Trinta e Sete: Mais do que nas palavras

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Ana's P.OV.:

Talvez eu não deveria estar tão apreensiva quanto eu realmente estava naquele momento, mas disfarçar não era uma coisa que eu conseguia fazer em momentos tão extremos quanto aquele. Me senti um pouco desconfortável, mas o que era o desconforto comparado ao enorme nível de nervosismo que eu tinha comigo enquanto a via ali, na minha frente.

Ali... Na minha frente...

Essas palavras me assustavam mais e mais cada vez que passavam pela minha cabeça, sem ao menos deixar que eu compreendesse completamente a situação ao redor.

Os segundos pareceram se congelar, de tão devagar que se passaram. Sentia que os braços de Thiago ainda me seguravam, e agradeci mentalmente porque não tinha bem a certeza de que estaria em pé se não fosse por seu apoio.

Bia me olhava com algum sentimento que não sabia descrever nos olhos. Mas, de alguma forma, ao perceber isso senti toda a tensão ao redor se quebrar, como se não houvesse razão para que ela existisse. Seu sorriso de simpatia não era o que eu estive acostumada a ver um dia. Era... Diferente.

Ela intercalou o olhar de mim para Thiago algumas poucas vezes até parar sobre mim novamente e seu sorriso pareceu aumentar gradualmente.

Bia: Desculpa, eu não queria interromper nada... — sua voz estava alguns níveis mais baixos do que quando entrou. Thiago deveria ter feito algum gesto com a cabeça, visto que continuou — Oi! Você deve ser a Ana, não é? Eu sou a Bia! — minha mente demorou alguns segundos para processar e entender o que ela realmente tinha falado. Contudo, no instante em que me dei conta, senti algo em mim quebrar e meu olhar demonstrar incredulidade.

Ana: Sim... Sim, sou eu — falei um pouco apreensiva, mas ainda assim tentando não demonstrar minha pequena falta de reação. — É... É muito bom te ver por aqui — senti minha voz trêmula pelas duas vezes que tentei formular uma frase.

Bia: Fico feliz que tenha vindo! O Thiago ficou muito preocupado no tempo em que você não aparecia. Espero que esteja tudo bem.

Olhei para Thiago perguntando com os olhos se realmente estava acontecendo aquilo, se não era uma ilusão minha ou algo parecido, mas seu olhar, que parecia tentar consolar, me dizia que era a realidade. Suspirei, sentindo meu peito apertar fortemente. Mas ao desviar novamente o olhar para minha irmã, bem a minha frente, e perceber seu contentamento (e que parecia estar bem), algo em mim me disse que talvez fosse melhor assim. Não correr o risco de colocá-la numa situação complicada.

Ana: Está, sim! Eu fiquei um pouco mal durante alguns dias, mas já estou melhor — sorri para ela, que provavelmente havia percebido minha expressão triste ou receosa durante um bom tempo.

Bia: Fico feliz em ouvir isso! — ela olhou novamente para Thiago, que deixou de segurar meu corpo, mantendo apenas aquele mínimo contato entre nossas mãos. Ela pareceu ter notado o contato contínuo, mas não demonstrou. — Eu quase fui embora sem poder te conhecer, mas felizmente consegui ficar mais um tempinho — ela começou a se aproximar alguns passos até ficar exatamente em minha frente. Minha falta de reação começou a me deixar incomodada.

Thiago: Ana, você não quer entrar e passar um tempo com a Bia? Vocês tem muito para conversar e se conhecer — desviei meu olhar rapidamente para ele, assustada. Mas o seu tom me dizia que não havia com o que eu me preocupar. Contudo, mesmo com essas palavras, hesitei por algum tempo, o que o motivou a continuar, porém, dessa vez, com um baixo sussurro perto do meu ouvido — Fica tranquila. Não precisa se preocupar. Nada dará errado. Confie em mim. Além do mais, eu tenho certeza de que é o que você deseja.

Ana: É certo? — respondi, também em um sussurro, com um tom de dúvida e ele balançou a cabeça afirmativamente. Seu sorriso me dizia que não era necessárias preocupações. Contudo, não sei se minha mente conseguiu registar essa informação com tanta agilidade.

El Destino | ThianaOnde histórias criam vida. Descubra agora