Cateline:
Sempre podemos recomeçar, por mais que pareça impossível em certos momentos, mesmo que você esteja quebrada demais para consertar cada pequeno pedaço partido, irá haver algo mesmo que seja mínimo que te impulsione à recomeçar.
Quando tiraram minha mãe eu tinha apenas cinco anos de vida, muito pequena e amedrontada com tudo, lembro que no primeiro dia fiquei sentada dentro de uma caverno e eu chorei o dia inteiro até ser encontrada por uma das náiades, eu havia perdido tudo, minha mãe e meu lar, mas então a esperança de um dia encontrar minha irmã me fez recomeçar.
Tive que aprender tudo sozinha, a controlar os meus poderes, a ser mais forte que todos, pois eu não podia ser frágil. Tive que ir atrás da minha própria comida, tive que abraçar a minha solidão. É mentira quem conta que a solidão não dói, pois ela corrói nossa alma. Quando eu chorava eu era a única a secar as minhas lágrimas, quando senti os pesos em meus ombros e a única coisa que eu desejava era um abraço de conforto, eu só tinha meus próprios braços, sempre fui eu, pois era isso que eu tinha e hoje posso ver que foi muito.
Quando me entreguei ao desejo do meu corpo pela primeira vez me senti livre, completa, e no controle da minha liberdade, aproveitei cada segundo, cada minuto de prazer. O ato sexual envolveu muito mais a mim, do que Issac, ele desfrutava do meu corpo mas não mais do que eu mesma, então em seguida fui julgada, por ser livre, por usar aquilo que a deusa havia me abençoado, mas não senti vergonha, nunca. Ergui minha cabeça e mesmo machucado eu tive que seguir, novamente sozinha e eu recomecei. Me permiti me entregar a um tipo de paixão que conheci daquele homem, mas era nova demais para saber que na verdade as paixões são passageiras, e que a carência pode mexer com a nossa mente e nos deixar em ruínas.
Tentei apagar o que eu passei nas mãos daquele homem, tentei apagar as suas palavras, a maneira que ele me tocou. Pois aquilo não era desejo, não era amor....na verdade não era nada. E agora mais uma vez estou aqui recomeçando, mas dessa vez é totalmente por mim, pela promessa que eu havia feito de ser feliz, e eu merecia.
Olho meu reflexo no espelho, a cicatriz estava ali, era uma lembrança de tudo o que eu passei, mas principalmente do quanto fui forte. Morrigan havia me feito sua boneca, meus olhos azuis estavam intensos e brilhosos devido a sombra escura em minhas pálpebras , meus lábios estavam vermelhos como sangue, meus cabelos estavam presos no alto de minha cabeça e cainham pelas minhas costas, segundo Morrigan eu precisava mostrar meu lindo rosto, e eu estava linda, eu me sentia linda. Ainda nua caminho em direção a minha cama vendo a caixa branca deixada ali, abro delicadamente, vendo um emaranhado de tecido vermelho e um bilhete em cima.
"Se eu contar que vermelho é minha cor favorita você acredita?
Uma pessoa especial para você me entregou essa caixa, sua mãe usou essa mesma roupa anos atrás e estou contando os minutos para te ver nela.
Linda, como a própria deusa.
Te espero no salão de baile ansioso, ardendo por você Lucien."
Sorrio e finalmente puxo o vestido, ou melhor o tecido vermelho, não me lembrava dela o usando, mas pude jurar que senti o seu cheiro nele. Era lindo, combinando perfeitamente com os tecidos da corte, finas alças, um decote longo, e a saia justa na cintura se abria conforme os passos eram dados. Consigo escutar a música do andar de baixo então em apreço a colocá-lo, o vestido serviu perfeitamente, uma parte de mim hesitou quando o meu olhar desceu para a cicatriz no meio do meu peito, então meu olhar foi para os meus braços, balancei a cabeça não hoje Cateline, não quando estava me sentindo feliz, e não quando um belo macho ruivo me esperava ansioso no andar de baixo.
Estou me aproximando do salão principal quando meu braço é puxado me levando para dentro de uma sala, meu sangue ferve quando noto que é Elain.
