Capítulo 26

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Capítulo 26

Charlie

Tenho que admitir que poucas pessoas são capazes de me surpreender com sua loucura, Tatiana é uma delas. Penso que se ela não fosse uma vadia do mal, seriamos uma ótima dupla de terroristas.

Estamos em sua casa fora da cidade, foi aqui que seus homens me trouxeram depois de me tirar do carro e me ajudar a me limpar. Eles tinham até mesmo um médico a minha disposição, o que é mais do que alguns dos inimigos dos meus primos fizeram.

— Sabe de uma coisa? Somos parecidas. — Bebo meu champanhe e assisto a tela de TV, onde assistimos ao meu enterro falso. — Não sou uma fã de sujar as mãos, não quando tem sempre alguém disposto a fazer isso.

— Homens são aqueles que complicam tudo. — Ergue sua taça para um brinde. — Sempre dispostos a se sujar a lutar para provar sua masculinidade, não acha um pouco patético tudo isso?

— Com certeza! Esse é um problema muito comum na minha família.

Admitir que meus primos e país amam sujar as mãos com coisas triviais não é uma traição ou ataque direto. A questão é, somos a porra de uma família poderosa, qual o sentido de ter muito dinheiro permitir e ter que sujar as mãos?

Ela ri.

— Por falar neles, seu homem matou um dos meus. — Ri. — Ele levou a mulher e a criança, soube há pouco que ambas estão mortas.

Dou de ombros.

— Augusto é apaixonado e leal, qualidade que me atraíram. — Explico.

— Ele é sexy, isso é uma outra qualidade. — Comenta. — É bom ter algo bonito e eficiente para olhar, ainda mais quando é inteligente.

— Devo concordar.

Augusto é muito mais do que isso, deixo ela pensar que meu homem é um idiota bonito, e não alguém esperto o suficiente para foder com todos os seus esquemas patéticos e limitados.

Tatiana é arrogante e é isso que vai derrubá-la.

É triste que eu esteja prestes a dar uma rasteira em outra mulher, a questão é que certos princípios devem ficar de lado, assim como ela não pensa nas outras mulheres que sequestra e vende.

— É claro que deve, já pensou em ficar presa com alguém como meu marido? Ele é... — Tatiana pensa por um momento, buscando a palavra certa. Percebi que ela sempre faz isso, em sua mente é importante usar a palavra que se encaixa perfeitamente. — Útil a seu propósito.

— Amor é ima palavra difícil de se usar em algumas situações. — Digo em um tom divertido.

— Amor é uma ilusão vendida para nós mulheres, é assim que nos controlam e nos tornam submissas. — Diz. — Poder é mais divertido, foi por isso que quase destruí a vida do Kaleo, não por amor, e sim para mostrar do que uma mulher determinada é capaz. — Toma um pouco de champanhe. — Contos de fadas são belas fantasias criadas para tornar homens heróis, a única pessoa lúcida são as bruxas e vilãs, e isso porque são as únicas dispostas a lutar por si.

— Fui ensinada a pensar assim, posso ser a princesa na minha história, mas jamais vou precisar de um príncipe.

— Talvez deva me dar de presente Augusto, ele seria um ótimo brinquedo.

A forma anasalada de sua risada me deixa com um gosto ruim na boca, uma sensação desagradável no meu estômago. Não quero Augusto perto desta mulher, algo me diz que derrubá-la será uma tarefa exclusivamente minha.

Pensando em toda essa situação, minha mente viaja para minha família e como eles estão lidando com a minha "morte", espero que meus pais não sofram com tudo isso e que Augusto diga a eles a verdade no momento certo. Tudo o que precisamos é que eles permaneçam no teatro, que Tatiana acredite que estou disposta a tudo para me tornar mais poderosa que eles e assumir o poder.

Be Messed - Herdeiros do Crime 5Onde histórias criam vida. Descubra agora