Me olho no espelho sem acreditar que estou vestida de noiva, a visão da mulher no espelho me dá náusea. Quem diria que eu aguentaria todo esse tempo fingindo para todos que estava feliz, quando na verdade estou prestes a surtar e por essa porra de igreja a baixo?
E dai que os olhos de todos estão voltados para esse momento? Fodam-se eles, e foda-se o fato de acreditarem que não tenho coração. Me recuso a me casar com um babaca de rosto bonito, apenas para pôr fim aos comentários maldosos, nunca liguei para eles, não é agora que vou começar.
Ter um coração frio é uma boa coisa, e só agora estou percebendo isso. Ainda mais quando o bastardo em questão está me ameaçando, usando minha família para me obrigar a casar com ele, só que o imbecil não me conhece o suficiente.
— Algum problema? — Meu pai pergunta, estamos sozinhos na sala da noiva dentro da igreja. — Sabe que se quiser sair daqui escondida vou te ajudar.
Sorrio, o encarando pelo espelho.
Meu pai e eu temos uma relação especial, depois de ele descobrir a meu respeito por acidente em uma viagem, fez de tudo para estar presente na minha vida e da minha mãe, cuidando de nós e sendo um exemplo de homem.
Ele e o resto da minha família são contra esse casamento, entendo o lado deles, mas mesmo com as brigas que tivemos, me mantive firme, querendo pelo menos uma vez tentar sentir algo por alguém, achei que minha atração por Kaleo se tornaria amor, mas eu estava enganada.
Babacas bonitos não passam disso, babacas bonitos que pensam que não são descartáveis, quando na verdade, são como um brinquedo novo, você usa por alguns dias e depois eles perdem seu brilho e são substituídos por outros.
— Não vou sair como uma fugitiva. — Respondo, tirando meu véu e passando por ele. — Kaleo queria uma guerra, e ele conseguiu.
— O que você vai fazer? — Me segue.
— Dar o show que ele queria.
Passo pelos seguranças parados ao lado das portas pesadas da igreja e as empurro, o barulho alto chama a atenção de todos, que olham surpresos com a minha presença. Os músicos começam a tocar a marcha nupcial, mas não conseguem acompanhar na velocidade que ando.
Kaleo me lança um olhar irritado, achando que estou disposta a deliberar mais uma vez sobre as razões para não nos casarmos ou sobre como ele está ameaçando as pessoas que amo.
Tenho pena dele nesse momento, ele não percebeu que estava prestes a se casar com um demônio disfarçado com um rosto bonito e covinhas. Quase que ele leva o inferno todo para casa e não percebe.
— Algum problema, querida? — O tom de advertência explicito no "querida".
— Muitos, querido. — Zombo. — Lamento decepcionar os nossos convidados, que tenho certeza vão se divertir mais com as fofocas do que com o casamento, mas não vai haver casamento.
— Do que você está falando? — Finge surpresa, e tenta segurar meu braço, mas Zack é mais rápido e o impede.
Se para o meu bem ou do Kaleo, não sei, talvez mais para o meu uma vez que poderia ir parar na cadeia ou no inferno por quebrar a cara desse filho da puta dentro da igreja. Talvez não me importe o suficiente, acho que já tenho meu lugar no inferno garantido.
— Do fato de que você é um idiota que não suporto, um bastardo da pior espécie e o tipo de lixo que eu adoraria por para fora. — Respondo. — Você sabe melhor do que ninguém as razões para essa situação, então vamos nos poupar.
— Charlie...
— Corte o papo furado. — Me aproximo dele e seguro seu queixo, da mesma forma que ele fez comigo em suas tentativas de me intimidar e me ameaçar. — Seu show acaba aqui, não tenho medo de você e nunca tive, mas achei que seria mais divertido por fim nessa palhaçada com uma plateia, afinal, você armou o circo, eu só trouxe a plateia. — Me aproximo para sussurrar em seu ouvido. — Tire suas coisas do meu apartamento e suma da minha vida, antes que ordene que me entreguem sua cabeça em uma bandeja de prata.
— Não está falando sério. — Rebate.
— Quer apostar?
— Eu acreditaria se essa ameaça partisse dos seus primos e...
— Deixe-me te explicar uma coisa, os homens da minha família gostam de sujar as mãos, sentir que estão descontando a raiva em seus inimigos. — Explico. — Mas eu? Não gosto de sujar as mãos, apenas apreciar o show.
— Por que está fazendo isso? — Pede. — Achei que gostasse de mim.
— Eu sentia tesão em você, mas não amor. — Bufo divertida. — Não lê revistas de fofoca? Eu tenho um coração de gelo, amor é uma coisa estúpida se não tem o par certo.
— Eu te amo...
— Sugiro que mate esse amor, e suma da minha vida. — Me volto para as pessoas. — Espero que se divirtam na festa.
Minha mãe, tias e primas estão me aplaudindo, enquanto meu pai e primos estão me encarando como se fosse uma gênia por ter chutado esse idiota. No meu caminho para fora da igreja, passo pelo meu pai.
— Aonde você vai? — Pergunta.
— Vou viajar por uns dias, descansar de todo esse show. — Dou um beijo em seu rosto. — Quando voltar resolvo essa bagunça.
— Não faço promessas. — Diz.
Saio da igreja ignorando os fotógrafos e repórteres curiosos com o que aconteceu, em breve algum convidado vai dar toda a fofoca em troca de alguns segundos de fama. Eles não precisam que dê mais palco para eles.
Vejo um carro conhecido e corro para ele, entrando no banco do passageiro atrás, o homem no banco da frente me encara, parecendo irritado e divertido ao mesmo tempo.
— Acho que errou o carro. — Fala.
— Não sou o tipo de pessoa que erra a direção de algo.
— Está vestida de noiva e fugindo da igreja. — Aponta o obvio.
— Uau, você é um gênio. — Zombo. — Não vai ter casamento.
— E o que está fazendo no meu carro?
— Fugindo desses idiotas. — Aponto para o lado de fora onde estão forçando a cara contra o vidro. — Pode me tirar daqui?
— E te deixar onde?
Finalmente ele liga o carro e se afasta das câmeras.
— Para onde está indo? — Pergunto, vendo a mala ao meu lado.
— Casa.
— Bom, estou indo para sua casa também.
— Você não é bem vinda na minha casa. — Diz, encostando o carro na frente da casa dos meus pais. — Saia.
— Não vou sair daqui. — Cruzo os braços. — Se quiser me tirar vai ter que me carregar.
O homem me encara, ele avalia a forma como estou vestida, então seus olhos vão para a casa dos meus pais, com um sorriso malvado ele liga o carro e se afasta do acostamento.
— Que sorriso foi esse? — Pergunto.
— Não sorri. — Responde rápido demais.
— Sorriu sim, o que está tramando?
— Nada, você quer ir para a minha casa, então vou te levar para ela.
Se ele acha que esse sorriso vai me desmotivar a ir com ele, está enganado. As pessoas vão ficar de olho no que farei nos próximos dias, seguir esse idiota para seu apartamento cheio de besteira masculina e revistas de mulher pelada é a melhor saída.
Finalmente chegou a hora da Charlie, admito que estava ansiosa para começar a postar esse livro, e como estou quase acabando o livro do Arthur, achei que estava na hora de liberar o prólogo.
Espero que gostem dessa história, a Charlie é a mocinha que tenho estado ansiosa para escrever, assim como esse mocinho, que embora seja fodão, ele gosta de apenas apreciar o o caos que seu pequeno demônio, ou melhor, bebe de Rosemary, gosta de causar.
PS: se o nome do noivo estiver errado é pq eu esqueci seu nome, então vou mudar no livro do Arthur e do Zack quando for revisar para a Amazon, desculpem essa autora sem memoria.
Beijos
Carol...
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Be Messed - Herdeiros do Crime 5
RomanceHerdeiros do Crime - Livro 5 O que os olhos não veem o coração não sente. Esse é o meu ditado favorito, e não se refere a traição e sim ao fato de que as pessoas sempre esperam o pior dos homens da minha família, os temem e respeitam pelo simples fa...