Dezenove: Seguir em frente

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Notinhas da autora:

Não, gente! Eu também não sei porque eu faço isso!
Pov do Thiago até a mesma parte do fim do capítulo anterior, espero que gostem assim como eu gostei de escrever.

ɴᴏ sᴀʙᴇs ʟᴏ ᴄᴜᴀɴᴛᴏ ᴛᴇ ᴇxᴛʀᴀñᴇ

(7 anos atrás)

Quando o passado me atormentava frequentemente; quando eu não conseguia dormir bem; quando tudo o que poderia pensar eram nas coisas irrelevantes que os investigadores diziam sobre o que poderia haver acontecido; quando... quando eu já não mais sabia o que pensar: eu sabia em quem pensar. Em seu sorriso, sua forma carinhosa de me olhar, suas mãos pequenas e delicadas agarrando-se em minhas costas enquanto nos envolvíamos num grande abraço aconchegante, no seu estado de espírito sempre animado, em sua voz que parecia ser a voz de um anjo (e era). 

Os dias, cada vez mais, foram ficando difíceis, mas, quando me sentia impotente, lembrava dela e da força que sempre me dava com um simples sorriso. Embora não aliviasse a falta que eu sentia de abraçá-la e tornar o contato real, eu sabia que ela gostaria de me ver seguir em frente e aguentar as situações com a cabeça erguida. Ainda que eu não tivesse seu ombro e seu apoio, sentia que era isso que ela diria.

As aulas voltaram, mas eu não estava com a mesma energia de antes. Também, como poderia estar? Coisas muito conturbadas aconteceram durante aquele recesso e eu nem sequer gostava de pensar. Mas, de qualquer jeito, o que mais me tirava as energias e a vontade de continuar era a falta que ela fazia no meu dia-a-dia.

Embora tudo corresse bem, eu me sentia mal. Sentia aquela imensa vontade de gritar e aquele nó se formando na minha garganta enquanto dizia estar bem. Afinal, era como sua música, não?

Ao final de cada semana eu passava na casa dos Urquiza para fazer uma espécie de "apoio emocional", embora parecesse que eu mais recebia do que dava. Todos estavam muito abalados com a situação de desaparecimento dela, especialmente Bia...

A garota pedia para conversar comigo em particular sempre que eu ia no apartamento de seus pais para passar o resto da noite de sexta-feira, mas acabava por não dar muito tempo e eu via, cada vez mais, seu sorriso de tristeza crescer. Foram três semanas seguidas que ela não conseguira falar comigo, mas pedia que ela me entendesse. Eram o início do novo período e eu estava me acostumando ainda com uma rotina corrida que se formava a cada pouco mais. Ela parecia entender, contudo não aceitava.

Já era a última aula daquela sexta e eu implorava para que o relógio corresse mais rápido. Eu estava disposto a ouvir o que a garota iria me dizer. Parecia ser importante, visto que ela não havia esquecido do assunto ao longo de quase um mês.

Logo o professor havia liberado todos alegando "ter explicado tudo", mas dava para ver sua cara de cansado e sua má vontade ao explicar a matéria. Estava andando super depressa até o final do corredor que dava a saída para o campus a fim de chegar quanto tempo antes no apartamento para falar com Bia. Achei que seria muito importante aquela conversa.

Contudo, quando estava quase saindo do prédio, senti alguém se colapsar comigo, me fazendo recuar alguns passos um tanto atordoado.

Thiago: Perdão, eu não te vi! - A garota em minha frente levantou os olhos para mim enquanto se mostrava um pouco vermelha. Eu a reconhecia de algum lugar, me parecia mais familiar do que as outras pessoas que geralmente andavam por aí naquela instalação.

- Eu é quem deveria pedir perdão, de verdade. Estava andando rápido demais porque estou com um pouco de pressa e acabei por não te ver no meio do caminho. - Se explicou rapidamente e se agachando para pegar parte do material que segurava em seus braços antes de bater de frente comigo. Ajudei-a a recolher parte dele me agachando juntamente à ela e pegando algumas folhas que se espalharam pelo chão. O quê? Eu me sentia na obrigação de ajudá-la.

El Destino | ThianaOnde histórias criam vida. Descubra agora