Lilian/Corália:
O caminho pela Corte Invernal foi o mais cansativo, devido ao frio mesmo com os casacos o vento gelado batia cortando a pele, e o peso em nossos corpos estava maior. Azriel passou o caminho todo com os braços em minha volta esquentando meu corpo, enquanto Lucien carregava Cateline, de hora em hora eu me aproximava para observa-la, seu rosto estava sereno, e eu sabia que estava quente pois o próprio Lucien havia me confirmado.
Desejava que ela acordasse logo, e que me respondesse algumas perguntas que eu precisava entender, minha cabeça estava confusa e inventando hipóteses a todo momento. Minha vida pode ter sido uma mentira durante todos esses anos, as pessoas que eu conheci podem não ser quem eu acho que são.
A voz também sumiu, desde que eu a encontrei, porém não saberia dizer se era Cateline em meus pensamentos e me guiando. Esperava a todo instante um novo sinal, uma nova charada, algo que me ajudasse a entender tudo isso. Quando começou a escurecer Azriel achou melhor pararmos e para nossa sorte logo encontramos uma caverna, Lucien entrou com Cateline e nós seguimos atrás de alimento.
-Acha que ela pode me dar respostas? -Pergunto para o moreno que estava com os olhos atentos no meio da neve em busca de um animal.
-Algo me diz que sim, minhas sombras não se assustaram com ela, assim como não fizeram com você, isso é um bom sinal. -Quando termina de falar sua faca é arremessada pegando o animal, de forma precisa, então ele se vira com um leve sorriso nos lábios.
Convencido.
-Em breve estaremos chegando na Corte Diurna, lá te fará bem, poderemos descansar enquanto descobrimos algo. -Sua mão toca as minhas bochechas, acariciando a pele com seus dedos. -Avisei Rhys, e ele estará indo nos visitar também.
-Sinto falta de todos. -Comento sorrindo e ele concorda, sabia que apesar de ser mais distante e estar sempre pelos cantos, amava sua família, amava seus amigos. -Principalmente de Cass e Nestha.
-Bom, depois que eu morei com eles, posso me permitir sentir falta. -Suas sombras me envolvem pelas costas me aquecendo, não saberia mais dizer se conseguia viver sem os dois em minha volta. -Conversei com Lucien, não irei mais atrapalhar sua situação com Elain, ele merece ser feliz.
-Você vai? Qual o motivo ? -Pergunto sentindo meu coração bater mais acelerado, ele iria desistir de Elain, seria para procurar suas parceira.
-Uma pessoa me disse que se eu tinha que pensar se eu a amava, era porque eu não era verdadeiro, e eu não a amo, eu sentia desejo por ela e inveja do que meus irmãos tinham. -Aperto sua mão, Azriel merecia muito mais do achava que era digno, muito.
-E você terá Azriel, pois você merece. -Sorrio para o mesmo, envolvendo meu corpo com o seu, gostava de senti-lo perto de mim, gostava do toque da sua mão, das suas carícias, de escutar sua voz, de saber que ele se sente confortável ao meu lado, gostava ao ponto de doer ao pensar que quando sua parceira aparecer posso perder isso, mas não posso ser egoísta, não com ele, não quando ele merece o amor e tudo de especial que vem junto.
-Vamos entrar, Lucien deve estar com fome e eu também estou.
-Quem diria vocês amigos hein? -Brinco com o mesmo, não posso negar que estava radiante com a aproximação dos dois, eram machos bons mas que infelizmente foram muito feridos pela vida, tinham mais em comum do que achavam, mas o principal: Ambos mereciam ser felizes.
Entro animada na caverna para anunciar que conseguimos o jantar, quando meu corpo trava ao vê-la, pequena no meio dos tecidos. Então ela me olha com os olhos azuis brilhantes, e antes que eu me de conta, ela está vindo em minha direção.
-Corália. -É meu nome que sai dos seus lábios, Lucien lhe apoia quando suas pernas ficam fracas com o esforço e eu me aproximo mais, sendo envolvida pelos seus braços. Meu nome é repetido dos seus lábios com amor, carinho, emoção e saudade, a envolvo comovida com tudo aquilo. Ela parecia menor e mais delicada, quando meus braços a tocam ela cai no choro agarrada em mim, suas mãos pálidas sobem para o meu rosto. -Eu sabia que iria te encontrar. -Sentindo tamanha força, uma alegria surreal e uma sensação de lar me atinge, me permito sentir tudo aquilo.
