31- Vulnerável

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                             Kiara

Os braços de JJ se apertam ao meu redor, com uma força execiva.

Desperto por um segundo, vendo o quarto ainda escuro. Ouço sua voz, murmurando algo incompreensível, e me viro com cuidado para olhar para seu rosto. Gotas de suor banhavam sua testa e sua expressão estava retorcida em agonia.

Pesadelos.

Toco seu rosto, quente, tirando alguns fios grudados em sua pele. JJ fica agitado e solta um grunhido antes de abrir os olhos, assustado. Suas íris azuis me encaram, confusas, e seus braços me apertam mais uma vez, como se quisesse ter certeza de que era real.

- Tudo bem... - Sussurro, tentando acalmá-lo. - Foi só um pesadelo. Eu também tenho...

Levo uma das mãos até suas costas, fazendo movimentos circulares com os dedos em sua pele, recostando a cabeça na curva do seu pescoço. JJ suspira e eu sinto seus batimentos cardíacos se acalmando aos poucos.

Me lembro dos meus próprios pesadelos, e de como eu sempre me acalmava quando minha mãe fazia o mesmo comigo.

Ouço a respiração de JJ suavizar contra meu ouvido. Um de seus braços se firmam ao meu redor e sua mão afaga meus cachos quando ele respira fundo contra eles.

Meus olhos pesam e aos poucos eu me rendo ao sono, mas antes de finalmente adormecer, sinto JJ se aconchegar contra mim e murmurar:

- Baunilha e canela...

[...]

Desperto com a claridade repentina no ambiente. O calor que me aquecia antes, havia desaparecido e o lado direito da cama agora estava frio e vazio.

Eu não esperava que ele ficasse, não realmente, mas ainda era como um tapa na cara. Como um banho de água fria.

Uma noite.

Foi o que delimitados. Uma única noite, que nunca mais se repetiria.

Não importa o quanto eu quisesse.

Suspiro, me levantando e recolhendo minhas roupas no chão. Sigo em direção ao banheiro, me olhando no espelho e vendo as marcas ainda vermelhas ao longo do meu pescoço e no topo dos meus seios.

Meus ombros relaxam debaixo da água quente quando eu finalmente entro no chuveiro. A estranha senssação de perda toma meu corpo, e minha mente divaga sobre como as coisas seriam de agora em diante.

Procuro algum vestígio de arrependimento em mim mesma, qualquer coisa que justifique o fato de eu estar me sentindo uma grande idiota agora, mas não encontrei. Eu não estava arrependida. Faria tudo de novo se pudesse, mas isso não amenizava a confusão dentro de mim.

Passo o moletom pela cabeça e abro a porta do quarto, quando já estou devidamente vestida. Ouço as vozes de Cleo e Sarah, antes de vê-las atravessando a porta da frente.

- Bom dia, gatinha. - Sarah sorri para mim animada.

- Bom dia. - Respondo forçando meu melhor sorriso.

Cleo para, me analisando dos pés à cabeça, antes de sorrir, macabra como fazia quando usava a mim e a Sarah como plateia para suas audiências falsas, cuja sua principal vítima era a Srta. Smith, o manequim sem cabeça que Cameron usava como modelo de suas roupas.

- Como passou a noite, Kiki? - Ela pergunta quase inocentemente.

- Foi... Normal. - Desconverso. - Por que está me olhando como se eu fosse o Ghostface?

- Por nada. - Ela sorri.

- O que foi que eu perdi? - Sarah soa confusa.

Antes que eu tenha a chance de expressar a minha confusão também, Cleo salta sobre o sofá, correndo loucamente até meu quarto. Sarah e eu nos encaramos, perplexas, enquanto a assistíamos sair do meu quarto.

Whatever It Takes - JiaraOnde histórias criam vida. Descubra agora