Capítulo 32

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Cateline:

Eu havia encontrado a minha irmã, após todo o inferno ao qual eu havia passado eu finalmente lhe encontrei e isso tudo valia a pena, valeu toda a dor, toda a solidão, pois finalmente eu a vi e poderia cuidar dela. Para sempre.

Estávamos próximos da corte Diurna, havia visitado a corte uma única vez com a minha mãe, eu era pequena e fiquei encantada com tudo banhado em ouro e com o Grão Senhor dela, ele foi gentil e me fazia rir, meses depois daquela visita tudo mudou, a minha vida mudou.

-Você é sempre silenciosa e quieta ? -Lucien pergunta se aproximando, o macho havia me ajudado muito nos últimos dias, além de ter me carregado durante boa parte do caminho enquanto estava apagada, me ajudou a recuperar o equilíbrio e as forças das minhas pernas.

-Gosto de pensar, mas não tanto de falar. -Sou sincera, me apoiando em uma das pedras perto do lago, resolvemos fazer uma pausa rápida.

-Bom, achei uma diferença entre as irmãs então. -Dou um sorriso de leve, mas abaixo rapidamente a cabeça, deixando os cabelos cobriam meu rosto, a lembrança da cicatriz surgiu rapidamente, ela poderia ficar ainda mais visível e feia se eu sorrisse. -Quando você esqueceu dela? -Lucien parece pensar uns segundos até se dar conta do que eu me referia.

-Eu nunca a esqueci, apenas me acostumei com ela, na verdade tem momentos que eu me esqueço ou não me importo tanto. -Concordo, me aproximo do lago para encher o cantil, Lucien possuía uma cicatriz em seu olho, ela ia da sua sobrancelha ruiva e grossa até uma parte da sua bochecha e seu olho tinha sido substituído por um metal dourado.

-Você já se machucou por amar alguém ? -Me viro fitando seu rosto, suas sobrancelhas grossas arqueiam e ele se senta ao meu lado, seu corpo estava relaxado ao lado do meu, seus braços apoiando em suas pernas, enquanto observava o lago, porém seu rosto era sério . -Pois o macho que eu amei que me fez isso, Corália me perguntou ontem pela noite o que eu havia passado, tive nojo e vergonha de contar tudo o que eu passei.

-Mas você precisa desabafar? -Concordo. -Só para te responder antes que me conte, amar me trouxe muitos danos, a primeira fêmea que eu amei foi morta pelos meus irmãos, e minha parceira parece ter pavor de mim.

-Ela é uma estupida. -Comento com um leve sorriso nos lábios e ele pisca para mim. -Eu fiquei muito sozinha, meu nome significa pura, mas na verdade nunca me senti assim, quando minha mãe foi levada algumas das nossas fêmeas me criaram, não de forma amorosa ela só ficaram ali até meus dez anos, então depois acreditavam que eu não precisava de mais nada, foi então que a solidão me abraçou de vez, comecei a me virar sozinha, passava mais tempo nas matas do que com elas, até que os sumiços começaram  -As memórias machucavam, não foram tempos fáceis, nosso povo um dia foi unido, mas infelizmente foram a séculos atrás.

-Não existem muitas, certo?

-Não, e está pior!  Quando mais velha chega um momento que a criatura divina reage em nossos corpos, isso nos torna mais sensuais, ambiciosas e sem pudores, é como um período. -Minha pele fica levemente avermelhada ao lembrar de como ficamos nesta época, não era nada descente, mas era natural, era a deusa e a água em união ao nosso corpo. -Costumamos ficar nuas nos lagos e um dia surgiu um homem, ele se apresentou como pescador, e eu acreditei nele, ele tinha olhos bondosos. -Solto um riso amargo, devido a minha estupidez boba. -E chegou no melhor momento para ele e o pior para mim, estava sozinha, querendo atenção e com desejo então eu me entreguei, após semanas me envolvendo em suas palavras, eu me entreguei de corpo e alma, quando elas ficaram sabendo me expulsaram de vez. -Limpo rapidamente a lágrima que escapou dos meus olhos. -Elas foram hipócritas Lucien, pois cansei de vê-las seduzindo homens e machos do reino, mas eu fui julgado por querer o prazer, sendo que a deusa nos abençoou com isso.

