PROFECIA

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Uma mulher coberta com uma capa preta, distante de tudo, no meio do nada, não havia luz, mas também não havia escuridão, era difícil descrever o lugar onde ela se encontrava, ajoelhada, perguntou.

- Senhor, essa é à hora?

- Não, precisamos de mais tempo, precisamos que todos percam a fé neles. — Respondeu o Sr, a sua voz era grossa, só de ouvir já dava arrepios.

- Senhor, o que faremos por agora?

- Vamos guardar forças para o momento certo. — Respondeu à voz.

No reino Herz o dia acabara de nascer, Ten foi para mais um dia de trabalho. O dia no bar foi calmo, deu tempo para conversarem bastante, o clima do lado de fora do bar era quente, o sol tomou conta do dia. Algumas crianças do reino aproveitavam o sol indo para a praia, outras brincavam pelo reino.

O reino Herz é lotado por casas de tijolos, igrejas, castelos das três grandes famílias, muitas zonas verdes, é um reino inspirado nas primeiras cidades do mundo, durante a noite os candeeiros postos nas árvores iluminam o reino. A cidade é linda durante o dia, mas a noite fica mais linda, o chão de pedras rasas ficam diferentes durante as noites, elas brilhavam.

Nina e Mel contavam sobre os seus planos e faziam pirueta para o Ten, Hek e Luna que ouviam atentamente, no final do dia quando Ten ia para casa, ele acabou a esbarrar com Sany na rua, deixando cair às sacolas que ela carregava, logo de primeira baixou para pegar as compras, e já ia a pedir desculpas, quando olhou para cima viu que ela sorria, não estava chateada, os seus cabelos ruivos chegavam até ao pescoço, a sua franja cobria completamente as suas sobrancelhas, era linda, Ten ficou admirando a sua aparência com a boca meia aberta.

- Obrigado pela gentileza. — Agradeceu, sempre com o sorriso estampado nos seus lábios.

- Não tem de quê, a culpa foi mesmo a minha. — Levantando, entregou as sacolas.

- Acredito que já nos cruzamos antes! — Sany colocou as mãos na cabeça, tentando lembrar de onde já a vira. Ten vendo isso, respondeu.

- No bar, provavelmente foi no bar.

- Sim, é mesmo ali, agora lembrei. — Sorridente respondeu, Ten ficou perdido no sorriso por uns minutos.

- Assim bem rápido, apenas por dizer isso? — Indagou a voltar ao normal.

- Sim, mas também tem esse cabelo afros longos para trás, igual uma menina, ainda branco que é difícil de ver nesse tom de pele, principalmente o brinco que usas. — Falou a apontar. -Mas já agora, como sabias que eu te vi?

- Simples, és a única mulher que vi na vida que usa franjas, não que seja mal, ou algo do género. — Disse ele. Ela sorriu, a conversa começava a ficar interessante, ele sugeriu que fossem se sentar para continuar a conversa.

- Que mal-educada que fui, prazer, sou a Sany. — Lembrou que não havia dito o seu nome.

- É um prazer, Sany, eu sou o Ten. Vejo que está cansada, sinto pela sua respiração, trabalhava? — Atento ao detalhe, questionou.

- Não, treinava para o torneio, o nosso reino é composto por muitos jovens fortes, não posso subestimar ninguém. — Olhando fixamente para ele, com o sorriso, disse.

- Fazes bem em não subestimar ninguém, e os treinos dão um bom resultado? — Após falar, Ten virou-se para o céu, as estrelas iluminavam o reino naquela noite.

- Sim, muito bem. Aprendi algumas coisas novas, estou pronta. Vejo que trabalha muito, tens tido tempo para treinar? — Indagou empolgada.

- Não vou participar do torneio, por isso, não preciso de muitas horas de treinos.

- Porquê que não? — Sany indagou surpresa.

- Simplesmente não me vejo como um herói. Tu? Porque almeja entrar em uma das equipas?

- Entendo, que pena. Eu quero orgulhar a minha Mãe, mostrar as pessoas que ela não fez nada de errado, para isso preciso ser a melhor.

- Percebo, espero que consigas orgulhar ela. Agora tenho que ir, nos vemos por aí – Dando um beijo na sua testa, Ten foi a andar, ela ficou surpresa com a sua atitude, sorriu quando ele já estava distante.

Nina e Mel treinaram após o trabalho na praia, ao fim do treino, Nina disse a sua prima que a encontraria em casa, precisava passar por um lugar antes. Nina foi até a floresta atrás da maga que podia ver o futuro, estava tão empolgada com o torneio que queria saber logo o resultado. Chegou a floresta, a Senhora estava sentada fora da sua casa, era uma senhora já de idade avançada, já com 80 anos, vivia com a sua neta que já dormia.

