Capítulo 15
Charlie
Conforme andamos pelo lugar noto que Augusto fez muito para garantir a segurança dessas pessoas, impedir que voltem a provar a dor e o medo que o mundo lá fora, é bom em proporcionar.
— Augusto não me disse que teríamos visitantes. — Uma outra mulher diz, quando desço do carro.
— Seria difícil ele dizer algo, quando ele nem mesmo sabe que estou aqui.
A mulher faz uma careta, e decido que é melhor ignorar, elas estão acostumadas com esse lugar sendo algo apenas delas, e agora tem uma visitante que nem mesmo foi convidada.
— Elas tomaram cuidado, e Augusto mesmo já disse que as traria aqui. — A mulher do portão vem falar com a gente. — Eu sou Camila, e essa é Natali, esqueça o mal humor, tem sido seu amigo há um bom tempo.
Sorrio para Camila, gosto dela.
— Estou apenas preocupada, Augusto se aliando a família mais poderosa do país, que por acaso é uma família criminosa. — Bufa. — O que os torna diferente daqueles que fizeram isso com a gente?
Ok, eu não gosto da Natalie, e poderia socar a cara dela nesse momento.
— O que nos torna diferente? — Rio sem humor. — Lidamos com mulheres desaparecidas há muito tempo, nossa palavra é lei nessa cidade e muitos traficantes de pessoas fecharam seus negócios graças a minha família. Você não nos conhece, então sugiro que fique calada, e não faça suposições baseadas na sua ideia idiota de justiça.
— Olhe só aonde estamos, se a palavra de sua família fosse lei de verdade, nada disso teria acontecido.
— Claro que não, porque sem a minha família, o tráfico de pessoas seria algo extinto. — Zombo. — Acorda Natali, o mundo não é um lugar justo, coisas ruins acontecem com pessoas boas, pelo menos alguns de nós tentam fazer a diferença.
Natali tem a decência de parecer envergonhada, bom, não me importo se ela é amiga do Augusto ou não, ninguém fala da minha família no tom que ela usou. Sem contar que não estou aqui para ser uma vilã, estou aqui porque quero falar com essas mulheres e oferecer uma vida fora desses muros.
Camila me dá um tapinha no ombro, satisfeita com a minha resposta.
— Sabe que mereceu isso, Nat, a família dela está nos ajudando.
— A resgatar meia dúzia de mulheres? São os capangas deles que fazem todo o trabalho duro.
Dou risada.
— Meu pai estava com o Augusto ontem, e por falar nisso, até onde eu soube quem faz todo o trabalho é o meu homem e seus "capangas", enquanto você está sentada aqui. Dois pesos e duas medidas?
— Não passou pelo que passamos...
— Eu passei por algo parecido, entendo que cada uma lida com sua dor de forma diferente, e que odiar o mundo é uma das alternativas, mas não jogue seu sofrimento em cima dos outros. — Mamãe avisa, usando seu tom irritado.
As palavras dela tem um peso em Natali, que acena e fica em silêncio. Sei que está tentando proteger essas pessoas, mas isso não justifica a forma maldosa como está tratando os outros.
— Tudo bem, o que querem aqui? — Pergunta.
— Augusto me contou um pouco sobre o trabalho que fazem aqui, e quero falar sobre isso.
— Vamos para o escritório. — Acena.
Camila está ao nosso lado, ironicamente, acho que está indo para nos proteger, mais do que para saber sobre o assunto.
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Be Messed - Herdeiros do Crime 5
RomanceHerdeiros do Crime - Livro 5 O que os olhos não veem o coração não sente. Esse é o meu ditado favorito, e não se refere a traição e sim ao fato de que as pessoas sempre esperam o pior dos homens da minha família, os temem e respeitam pelo simples fa...