• 30 ~ Estado preocupante

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Meus saltos faziam tec, tec repetidamente pelo piso de linóleo azul claro da sala de espera

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Meus saltos faziam tec, tec repetidamente pelo piso de linóleo azul claro da sala de espera. Já fazia cerca de meia hora que Pablo e Dona Diva haviam dado entrada na emergência do hospital e até agora nada de notícias. Por incrível que pareça eu também estava preocupada com ele, por mais que soubesse que fisicamente era só um estado de choque, o psicológico de Pablo não ficaria ok até ver a avó bem.

A barreira de aço impenetrável que ele sempre impôs, foi derrubada, e eu precisava ser forte por ele. Estaria ali para ajuda-lo no que fosse.

Liguei para meus pais e expliquei o que aconteceu. Meu pai se sensibilizou com a situação e me deixou ficar no hospital o tempo que fosse necessário. Eu ligaria para ele quando quisesse ir embora.

- Com licença... - me virei e dei de cara com um médico. - Você é da família do rapaz e da senhora que chegaram há pouco?

- Sou amiga da família, vim acompanhando-os. Como estão? – perguntei aflita.

- Muito prazer, sou o doutor Marcelo, estou cuidando de ambos. – estendi uma mão para cumprimenta-lo.

- Prazer, sou Katherine!

- Pois bem Katherine, o rapaz está fisicamente bem, ainda sedado por conta do choque. Depois que acordar, ficará em observação por algumas horas e logo será liberado. Mas a senhora... bom, seu estado é preocupante.

- O que ela tem?

- Ela é avó do rapaz, certo? – assenti. – Tudo começou com um quadro de tuberculose.

Lembrei-me de ter ouvido sobre essa doença em uma das aulas de Biologia, onde o professor abordava o sistema pulmonar. Tentei puxar mais alguns detalhes em minha mente.

- Mas essa doença tem cura, não?

- Sim, há cura. Você sabe se ela tinha conhecimento da doença?

- Eu acho que não. Ela achava que era algum resfriado mal curado, algo do tipo.

- Foi o que imaginei... o bacilo de Koch, que é a bactéria que causa a tuberculose, se aloja nos pulmões e inicia um processo infeccioso. – assenti, incentivando-o a prosseguir. – Como a Diva não fazia tratamento, o quadro da doença foi se agravando e a bactéria acabou chegando à corrente sanguínea, se espalhando pelo corpo.

Engoli a seco, tentando me manter firme para continuar ouvindo.

- Nosso corpo tem células de defesas que tentam combater a infecção, e quando a bactéria se espalha, elas precisam agir em vários locais ao mesmo tempo. Mas a única maneira que essas células defensoras têm de combater as bactérias é através de processos inflamatórios. – prendi a respiração, temendo o pior. - O que está acontecendo nesse momento com ela é um processo simultâneo de inflamações, algo descontrolado em diversos vasos sanguíneos e órgãos diferentes. Essa síndrome é chamada de sepse.

Por Trás dos Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora