Entre mundos e destinos

Capítulo 23

Azriel:

Sou obrigado a afastar mais uma taça de vinho dos lábios de Lilian.

-Você já bebeu alguma vez? -Pergunto afirmando o seu corpo, enquanto ela tenta puxar a taça e se desequilibra.

-Parece que já bebi alguma vez? -Cruza seus braços como uma criança emburrada, não havia nem anoitecido e ela já tinha consumido mais do que o ideal de vinho para o seu tamanho, suas bochechas e pele estavam vermelha, suas pupilas dilatadas e os lábios avermelhados pela bebida.

-Temos vinho o suficiente para bebermos por dias. -Lucien comenta vindo em nossa direção com uma garrafa em mãos e também nem um pouco sóbrio, após Tamlin se retirar os dois entraram dentro da garrafa, em meio a risada e conversas sem sentido nenhum, exceto para dois bêbados. 

O almoço apesar do incidente inicial, ao qual se não fosse por Lilian eu teria começado um grande problema,  tudo ocorreu melhor do que o esperado, porém após uma meia hora Tamlin se retirou, segundo o mesmo com a desculpa de visitar a aldeia.

-Você devia beber também, acho você sério demais. -Lucien comenta me entregando a garrafa que nego com a cabeça.

-Ele é né! Mas fica tão lindo com essa expressão. -Arqueio minha sobrancelha em sua direção, ela apenas sorri piscando seu olho direito. -Chego a me arrepiar. -Pronto era demais, Lucien sorri de lado em minha direção.

-Eu...

-Não, você nada- Bufo irritado. -Os dois tem que ir para o quarto, tomar um banho e dormirem.

-Você vai me dar banho? -Pela mãe o que aconteceu com essa mulher. -Quer vir Lucien, ele pode dar banho em nós. -O ruivo levantou vindo em nossa direção, mas ergo minha mão em um gesto.

-Porra nem fodendo! Não somos Vassa e Jurian. -Ele para erguendo as sobrancelhas e abrindo um sorriso malicioso, vendo que ele está prestes a falar o corto. -Não quero escutar mais uma palavra.

-Certo! Que pena. -Lilian está atenta ao mesmo, enquanto esfrega sua mão pelo meu peito, maldito vinho. -Bom, vou me distrair sozinho então, boa sorte!

-Quem é Vassa e Jurian...ai sinto tudo girar. -Reclama se apoiando em mim, passo minhas mãos pelos seus joelhos a pegando no colo, seu braço envolveu meu pescoço, enquanto a mesma estica seu rosto em direção a ele, ao sentir sua respiração meu corpo se arrepia. -Seu cheiro é tão bom, nunca te falei isso.

-Provavelmente, pois não falaria isso sem corar. -Comento e ela solta uma risadinha.

-Senti falta de ser carregada assim, me sinto protegida em seus braços. -Desço olhar para o seu rosto, seus olhos estão fechados, enquanto sua mãos acaricia os cabelos de minha nuca, ao entrar no seu quarto a coloca na cama, mas prontamente ela abre os olhos me puxando junto de si. -Quero conversar.

-É claro que quer.- Brinco com a mesma e me afasto pegando um copo de água e lhe entregando, ela olha o conteúdo.

-Queria vinho.

-Não podemos ter tudo aquilo que queremos.

-Eu que diga, agora mesmo quero muitas coisas.

-Que coisas ? -Não devia dar corda para sua conversa de bêbada, não devia mesmo.

-Sabe, eu sempre quis fazer muitas coisas, mas nunca conseguia...beber era uma delas, bebi pela primeira vez hoje e estou me sentindo tão bem e leve. -Ela sorri, engatinhando pela cama até parar na beirada, onde me encontrava em pé e com o copo em mãos. -Quero fazer muitas coisas pela primeira vez. -Minhas sombras se agitam quando a mesma me encara, com os olhos verdes repletos de desejo. Pelo caldeirão. Suas pequenas mãos sobem do meu quadril em direção ao meu peito, uma carícia lenta e delicada, seus lábios volumosos estão levemente entreabertos, ela ergue mais o corpo ficando na altura dos meus lábios. -Eu nunca fui beijada. -Sussurra, porra, sinto como se todo o meu corpo tremesse, minha visão embasa, e existe duas vozes em minha cabeça a da razão e a das sombras, que sussurram sim a todo instante.

-Lilian. -Suspiro quando seus lábios tocam o meu maxilar, em um beijo, então ela vai mais para cima e antes que ela encoste os seus lábios nos meus, eu opto por escutar a razão. -Você está bêbada Lilian, se um dia quiser isso terá que me pedir e sóbria.

-Não sei se terei coragem. -Sorrio, quando seu rosto assumiu uma expressão triste e ela senta em seus pés, ainda ajoelha em minha frente, puxo o seu corpo em direção ao meu lhe abraçando.

-Você é a mulher mais corajosa que eu conheço. -Deixo um beijo em seus cabelos, se ela gostava do meu cheiro, não imaginava o que o dela despertava em mim. -Agora você vai ser uma boa garota e irá dormir.

-Eu quero ser uma má garota Azriel, nunca quis ser boa, posso ser má para você. -Ela se afasta, voltando para a cama e indo para baixo dos lençóis, antes que eu me aproxime para lhe ajeitar, o vestido que ela estava usando é atirado em meu rosto.

-O que é..

-Não gosto de dormir vestida. -Tira a cabeça de baixo das sedas claras, deixando apenas da sua clavícula para baixo tampado, consigo ver os desenhos dos seios seios e das suas pernas, seus cabelos negros e volumosos se espalhavam pelos lençóis claros, enquanto a mesma sorria com a pele avermelhada. 

Falar que Lilian não despertava desejo em mim seria uma grande mentira, meu corpo vibrava e estava pronto para queimar por ela, com ela. Porém não era certo, não quando eu estava confuso, não quando eu tinha sua amizade. Meu desejo pelo seu corpo não seria maior que o meu carinho e respeito pela mesma, eu não era bom, não queria lhe arruinar e nem lhe amedrontar, só a mãe sabia o que ela faria caso eu mostrasse tudo o que eu desejo, ou como eu gosto das coisas.

Lilian era um sopro leve que mudava qualquer clima, era intensa como a luz, exalava pureza e eu era sujo e perverso demais para a mesma, me aproximo beijando seu nariz delicado.

-Durma bem Lilian. -Antes de sair, a escuto murmurar:

-Sonharei com você Azriel.