Capítulo 30

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Lucien:

Finalmente havíamos entrado no território da Corte Invernal, faltava pouco para chegarmos, mas precisamos fazer uma parada antes de concluir o percurso, apertando o tecido grosso e de pele animal envolta do corpo pequeno que ainda estava nos meus braços quando uma rajada de vento nos atinge , estávamos a um dia caminhando, e nem um sinal de que ela iria acordar, além da proteção do tecido, manipulei o fogo do meu corpo para aquecê-la. Azriel a carregou apenas por um curto período, mas por insistência sua, pois ela não pesava praticamente nada em meus braços, o fato do seu corpo estar desnutrido contribui com esse fato. Além do que Lilian precisava ser aquecida e algo me dizia que ele não ia me querer envolta da mesma.

Me peguei várias vezes durante o percurso observando o seu rosto e a cicatriz que percorria sua pele, eu sabia que aquela seria uma marca eterna, que não seria simplesmente apagada, ficaria na sua pele e em sua alma. O seu corpo estava repleto de cicatrizes, a expressão de Lílian após a troca-la era assustadora, pelo o que a mesma falou não foram apenas facadas ela havia sido queimada também.

-Vamos parar, eu e Lilian vamos procurar comida. -Azriel avisa assim que encontramos uma caverna e eu concordo. -Você está aquecendo o corpo dela, é melhor ficar do que deixá-la nas pedras.

-Não tem problema, não me importo. -Comento, e é a verdade se pudesse fazer algo mínimo que seja para ajuda-la eu faria.

-Obrigada Lucien.-Lilian se aproxima apertando meu ombro e logo em seguida sai junto com o mestre espião. Estou entrando para mais fundo da caverna quando sinto o pequeno corpo se mexer, abaixo meu olhar e vejo lentamente suas pálpebras abrindo dando a visão dos olhos azuis intensos, com as pupilas dilatadas, ela congela em meu colo.

-Eu não vou te machucar, eu só...-Sou rápido em lhe responder, ela não precisava ficar assustada ou ter medo.

-Eu sei que não, se fosse me machucar estaria me arrastando não me carregando. -A voz apesar de baixa, é repleta de mágoa e raiva, o que fizeram com ela?. -Porém também acredito que se você me largasse eu conseguiria me manter em pé, não sinto meus pés direito.

-Sente muita dor? -Pergunto, sentando no chão da caverna, cuidando para o tecido não escapar do seu corpo.

-Um pouco. -Sua mão pálida sobe lentamente em direção ao seu rosto e ela toca a cicatriz, não sei o que falar nem como agir, quando eu vejo a tristeza em seus olhos azuis e as lágrimas se formarem, então ela rapidamente muda, ela afasta mãos e vira para o lado oposto, ela não quer mostrar a cicatriz, então pergunta agitada -Ela ? Onde ela está?

-Lilian? -Pergunto e ela me olha confuso.

-Corália, minha irmã eu a senti. -Então era isso, irmãs...Esse fato explica a semelhança, mas não respondia tudo, como elas podiam ser irmãs se cada uma vivia em um mundo diferente?.

-Ela foi buscar alimento, está com sede ? -Pergunto e ela concorda. -Vou tentar lhe colocar sentada, certo? -Com um aceno de cabeça, afasto seu pequeno e frágil corpo do meu, a colocando sentada entre as peles, e a cobrindo do frio, era tão pequena que sumia em meio aos tecidos.

-Lilian. -Sua sobrancelha arqueia em minha direção, ela não gostou do nome, sorrio corrigindo. -Certo... Corália, ela sonhou com você, dias antes.

-Eu sabia que ela iria me encontrar, ela era minha única esperança. -Lhe entrego o cantil, e ela bebe lentamente, seus cabelos agora caiam pelo seu rosto tampando o lado ferido. -Minha mãe avisou que quando ela voltasse eu ia a sentir, e ela me salvaria. -Sua mão puxa o colar o mesmo que Lilian carregava no pescoço. -Foi entregue para cada uma, é a nossa proteção e ele nos mantém unidas, conforme ele brilha, mas perto uma da outra estamos.

-Você sabe que ela veio de outro mundo, certo? -Ela concorda me entregando o cantil.

-Ela foi levada, nossa mãe foi levada. -Vejo a dor em seus olhos claros, me aproximo para limpar suas lágrimas mas ela se afasta se esconde entre os tecidos. -Não me toque.

-Desculpa eu...não iria te machucar. -Sua expressão se torna suave, foi um erro não devia me aproximar de forma brusca não sabia o que ela tinha passado.

-A última pessoa que me disse isso, me feriu e me transformou nesse monstro.

-Você não é um monstro. -Maldito quem lhe causou isso. -Sua cicatriz não te torna isso. -Viro meu rosto em sua direção lhe mostrando a minha marca. -Isso me torna um monstro ? -Ela nega. -Então use isso como referência a si mesma, agora vire seu rosto para mim e deixa eu ver como ela está. -Eu sabia que a ferida estava curada, usei como uma desculpa para ela tirar o cabelo da face e me mostrar sua rosto.

Eu me escondi por anos devido aquela cicatriz e não desejava o mesmo para ela, lentamente ela afasta os cabelos volumosos, lhe dou um sorriso. Apesar da profunda cicatriz não mudava em nada a sutileza e beleza em seu rosto, náiades eram conhecidas pela sua beleza rara e delicada, e a fêmea em minha frente exalava ela.

-Sou Lucien, amigo da sua irmã . -Estico minha mão em sua direção, e para minha surpresa ela estica a sua retribuindo.

-Sou Cateline.

-Um nome bonito para uma fêmea bonita. -Sua pele fica vermelha mas em sua expressão ela não esboça nada.

-Lucien encontramos uma....-Lilian, ou melhor Corália fala animada entrando na caverna, ao olhar para Cateline ela arregala os olhos parando.

-Corália.-Ela fica em pé, me levanto rapidamente quando a noto fraca, mas ela parece não se importar quando finalmente se envolve nos braços da irmã caindo em lágrimas. -Eu sabia que iria te encontrar, pela mãe eu sabia.



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Oie, tudo bem! 

Tô passando para agradecer a todos(as) que estão lendo e comentando, chegamos a 5k de leituras! 

Obrigada de coração <3

Entre mundos e destinosOnde histórias criam vida. Descubra agora