[CONCLUÍDA]
Duas vidas, dois destinos, uma escolha.
Ela foi aos céus e ao inferno com ele. Ele encontrou nela algo por lutar.
Katherine, uma adolescente tímida recém chegada à cidade, e Pablo, um garoto de caráter duvidoso e envolvido com o tráfico...
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E foi assim que eu tive a experiência horrível de um estupro. As imagens daquele dia, um dos piores da minha vida, ficaram por muito tempo gravadas em minha memória.
Quando saí da casa de Deco, em torno de uma hora depois que fomos interrompidos, desci em disparada, perguntando por Pablo. O encontrei escorado na moto, com a roupa rasgada e alguns hematomas pelo rosto e braços. Seus olhos se encheram de lágrimas quando me viu e corri até ele, abraçando-o forte.
Pablo me puxou para a garupa da moto, logo depois de ligar o motor. Ganhamos as ruas em disparada, quase derrapando ao entrar nas curvas. De olhos fechados, agarrada às suas costas eu só conseguia reviver o momento horrível pelo qual acabara de passar e no risco que ele correu indo até lá. Eu sabia que tinha estado lá por minha causa, de alguma maneira ele descobriu onde eu estava.
Mas por que me procurar depois de ter o que queria com a Mai? O que ele estava pensando ao me levar para longe dali? Por que queria me proteger?! E pior, o que eu estava fazendo com ele? Por que me preocupei?
"Fique parado bem antes de colidirmos porque nós dois sabemos como isso termina..."
Sem dar uma palavra, Pablo percebeu que eu estava empapando sua blusa com minhas lágrimas. Só abri os olhos quando a moto parou em definitivo e vi que estávamos na porta de sua casa. Ele me ajudou a descer e fugiu o olhar do meu, logo após estudar meu rosto. Entramos em silêncio e, enquanto ele bebia água na cozinha, corri para o banheiro e coloquei pra fora todo o meu café da manhã. O dia tinha sido demais pra mim.
Pablo apareceu na porta do banheiro com um copo d'água e uma toalha. Realmente um banho era tudo o que eu precisava, me sentia suja. Mas suas feridas me inspiravam preocupação, eu queria cuidar dele.
"Porque você é o pedaço de mim que eu gostaria de não precisar..."
- Obrigada - sussurrei, olhando para o chão. - Você precisa de ajuda com os machucados?
Como eu já esperava, ele me deu as costas e não respondeu.
Eu estava miseravelmente melhor depois de esfregar meu corpo inteiro seguidas vezes com sabonete e chorar o equivalente a uma semana inteira. Sem que eu percebesse, Pablo deixou uma muda de roupa sua em cima da pia, para que eu usasse. Estava com cheiro de amaciante e vestígios de seu perfume, então apertei a blusa contra meu rosto, segurando uma nova enxurrada de lágrimas.
"Se o nosso amor é tragédia, por que você é meu remédio? Se o nosso amor é insano, porque é você minha claridade?"
Depois de estar minimamente apresentável, desci as escadas e encontrei-o na cozinha. Estava de costas para a porta, mexendo em algo no fogão que cheirava muito bem. Vi de relance alguns curativos malfeitos em seus braços e no rosto. Seus músculos se resetaram no minuto em que entrei, indicando que estava consciente da minha presença.
