muito grande. Havia algumas casas e lojas, mas nada em sua infraestrutura denunciava que lugar era aquele.

Sou tirada dos meus pensamentos, quando o GPS do carro sinaliza que eu cheguei ao meu destino. Observo o local, procurando algum vestígio de que fosse realmente o lugar certo, porém parecia que eu estava em um centro comercial.

Podia ver algumas lojas, e o que parecia ser um pequeno mercado. Não tinha quase ninguém nas ruas, o que não foi surpresa, já que estava chovendo. Só então me dou conta de onde estou parada.

Estremeço ao ler as letras enormes a cima do galpão.

O letreiro antigo de uma borracharia exibia o nome "Peterson's". Era como ler a manchete dos jornais outra vez, mas sem toda a gloria por trás das palavras. Sem fotos segurando troféus. Sem medalhas. Sem prestigio.

O local estava repleto de peças de carro, e também havia uma caminhonete enferrujada na garagem. Encosto o carro próximo da calçada, antes de respirar fundo e finalmente descer. 

Agora não tem mais volta.

Tinha uma loja ao lado da garagem. Também estava sob o letreiro, então deduzi que também fazia parte da oficina. 

O sino da porta soa, anunciando minha chegada. Aperto um pouco mais a carta em minhas mãos. Eu estava mais nervosa do que achei que estaria, e o nervosismo só aumenta, quando alguém aparece atrás do balcão.

- Desculpe, mas nós já fechamos. - Um homem, de no máximo 26 anos, sai dos fundos da loja.

Ele não me parecia estranho, apesar de não me lembrar do seu nome, podia jurar que já o tinha visto. Ele limpava a graxa das mãos, sem realmente olhar para mim.

- Na verdade, eu... Eu estou procurando uma pessoa. - Gaguejo.

Ele finalmente levanta a cabeça, cruzando o olhar com o meu. 

Nathaniel Peterson.

Um pouco mais velho do que eu me lembrava, mas com certeza era ele. Costumava vê-lo em algumas apresentações da minha mãe, apesar de nunca termos conversado. Ele parecia tão surpreso quanto eu.

Whatever It Takes - JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora