Escritor? Faculdade? Ele só pode estar zuando, né?!Pablo era tão convincente em suas mentiras que ás vezes até eu mesma caía nelas. Ao menos essa aparente vontade de escrever livros despertou coisas boas em minha avó e amenizou a impressão que ela começou a formar dele por trabalhar em festas.
Com toda sua simpatia e aquele sorriso maravilhoso que eu adoro, Pablo conseguiu cortar o interrogatório da minha avó sem que ela ao menos notasse. Nos despedimos e abracei forte minha vózinha, agradecendo pela ajuda. Ela nos pediu juízo e deu algumas recomendações para Pablo sobre andar comigo na garupa de uma moto, antes que saíssemos.
- Juro que tenho nada a ver com isso! - desabafei tensa.
- Eu percebi. Relaxa. - onde o Pablo bipolar foi parar?
- Tá tudo bem? Você não ficou puto?
- Eu? Por que deveria? É natural que sua avó queira me conhecer, afinal eu serei o responsável por você chegar em casa em segurança amanhã. - eu apenas concordei e fiquei matutando sobre o porquê daquele bom humor todo.
Ficamos uma grande parte do trajeto em silêncio, perdidos em nossos próprios pensamentos. Pablo correu menos que o normal e até estava respeitando alguns sinais vermelhos. Comecei a estranhar de verdade seu comportamento.
- Você acha que ela gostou de mim? - perguntou curioso.
- Acho que sim. Ultimamente seu bom humor anda se fazendo bem presente...
- Tenho motivos para estar de bom humor.
- Quais? - ele sorriu e não respondeu. Mas apertou minha mão, que estava envolta em sua cintura.
Quando chegamos, comecei a colocar meu plano em ação. Havia pensado nisso a tarde inteira e, graças a uma ajuda financeira da minha avó, consegui comprar tudo o que eu precisava. Agora era só torcer para Pablo colaborar e gostar.
Deixei minha mochila no quarto dele e descemos para ver TV na sala. Usamos um pouco de H e, antes que o filme chegasse na metade, já rolávamos pelo chão da sala, nos beijando. Se de cara já era difícil tirar minhas mãos de cima dele, imagina alta!
Pablo sempre foi mais controlado que eu com a droga e foi só por isso que conseguimos parar. Como sempre, ele me brecou e disse que ia tomar banho para sair. Tentei ir atrás dele, mas nada parecia fazê-lo mudar de ideia.
Sempre dono de si, sempre controlador, sempre me tendo na mão.
Depois de se trancar no banheiro, me joguei em sua cama e notei o travesseiro extra. Abri o maior sorriso do mundo só de pensar que iríamos dormir juntos, pela primeira vez. Tinha sonhado tantas vezes em dormir e acordar com ele e em preparar seu café da manhã...
Estava perdida em pensamentos, abraçada com o travesseiro quando ouvi um bip. Olhei em volta e vi seu celular em cima da escrivaninha, com a tela acesa.
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Por Trás dos Olhos Azuis
Roman d'amour[CONCLUÍDA] Duas vidas, dois destinos, uma escolha. Ela foi aos céus e ao inferno com ele. Ele encontrou nela algo por lutar. Katherine, uma adolescente tímida recém chegada à cidade, e Pablo, um garoto de caráter duvidoso e envolvido com o tráfico...