El Destino | Thiana

Vinte e Dois: Companhia

Tempo. Algo tão precioso que precisamos usar para se aproveitar com as pessoas que mais amamos nesse mundo. Algo tão preciso para nos ajudar a ter uma noção de quantas semanas, meses ou anos puderam se passar. Mas, quando você encontra o que tanto procura, o tempo pode se comportar de duas formas: parecer correr cada vez mais rápido, ou apenas passar mais devagar, rodando ao nosso favor.

A felicidade se esbanjava em meu olhar e, sabia que, todos poderiam constatar o quanto estava feliz apenas olhando para mim. Já não tinha mais aquela postura mais para baixo enquanto estava dentro ou fora daquela casa. De alguma forma, eu me senti verdadeiramente feliz pela primeira vez em vários anos.

Mas essa felicidade não teria me invadido se não fosse por alguém...
Somente se olhar seus olhos e perceber sua presença ali, naquela sala, ao lado do piano me vendo tocar algo, ou na cozinha, rindo das trapalhadas da Daisy ou as piadas do Pietro, eu me sentia feliz. Como se o destino finalmente tivesse aliviado as coisas para o meu lado.

Ou nem tanto... 

Era fácil notar que eu estava radiante por onde quer que eu passasse. Isso se notava ao eu desejar um simples "bom dia" ou até mesmo ao tocar ao piano, sentindo a presença dos meus melhores amigos na sala da residência, querendo desfrutar esses pequenos e tão valiosos momentos. 

E assim se passaram dois dias, três, quatro e chegou até uma semana e duas, das quais eu pude contar, e eu me sentia bem, me sentia livre como nunca mais me sentira durante minha vida toda. Me sentia livre de minhas prisões internas, como se me libertasse de mim mesma por alguns momentos. Ainda que só alguns.

E aqueles dias foram se tornando os dias mais rápidos da minha vida. Nunca pensei que o tempo pudesse correr tão rápido quando estávamos entretidos fazendo algo que nos agradasse. E, pelo o que pude perceber, não fora somente eu que havia desgostado de como o tempo se comportara naqueles maravilhosos dias que eu havia passado.

Mas, apesar de tudo, eu estava conseguindo resgatar a antiga amizade que eu tinha com Thiago, e me sentia bem. Ele me contava detalhes da minha família que até eu poderia duvidar se era verdade, mas sabia que era. 

Contudo, o mais difícil de toda aquela situação, era pressentir, a todo momento, que eu estava sendo observada. E não era para menos. Sempre que procurava algo quando sentia essa sensação, encontrava Soledad me fitando, com os olhos de quem já me conhecia, mas não se recordava de onde. E isso me dava um pouco de medo.

Eu nunca havia conversado com aquela garota, não depois de tudo o que acontecera. Não sabia se minha especulações de quando era Helena estavam certas, mas, também, não fazia muita questão de comprovar.

Eu havia acabado de sair da cozinha, de conversar com Pietro, e estava disposta a tocar algo para distrair a mente de algo que nem eu sabia o que. Talvez fosse apenas ocupa-lá, mesmo. Contudo, eu recém havia me sentado no banco de que ficava de frente ao instrumento, quando a vi entrar pela porta e se dirigir lentamente até mim. Parecia interessada em qualquer coisa que eu pudesse fazer. Se aproximou mais e apoiou seus braços no tampo, se debruçando um pouco para frente. Fiquei a olhando por um tempo antes de poder escutar o que havia dito.

Soledad: Ana, não é? - Concordei rapidamente com a cabeça, sem muita vontade de imaginar o que ela poderia querer conversar. - Nunca tivemos a oportunidade de conversar.

Ana: Na verdade, oportunidade tivemos, vontade não. - O sarcasmo invadiu minha voz um pouco antes do que eu pudera notar. Não que tivesse sido minha intenção falar daquele modo, mas já tinha dito.

Soledad: É, desculpa! - Soltou um riso curto um pouco antes de continuar. - Eu não queria parecer incomodada com a sua presença.

Ana: Não, não pareceu. Na verdade, você parecia nem notar que eu estava aqui, algumas vezes. - Parando para pensar, algumas vezes, quando não me via junto à Thiago, parecia ser alheia a minha presença sem que ninguém me desse um cumprimento ou puxasse um assunto comigo.