Trinta e Dois: Meteoros

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Ana's P.O.V.:

Houve um momento em que a sensação de estar tudo bem começava a me dominar quase por completo. Amava esses momentos, ainda que soubesse que, muitas vezes, depois toda essa sensação boa e acolhedora poderia acabar por qualquer mínima desestabilização que pudesse ter.

Victor continuava a me olhar e eu ainda estava em pé, estacada perto da parede da porta, com minhas mãos tremendo discretamente, embora eu sentisse que não fosse tão discreto assim. Uma sobrancelha sua se arqueou enquanto esperava que eu lhe dirigisse uma resposta e eu pressenti que os segundos estavam demorando cada vez mais a se passarem.

Victor: Acho que não escutei a resposta — riu sem nenhum resquício de humor — Por que não falou que estava se encontrando com o Thiago?

Ana: Por que não estou — levei as mãos para trás das costas, para que ele não pudesse perceber o quão trêmulas elas estavam. Ele me lançou um olhar cético, e assim eu suspirei.

Victor: Sabe que para mim você não pode mentir! 

Ana: E quem disse que eu estou mentindo? — Fechei meus olhos com uma certa força enquanto pensava em minhas próximas palavras — Acha, realmente, que, se eu soubesse que ele estivesse aqui, eu já não teria ido falar com ele e fugido daqui? — Ele me olhou com os olhos semicerrados, como se desconfiasse completamente do que eu falava e comecei a me sentir cada vez mais nervosa com aquele silêncio repentino enquanto ele parecia analisar minha expressão.

Victor: Você não me pareceu estar surpresa quando disse que ele estava aqui... — pareceu falar com um ar de superioridade naquela questão, como se soubesse que eu não tinha mais para onde fugir. 

Desviei os olhos para baixo, sem muito saber o que fazer ou falar. Senti minha respiração mais pesada e então algumas lágrimas começarem a brotar em meus olhos, como que sentindo que não estaria tudo bem dali para frente.

Víctor: Ana... — chamou minha atenção para que pudesse olhá-lo nos olhos e assim o fiz, com um certo receio, mas nada em sua expressão me deixou mais nervosa. Ele parecia calmo perante a isso, mas eu ainda tinha medo do que quer que ele pudesse dizer. — Nada vai sair daqui se você me disser a verdade. — Sua voz carregava um enorme tom de sinceridade, porém o receio quase não estava me deixando entender sua real intenção. Ele estava realmente me dizendo que guardaria o que eu contasse em segredo? O quanto eu poderia confiar em sua palavra? Esperava que o suficiente para que nada acontecesse... não comigo, mas com Thiago, que era uma das últimas pessoas nesse mundo que merecia sofrer por minha causa.

Inspirei fundo, soltando um suspiro em seguida. Esperava que ele pudesse me ajudar realmente.

Ana: Não faz muito tempo que nos encontramos, mas todas as vezes que isso acontece ficamos bastante tempo juntos. Eu não falei nada para ele, ele só sabe que eu estou por aqui, nada mais — controlava cada palavra que escapava de minha boca, pensando muito bem no que poderia dizer ou não. Não gostava de mentir, me sentia muito mal fazendo isso, mas, se fosse para a segurança daqueles que eu amava mais do que à mim mesma, eu faria o necessário. — Eu sei que ele quer explicações do que aconteceu, mas, Víctor, eu te garanto, eu nunca disse nada para ele — eu esperava que ele não notasse o quão nervosa eu estava. Víctor me conhecia suficientemente bem para saber quando eu estava mentindo apenas ao olhá-lo, contudo eu tentava disfarçar esse sentimento de culpa nos olhos.

Víctor: E quem me garante de que não vai dizer? — Perguntou.

Ana: Quem me garante de que você não via deixar essa conversa escapar daqui? — Devolvi o questionamento, o que o fez pensar por alguns instantes e depois assentir. Eu tinha um bom ponto, embora ainda também tivesse uma desconfiança muito grande.

El Destino | ThianaOnde histórias criam vida. Descubra agora