A força daquele sentimento, e choro mesmo sem entender.
-Você é minha irmã, a irmã que passei uma vida esperando encontrar. -Eu travo, congelo em seus braços, ela respira fundo, então ainda com as mãos em meu rosto fala. -E-eu sinto muito, eu não devia te dizer assim, você não me conhece e-eu. -Vejo a mágoa e a sua fragilidade estampadas em seu rosto, então suas pernas falham.
-Cateline. -Grito tentando a segurar, Lucien é mais rápido e a lhe envolve nos braço.
-Você está desnutrida, precisa ficar calma. - O ruivo resmunga, a deitando nos tecidos, mas ela reluta.
-Fique calma, por favor, você ainda está fraca...vamos você precisa deitar. -Ela se deita, então me aproximo me ajoelhando ao seu lado e sorrindo. -Preciso entender tudo, estou perdida e confusa. -Sua mão se estica tocando meu colar.
-Foi nossa mãe que nos deu, ele nos protege e quando estamos próximas ele brilha. -Minha memória vai para primeira vez que o vi brilhar, o dia que quase fui abusada, após matar aquele homem, eu estava precisando de ajuda então a voz me guiou e o portal surgiu me salvando, mas a voz não era de Cateline, seria da nossa mãe?. -Somos muito parecidas com ela, você ainda mais exceto pelos olhos, ela tinha olhos profundos e azuis, como os meus.
-Você a conheceu? Pois se for a mesma pessoa, ela morreu no meu nascimento. -Falo sentindo meu peito se apertar, nunca conheci minha mãe, nunca me falavam muito dela, sabia apenas pequenos detalhes.
-Eu tinha cinco anos quando me tiraram dela e a levaram. -Ela fecha os olhos deixando uma lágrima escapar. -Sei pouco Corália, tenho lembranças de determinados momentos, e do dia que ela foi levada, somos náiades, ninfas protetoras das águas doces, e além disso temos um forte poder de purificação e cura, podemos curar até mesmo a morte, nunca existiu muitas de nós, somos uma espécie antiga...nossa mãe era uma das mais poderoso, até que um dia conseguiram vir de longe, atravessando pelo portal, os humanos tinham raiva e queriam levar tudo aquilo que os podia ser útil, e quando eles descobriram sobre a nossa magia de cura. -Ela suspira, seguro sua mão vendo que tremia. -Eles passam por guerras e doenças, a primeira vez que a levaram eu era um bebê mas ela conseguiu voltar usou o restante da sua força, eu achei que tudo ficaria bem. -Aperto suas mãos mais forte, eu tinha uma irmã, céus isso tudo era uma loucura.
-Ela ficou até meus cinco anos quando conseguiram a pegar e levá-la novamente, mas ela já estava grávida de você quando a levaram, nós náiades precisamos nascer na água, é um rito, pois quando uma mãe está em parto ela renasce, nossa mãe usou o restante da sua força e do seu poder para fazer você ficar viva, mas então ela...
-Por isso ela morreu. -Falo e ela concorda. -O colar o achei apenas com oito anos, e tinha uma mulher, ela dizia ser minha avó.
-Não sei te responder isso Corália. -Balanço a cabeça não me importando, me aproximo dela, envolvendo seu corpo no meu.
-Não importa, apesar de tudo isso estou feliz, estou feliz que te encontrei. -Minhas palavras são sinceras apesar do susto, eu a senti naquele lago, me conectei com ela, ela era minha irmã, meu sangue, limpo as lágrimas dos seus olhos. -Agora descanse por favor, estarei aqui com você.
Não sei quanto tempo passou, ou quanto tempo ficamos nos encarando, sinto o tecido de pele ser colocado em meus ombros, e me acomodo mais ao lado do seu corpo.
Minha irmã, e ao lado dela eu adormeço.
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Oie!
Algumas coisas estão ficando mais claras, então algum palpite do que vem ?
Tenho dez capítulos prontinhos para serem liberados, só tô esperando a interação de vocês<3
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Entre mundos e destinos
FantasyDois mundos ligados através de um cordão. Um portal será aberto e por ele uma jovem iniciará a sua mais nova jornada, uma humana que viajou através dos mundos e precisava estar em Prythian, sem poderes, sem nenhuma direção, o que lhe guiava era ape...