• 32 ~ Por favor, não vá embora

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Na semana seguinte, Pablo havia retornado à escola muito pior do que o havia visto no cemitério

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Na semana seguinte, Pablo havia retornado à escola muito pior do que o havia visto no cemitério. Sumia no recreio e, pelo que Maite me contou, não falava com ninguém de sua turma.

- Quando entreguei minhas anotações, ele nem me olhou, nem agradeceu... nada! Kat, nós precisamos fazer alguma coisa!

- Fazer o que, Mai? – perguntei cabisbaixa. – Ele não deixa ninguém se aproximar, nem eu! – suspirei. – Só espero que ele não faça nenhuma besteira.

- Você acha que ele teria coragem?

- O Pablo que conhecemos, não. Mas esse que está andando por aí, talvez...

- Garotas, vocês sabem o que tá rolando com o Pablo? – Edu perguntou.

- Eu disse que a avó dele morreu semana passada! - Mai revirou os olhos.

- Tá, disso eu tô ligado. Mas ele precisa agir assim? Sei lá, o cara tá ignorando todo mundo desde que voltou pra cá!

- Ei, vamos respeitar, ok? Daqui aos poucos ele volta ao normal... – olhei para Maite.  – Eu espero.

Mas as coisas só foram daí para pior.

Não me recordo exatamente o dia, mas algumas semanas depois dessa loucura toda, eu estava sozinha em casa, ouvindo música alta no quarto e me recuperando de uma "aterrisagem", quando senti um calafrio na espinha.

Não era por causa da droga, foi o mesmo calafrio que senti quando acordei do pesadelo com Pablo no dia em que descobri que a avó dele tinha morrido. Sei que vocês podem não acreditar, nem eu sabia como explicar, mas eu tinha uma espécie de conexão com ele e algo estava errado.

- Atende a merda do telefone! – bradei enquanto andava pelo quarto. – Droga de caixa postal! – joguei o telefone na cama.

Era a terceira vez seguida que ligava para seu celular e nada! Se fosse em dias normais, talvez tentasse ignorar o frio na espinha, mas como ele estava cada vez mais distante, não custava nada contar com o sexto sentido, certo?

Olhei para o telefone jogado na cama, pensando em ligar novamente. Mas e se ele tivesse realmente feito alguma besteira? E se não tivesse em condições de pegar o telefone e pedir ajuda? Ou pior... se ele não quisesse ajuda?

Ah, merda!

Deixei um bilhete para minha mãe e peguei dinheiro no esconderijo dela, no fundo da gaveta, sem ao menos me importar em levar meu celular.

Peguei o primeiro táxi que vi na rua e dei o endereço de Pablo. Quando cheguei, vi o valor no taxímetro e joguei as notas em cima do motorista e, antes que pudesse dizer qualquer coisa, saí do carro aos tropeços, correndo até a porta.

Bati várias vezes e ninguém atendeu, tentei girar a maçaneta e nada. Fui até a parte de trás da casa e tentei avistar algo pela janela da cozinha, mas o ambiente parecia vazio. Apurei os ouvidos e ouvi uma música do andar de cima, da única janela aberta: o quarto de Pablo.

Por Trás dos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora