Capítulo 23
Augusto
No momento em que Charlie saiu, senti um aperto no meu peito. Volto para o hospital me sentindo culpado por tê-la deixado ir sozinha, mas conheço minha mulher e sei que ela precisava de um tempo para pensar.
Estamos sentados na sala de espera do hospital há algum tempo quando o telefone de Dominic toca, ele faz uma careta e rejeita a ligação, mas logo o aparelho volta a tocar incessantemente.
Quando ele atende, posso ver a cor se esvaindo do seu rosto aos poucos, até que ele cai de joelhos no chão e começa a chorar. Nunca vi o homem desse jeito, seu choro é cheio de dor.
— Não... não... não. — Murmura segurando a cabeça desesperado.
Eduarda corre para o marido e se ajoelha ao seu lado, passando o braço em volta do marido, ela o segura e espera até que ele se recomponha para contar o que aconteceu. Sabendo que vai demorar, me abaixo e pego o celular.
— Olá, eu sou Augusto, pode falar comigo. — Digo.
— Estamos ligando para informar que encontramos um carro, e a placa dele está registrada no nome de Eduarda Petrov, o senhor a conhece?
— Sim, mas quem está dirigindo é minha noiva, algum problema?
Do jeito que Charlie saiu daqui não é uma surpresa que tenha entrado em problemas com a polícia. A mulher teimosa estava louca para arrumar uma briga e sem querer, acabei dando exatamente o que queria.
— Lamentamos informar que o veiculo sofreu um acidente, ele capotou em uma estrada vazia e pegou fogo.
Dessa vez quem desaba sou eu, me sento em uma cadeira, sentindo minhas pernas fracas, meu peito doendo e sinto como se fosse desmaiar. Charlie é esperta, ela conseguiu sair, quando chegar em casa ela vai estar lá, em segurança e rindo de todos dizendo que foi uma vingança.
— O motorista?
— Lamentamos informar, mas o condutor do veículo não resistiu.
— Minha noiva não faria isso comigo. — Digo, me recusando a acreditar.
— O senhor pode ir e reconhecer o corpo no IML do hospital...
Suas palavras são um borrão, de alguma forma o corpo está aqui, nesse hospital. Digo para a mulher que já estou no hospital e vou chegar lá em alguns minutos, e desligo. Uma calma estranha recai sobre mim, não é a minha mulher lá em baixo, me recuso a acreditar nisso.
Percebo que estou me afastando, mas que os Petrov estão me encarando, esperando que eu diga o que está acontecendo. Pena para eles que me recuso a dizer as palavras em voz alta. Dizer que a mulher que amo, a única pessoa com quem realmente me importo, minha alma, minha vida, está morta e deitada em uma mesa fria no necrotério.
Não posso fazer isso!
— Qual é o problema? — Dimitri corre atrás de mim. Ignoro e continuo andando, e quando ele segura meu braço, puxo com força e o encaro, um aviso que não deve me tocar.
Percebendo que não estou de bom humor, Dimitri me segue, quando descemos até o necrotério do hospital seus passos vacilam. Chegando na mulher parada perto da porta, ela me dá um sorriso triste, e imediatamente abre a porta.
O que vejo faz meus joelhos vacilarem, noto que apenas eu entrei na sala fria. E na medida em que me aproximo da mesa, e vejo minha Charlie, a mulher que amo, com um corte na cabeça, seu rosto machucado e sangue escorrendo por sua bochecha e com partes do corpo queimadas, meu mundo desaba.
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Be Messed - Herdeiros do Crime 5
RomanceHerdeiros do Crime - Livro 5 O que os olhos não veem o coração não sente. Esse é o meu ditado favorito, e não se refere a traição e sim ao fato de que as pessoas sempre esperam o pior dos homens da minha família, os temem e respeitam pelo simples fa...