-O que você fez para ele ? -Sua roupa era tão decotada quanto a minha, mas diferente de mim, apostaria que ninguém esperava vê-la assim, pelo visto ela desistiu de vez em parecer uma boa fêmea. -Ele rompeu a parceria.
-Queria poder te dizer que sinto muito, mas eu estaria mentindo. -Sua mão levanta em minha direção, mas sou mais rápida a segurando no ar, lhe empurro em direção a parede. -Lhe darei um aviso, não me importo quem você é, ou quem é sua família, se levantar um dedo para mim lhe matarei sem hesitar. -Sentia meu poder vibrando e meu corpo.
-Eu tenho um aviso, aproveite o seu pouco tempo, cuide aquilo que vem pelas suas costas, seu coração não baterá por muito tempo. -Então ela sai, com aqueles olhos cruéis, seria uma mentira se não falasse que senti cada parte do meu corpo se arrepiar, não era uma simples provocação, ela teve uma visão eu senti, vi em seus olhos.
Ela viu a minha morte.
Corro em direção a janela mais próxima em busca de ar, mas Azriel me vê passando pelo mesmo e me segue.
-Cateline. -Azriel que se aproxima, colocando as mãos em minhas costas. -O que aconteceu, você está mais pálida que o normal?
-Eu estou bem, foi um mal estar. -Digo tentando me recompor, meus olhos vão para o encantador de sombras e antes que eu me controle eu o pergunto. -O que você faria se soubesse que sua morte está próxima?
-Cateline, o que...- O interrompo.
-Só me responda.
-Viveria cada dia como se realmente fosse o último, pois realmente pode ser. -Era isso, é o que eu faria, eu viveria, tento dispersar toda a tensão em meu corpo e colocar um sorriso no meu rosto, Azriel ainda me olha preocupado, então noto que ele está usando as roupas da corte Diurna apesar de serem pretas.
-O que aconteceu , quer impressionar alguém? -Brinco com o mesmo, que resmungou emburrado.
-Foi obrigado, se quer saber. -Solto uma risada e seguimos juntos para o salão.
-Corália está linda. -Digo para o mesmo o provocando, e vejo um leve sorriso em seus lábios.
-Como sempre, devo confessar que estou ansioso para vê-la.
-Isso é bom -Estou prestes a lhe dar um conselho quando o meu olhar encontra Lucien, pela deusa eu não estava preparada para isso. Lucien assim como Azriel usava uma das roupas da corte, um tecido branco, um contraste perfeito com a sua pele dourada, ele parecia ser esculpido, o corpo alto e forte,os músculos de seu peito, ao redor das faixas brancas do pouco tecido que o cobria, ele estava todo exposto e eu adorei, seus cabelos ruivos estavam soltos, havia umas tranças espelhadas contornadas por ouro, ele parecia brilhar naquele salão, ele parecia pertencer aquilo tudo: Ao sol, ao o ouro. -Azriel sinto muito, mas não quero mais sua companhia.
-Bom, devo dizer que meus olhos viram algo e eu também não quero a sua. -Corália havia acabado de entrar no salão, sem falar mais nada sigo em direção a Lucien, quando estou no meio do salão seus olhos se viram em minha direção, e eu posso jurar que eles queimam em mim, pois sinto o calor me atingir, caminho pelo mármore como uma rainha, sei que meus quadris se movimentam de um lado para o outro, sei que as saias estão mostrando minhas pernas, e o seu olhar só me faz querer andar nua em sua direção. Paro ao seu lado, o mesmo estava perto das bebidas, me curvo pegando um copo e virando finalmente para o mesmo, mesmo com os saltos em meus pés o ruivo ainda era mais alto, sorrio passando a língua pelos meus lábios vermelhos.
-Você está como a própria deusa. -Ele sussurra, e eu posso sentir o calor do seu corpo.
-Gosto do fogo não é ruivo? -Pergunto e o mesmo concorda bebendo o seu drink. -Pois bem eu estou pronta para queimar com você.
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Entre mundos e destinos
FantasyDois mundos ligados através de um cordão. Um portal será aberto e por ele uma jovem iniciará a sua mais nova jornada, uma humana que viajou através dos mundos e precisava estar em Prythian, sem poderes, sem nenhuma direção, o que lhe guiava era ape...