- Boa noite, maga, ouvi dizer que a senhora poderia ver o futuro. — Começou por falar.

- Boa noite, eu já sabia que estarias aqui hoje, por isso a lenha está acesa. — Ouvindo Nina não reagiu.

- Como sabia que eu vinha? — Questionou Nina.

- Eu vejo o futuro, lembra? — Colocando mais lenha na fogueira, respondeu. Se sentou, pegou nas mãos da Nina que já havia se sentado. Começou a ver o seu futuro.

- Deuses antigos, pelo poder que vocês me concederam, permitam-me ver o futuro dessa jovem. — O clima mudou completamente, ventos fortes sopravam, o fogo ficou agitado, Nina tremeu vendo o fogo aumentar, o seu medo aumentou quando ouviu o que vinha do fogo.

"Quando a tempestade chegar, o reino conhecerá a dor, mas quando o amor se esfriar, o mundo conhecerá a destruição... haverá uma mudança na sua vida, o seu coração será quebrado... E tenha cuidado com... A Cruz Invertida... Cruz de Leviatã... Sol Negro e... Sigilo da Besta, esses são capazes de destruir o mundo", Nina começou a gritar para ela parar, o vento aumentou, a voz saia do fogo. O vento ficou mais forte, o fogo também!

- O que isso quer dizer? Eu vim saber sobre mim, mas essa voz disse coisas estranhas, coisas sem sentido! — Nina falava a gritar, se afastou a andar para trás, caiu, levantou, não entendia nada do que havia ouvido, o suor na sua cara era visível.

- Os deuses não mentem, se eles falaram isso há um motivo, você presenciará tudo, alguém que você conhece estará envolvido ou será você quem fará tudo isso. Eles não mentem. — A senhora explicou.

Nina se levantou assustada, transpirando de medo, foi a andar rápido para casa, dentro dela havia uma mistura de sentimentos, medo, raiva, ansiedade, todos esses sentimentos misturados. "Eu não quero destruir o mundo, não quero", falava para ela mesma quando enquanto ia para casa. Chegou a casa, Mel estava na cozinha com a Avó delas, saudou rapidamente e foi para cama. Nina não dormiu, ficou a noite toda pensando no que havia ouvido. No dia seguinte, apôs chegar, saudou os seus colegas, pediu as suas atenções, ela queria partilhar o que ouvira no dia anterior.

"Quando a tempestade chegar, o reino conhecerá a dor, mas quando o amor se esfriar, o mundo conhecerá a destruição... haverá uma mudança na sua vida, o seu coração será quebrado... E tenha cuidado com... A Cruz Invertida... Cruz de Leviatã... Sol Negro e... Sigilo da Besta... ", foi o que ouvi ontem, segundo a maga, pessoas próximas a mim, devem estar envolvidas, ou ainda pior... serei eu a fazer tudo isso. Estavam todos perplexos com essas palavras, infelizmente, aquela maga nunca havia errado, por isso Nina tremeu tanto.

- Que tipo de poder é esse? Ver o futuro? — Indagou Mel, a sua voz saiu trémula.

- Ela foi abençoada com esse poder pelos deuses, maravilha! — Respondeu Hek excitado com a maga. Admirado com as palavras do seu amigo, Ten perguntou.

- Benção? Desde quando ver o futuro foi uma benção? Eu chamo isso de maldição! — Aparentemente estava irritado.

- Não achas uma benção? Com esse poder eu poderia fazer melhores escolhas, saberia o que ia acontecer antes, seria muito feliz. — Disse Hek entusiasmado.

- Imagina viver a saber como os seus amigos irão morrer, e sabendo que não poderás fazer nada para impedir isso, achas mesmo que serias feliz? — Incrédulo com o que acabara de ouvir, questionou Ten mais irritado.

- Eu poderia mudar o rumo da história delas, sabendo do futuro! — Mostrando prazer nessa magia, ele continuou a falar.

- Já chega! Essa discussão não vai nos levar a lado algum. — Intrometeu-se Nina, com a voz baixa, o medo tomou conta dela.

- Apesar de tudo, ela pode ter errado. — Se acalmando, Ten respondeu.

- Não acredito muito nisso! — Disse Luna.

- Vamos esquecer isso, deixa o futuro no futuro, vamos trabalhar, e vocês vão treinar. Não esqueçam que amanhã começará o torneio. Nós estaremos lá para vos apoiar. — Sorrindo disse Ten.

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