Vinte e Oito: "Só mais uma"

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O amor é algo que realmente se pode dirigir à tudo e à — quase — todos. Se amarmos à alguém com o coração aberto, tendemos a ser mais felizes com essa pessoa. Amar é um ato que talvez seja tão fácil que complicamos dizendo que há apenas um modo específico de amor, quando, na verdade, isso não é certo. Há diversas formas de amar a alguém, assim como posso amar um amigo, posso a amar um familiar. Claro que, ainda assim, são dois sentimentos distintos embora seja o mesmo. Mas ainda assim, podemos amar muito mais do que pensamos poder.

Contudo, há vezes em que não se consegue sentir algo bom por alguém. Apenas sentimentos que você não queria ter, mas não é você quem os controla.

Talvez eu não tivesse prestado muita atenção sobre o que Bia havia falado sobre ser "tarde" ou o Thiago "não olhar que horas eram" porque aquilo somente havia me chamado a atenção no momento. Contudo, quando nos demos conta, eram mais de sete horas da noite e eu nem tinha visto o tempo passar tão rápido! Senti que tão poucos minutos haviam se passado, quando, na verdade, haviam horas que eu estava ali. Mas, a pior parte disso, não era essa. Minha mente começou a se encher de possibilidades do que poderia acontecer caso eu aparecesse mais tarde do que o habitual naquela casa. 

Contudo, contrariando todas as minhas vontades de sair dali, eu tive que ir embora, mesmo que com a cabeça quase explodindo de possibilidades do que poderia acontecer dentre os próximos trinta minutos e, ainda por cima, com tudo o que tinha visto naquele dia. 

Ao chegar naquele lugar não fui recebida por ninguém. Que bom, pensei. Ninguém estaria me esperando e controlando meus horários, embora eu estranhasse muito o fato de isso acontecer.

Tentei disfarçar o fato de que eu tinha chego quase uma hora e meia depois do que eu estava acostumada a chegar e fazer o que eu normalmente fazia após chegar da república que era, praticamente ajudar a Paula a termina o jantar e, depois de comer, descansar.

...

Exatamente na manhã do dia seguinte, esta que amanheceu nublada muito diferente do meu humor totalmente agradado, percebi que Antônio tinha o olhar sobre mim, o que estava sendo muito estranho e perturbador. Eu tentava demonstrar que não me importava, deixar a frieza nos olhos, mas estava sendo um pouco mais difícil do que antes em qualquer ocasião. A falta de treino sobre ocultar o sentimento tinha me deixado um pouco sem prática e minha felicidade era notável. 

Era óbvio que sim! Embora não iria realmente dizer para ninguém, eu estava feliz de ouvir a voz da minha irmã novamente. Saber que ela estava bem pelo meu melhor amigo era uma coisa, mas ouvir seu tom de voz para cima e de sua voz ser proferido "está tudo bem" me deixou com uma alegria inexplicável no coração.

Eu recém havia terminado de preparar o café da manhã junto com Paula. Estranhei o fato dela estar calada por todo o tempo em que estávamos sozinhas na cozinha, mas tinha uma mínima noção do que poderia ter acontecido. E, talvez, na noite anterior, não tivessem percebido meu atraso por conta disso. 

A repugnância invadiu minha mente ao pensar nisso. A fitei, ao meu lado por alguns curtos segundos. Ela não pareceu perceber meu olhar nem mesmo quando eu o voltei para o que fazia no momento. 

Tomei o café juntamente com os garotos e Paula. Antônio estava na sala e, como por onde eu estava sentada dava para ter uma visão completa do outro cômodo por não haver divisórias, algumas vezes pude sentir uma sensação estranha e, ao levantar o olhar, ter a impressão de tê-lo me encarando. Não sei... sentia que isso estava muito mais estranho do que era o costume eu pressentir. Não que, em algum momento eu sentisse que aquele lugar era um pouco normal, mas haviam vezes que eu realmente me sentia incapaz de levar aquela sensação adiante. E aquela era uma dessas vezes.

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