Capítulo 22
Charlie
Minha mãe e tias estão andando de um lado para o outro na sala de emergência do hospital, enquanto os homens estão reunidos em outro canto murmurando baixinho, juntando as informações que eles têm, com as do Talon. Quando cheguei em casa e minha mãe me contou as suspeitas do que estava acontecendo, não levou muito tempo até que a noticia do fogo chegou, e elas se sentiram compelidas a vir aqui e ficar com seus maridos.
Estou olhando para a porta da emergência desejando poder sair daqui sem chamar atenção. Não faz sentido todo mundo ficar esperando por noticias de duas desconhecidas, enquanto alguém está lá fora sequestrando mais mulheres.
Não que seja algo exclusivo do nosso país, isso acontece no mundo todo.
O médico que atendeu as mulheres disse que uma delas está com mais de quarenta porcento do corpo queimado, enquanto a outra com mais de setenta. Vamos ser realistas e dizer que ambas estão sofrendo e que as chances de sobreviverem são baixas.
Pode dizer que sou insensível, prefiro o termo realista.
E se estão esperando que tenham informações úteis, ficarão decepcionados ao descobrirem que o tratamento é longo e doloroso. Sem contar, é claro, que as chances de o chefão ter se revelado para elas é nula. O cara ou mulher, é inteligente, conseguiu reunir as pessoas que estão fodendo com seu negócio, descobrir quem são, dar um recado para todos e mandar duas pessoas para a sala de emergência.
Não estamos lidando com amador.
— Tudo bem? — Minha mãe pergunta, se sentando ao meu lado e segurando minha mão.
— Por que não estaria? — Me viro para encará-la.
— Está quieta, e devido a gravidade das coisas.
Sorrio e dou um tapinha em sua mão.
— Não conheço as mulheres naquela sala, sinto muito pelo que aconteceu com elas, mas ficar aqui não vai mudar nada. — Respondo. — Se vai fazer alguma coisa é facilitar para o cara mau.
— Empatia é uma coisa importante. — Repreende.
— Mesmo? E quem está tendo empatia pelas mulheres que estão sendo sequestradas nesse momento? — Digo. — Todos aqui andando de um lado para o outro sem fazer nada, enquanto podiam estar trabalhando.
— Os problemas não vão desaparecer.
— Mas vão crescer, a cada momento. — Me levanto e dou risada sem humor. — É por isso que esse cara está se dando bem, ele ao menos está trabalhando e não sentado aqui esperando por notícias.
— Charlie! — Meu pai é aquele que me repreende. — Não foi isso o que te ensinamos.
Dou uma risada zombeteira.
— Não, vocês me ensinaram muita coisa, mandar pessoas para salas como essa inclusas. — Coloco as mãos no quadril de um jeito desafiador. — Ficar sentada que nem uma idiota e me importar com estranhos, não foi uma delas.
Augusto me encara de longe, mas ao contrário dos meus pais que estão julgando meu comportamento, ele acena com a cabeça, entendendo meu ponto de vista. Talon ao seu lado tem o mesmo olhar.
Ótimo, pelo menos as duas pessoas sabem que estou certa e que essa espera é ridícula.
— Se não quer ficar aqui vá para casa. — Mamãe diz.
Estendo a mão para ela, esperando as chaves do seu carro. Quando me entrega, caminho até o elevador, Augusto vem atrás de mim. O silêncio no elevador é bem-vindo, tenho um tempo para me preparar para o tipo de conversa que o meu namorado espera ter. No estacionamento, continuo caminhando em silêncio até o carro da minha mãe, quando vou abrir a porta, Augusto a segura fechada.
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Be Messed - Herdeiros do Crime 5
RomansaHerdeiros do Crime - Livro 5 O que os olhos não veem o coração não sente. Esse é o meu ditado favorito, e não se refere a traição e sim ao fato de que as pessoas sempre esperam o pior dos homens da minha família, os temem e respeitam pelo simples fa...