Capítulo 8
Charlie
Existem algumas regras que meu avô ensinou a todos os netos, uma delas é que não devemos fazer inimigos a não ser que tenha certeza de que pode esmaga-los por completo, inimizades não são bem vindas, um inimigo por mais pequeno que seja, ele pode se dedicar tempo suficiente para te destruir.
Augusto está cantarolando baixinho, enquanto sigo em silêncio, planejando o que vamos fazer a seguir. Ficar nessa cabana sozinha com ele seria ótimo, porém, quanto mais tempo passamos longe, mais coisas se acumulam na minha antiga vida.
— Já decidiu quando voltaremos? — Augusto pergunta, me pegando de surpresa.
— Como sabia que estava pensando nisso?
Ele sorri.
— Você disse em voz alta.
Não me surpreendo com isso, sempre que me sinto confortável perto de alguém meus pensamentos saem espontaneamente. Não me importo com isso, são poucas as pessoas em quem realmente confio e com quem posso ser sincera de verdade.
— Ainda estou pensando no meu próximo passo, não quero perder o que temos aqui. — Admito.
Sua mão desliza na minha perna, e ele dá um leve aperto na coxa.
— Não vamos perder, eu te disse, somos um pacote, estou ao seu lado sempre. — Garante.
Esse tipo de proximidade e confiança é bem vido, finalmente vou me encaixar nas conversas da família.
Permaneço em silêncio depois de sua declaração, ainda preciso descobrir como vou lidar com as pessoas nessa cidade, tirando a cara de cavalo, que achou que poderia dar em cima do que é meu e me chamar de prostituta, nenhum deles me fez uma ofensa direta.
Não tenho muito tempo para decidir um plano de ação eficaz, quando chegamos na cidade Augusto para em frente ao café da cidade, faço uma careta lembrando da velha antipática, me recuso a tomar qualquer coisa que venha desse lugar, ela pode querer cuspir no meu prato.
— Por que estamos aqui? — Pergunto.
Ele pisca e me dá um sorriso safado.
— Achei que gostasse de jogos, vou te ensinar um. — Murmura, saindo do carro e caminhando ao meu lado. — As pessoas dessa cidade são péssimas com forasteiros, mas eles amam uma fofoca.
— Oh, que fofo! Você quer que eles saibam que estamos juntos. — Sorrio e dou um beijo em sua bochecha.
Acho que sei como prosseguir por aqui, vou ser a pessoa mais cativante que eles já viram, o contrário da imagem que deixei no outro dia. Claro que vou usar como desculpa algum problema familiar.
Caminhamos até o café de mãos dadas, enquanto fazemos isso olho em volta procurando pela minha nova de ferragens e pensando que posso ser a fornecedora de equipamentos de tortura para minha família, uma ótima forma de manter nossos negócios por baixo do pano.
Assim que entramos no café seus frequentadores se voltam na nossa direção, é como se uma celebridade acabou de entrar no lugar. A velha mal humorada do outro dia aparece com um sorriso falso dirigido apenas ao Augusto.
— Augusto, quanto tempo. — Cumprimenta. — Achei que estivesse fora da cidade.
Ela está mentindo!
Acho que a idiota de ontem veio aqui e contou tudo o que aconteceu, como ele poderia estar fora da cidade se sua amiguinha foi até a cabana?
— Você já deve ter conhecido minha mulher. — É a resposta que ele dá.
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Be Messed - Herdeiros do Crime 5
Storie d'amoreHerdeiros do Crime - Livro 5 O que os olhos não veem o coração não sente. Esse é o meu ditado favorito, e não se refere a traição e sim ao fato de que as pessoas sempre esperam o pior dos homens da minha família, os temem e respeitam pelo simples fa...