-A maioria não olha para seus próprios erros Cateline, é mais fácil julgar o outro.

-Então eu fui embora, fui atrás de Erik, ele tinha me falado palavras gentis achei que ele pudesse me ajudar, ou me fazer companhia, mas não o encontrava, nesse meio tempo os sequestros começaram com toda a força e eu consegui defendê-las, boa parte delas, até que uma noite eles chegaram em bando e eu me ofereci no lugar, não tinha mais motivações e salva-las seria um bom fim, fui arrastada pela mata e quando cheguei naquele lugar era Erik que estava lá.

-Elas não tentaram te salvar, te ajudar ?

-Não! -Lembro até hoje de suas expressões aliviadas, séria eu não elas, não mexeram um único músculo, achavam que eu estava fazendo o mínimo. -Então ele me usou, usou como experimento, como brinquedo eu era um simples objeto em sua mão, ele gostava de me machucar, de me fazer implorar, depois veio a coleira quando comecei a me rebelar contra seus atos -Toco a pele do meu pescoço, não existia situação melhor do que poder sentir a pulsação e o alívio. -Eles tiravam meu sangue, me cortavam, queimavam para ver como meu corpo reagia, descobri que Erik era um humano do outro mundo, o avô dele que havia levado minha mãe e minha irmã. Me sinto uma traidora por ter me entregado a ele.

-Nunca pense isso, não somos culpados por acreditar nas pessoas, ou pelos erros delas Cateline. -Ele pega minha mão e me puxa mais para a beirada do lago, onde forma um espelho, tenho pela primeira vez o vislumbre do meu rosto, das marcas espalhadas por ele e pela minha pele. -Mude o jogo, use essas cicatrizes para te tornar mais forte, ela são sua força,  tudo o que você aguentou e que você sobreviveu.

-Ei . -Corália berra chamando minha atenção suas faces estão vermelhas, e logo atrás dela surge Azriel com uma expressão estranha. -Estávamos procurando vocês.

-Estavam? -Pergunto confusa, eles não pareciam estarem procurando ninguém. Na verdade quando os vi pela primeira vez achei que eram parceiros, eu sentia a energia de ambos, então Lucien de canto me falou baixo que eram apenas amigos.

-Hã, sim...vamos continuar? -Ela estica sua mão em minha direção e eu a pego. - Você e Azriel vão na frente, vamos fofocar. -Diz para Lucien que concorda seguindo na frete, sorrio, eu tinha agora uma irmã e uma amiga, eu sentia pela primeira vez um tipo de felicidade nunca experimentada -Lucien é um homem bonito.

-Um macho. -A corrijo e ela concorda soltando uma risadinha. - Sim ele é. -Digo a verdade, tanto ele como Azriel eram muito bonitos de se ver. -Azriel também.

-É muito. -Suas bochechas ficam vermelhas.

-Vocês já se relacionaram?

-Nunca, bom eu fiquei bêbada uma vez e bem que eu queria.

-Ele parece ter uma envergadura enorme. -Comento distraída, Corália me olha sem entender. -Você não sabe o que dizem sobre os Illyrianos ?

-Não, o que dizem ?

-Que as envergaduras de suas asas, condizem com o tamanho do seu membro.

-Com é? E-eu não... Pela mãe. -Ela arregala os olhos ao se dar conta do que me referi. -Não é possível, não Cateline, não tem como...têm ?

-Claro que tem, se a mãe fez é porque pode e cabe. -Seus olhos estão arregalados em direção ao encantador de sombras, lhe dou um cutucão. -Para de olhar, ele vai notar.

-Não tem como não olhar, minha mente está fantasiando. -Acabo soltando uma risada e ela me acompanha, após ela rir o som da minha aumenta, o riso é forte que faz meus olhos lacrimejarem e meu peito doer, nunca havia rido desta forma, nunca havia dito tempo para me divertir assim, aperto sua mão puxando o ar para os meus pulmões, pelo visto ter minha irmã me faria muito bem.

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Oie

Capítulo para entendermos um pouquinho sobre a história de Cateline, terá mais dela pois ela vai ser importante para muitas coisas! Em breve estaremos na Corte Diurna e lá promete muitas coisas! Desculpem qualquer erro não consegui revisar o capítulo.

Ps: Chegamos a 6k <3

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