A ÚLTIMA CEIA

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Em Herz o sol não apareceu novamente pela manhã, o frio forte ainda se fazia presente, os cavaleiros mágicos estavam em casa da Hemaga, tomando o pequeno-almoço, os seus irmãos e pais também estavam presentes. Um ambiente saudável, a batalha havia acabado, fazia dois meses, Marie tinha pressa, mas os deixou aproveitar o momento.
Marie olhava para eles feliz, pareciam estar melhor, apesar de tudo que acaba de acontecer, Ten tinha a sua irmã no seu colo, sentados eles riam juntos, Sany e a sua mãe a esquerda dele conversavam, Nina a direita perto de Nyzan e a sua irmã em silêncio, Djony e Mel a frente. Os irmãos Trevos pertos uns dos outros, todos felizes, Jerna estava um pouco distante, olhando para todos eles e lembrando da sua irmã.

- Odin, acredito que já podemos começar. — Marie sentou-se ao lado deles.
- Está bem, Hemaga. — Odin falou.

A porta da Hemaga se abriu, a maga Katarina acabara de chegar.
- Bom dia, desculpa o atraso. — Katarina se desculpou, o vento fechou a porta, gerou um pequeno barulho.
- Sem problemas. — Eles responderam, caminhou, se sentou.
- Antes de começarmos, deixem alerta-vos, nem todos que estão presentes nessa sala são nossos. — Katarina falou, as suas expressões faciais mudaram, todos ficaram sérios na hora, olharam para ela.
- O que você está falando? — Djony foi o primeiro a questionar, franzindo a testa.
- Eu não vi, mas a voz falou-me que há falsos aqui. — Katarina voltou a falar, se sentou. O clima mudou completamente.
- Deixa de besteira! — Nyzan falou, Ten observou todos que estavam na sala rapidamente.
'- Onde está a Usana? — Ten questionou.
- Ela sumiu desde a batalha mais recente, ele deve ser a falsa. — Nina respondeu tranquilamente.
- É exatamente isso que estou a pensar. — Sany falou calma.
- O meu sonho referiu-se a todos nessa sala, não os ausentes. — Katarina respondeu suavemente.
- Não consigo imaginar quem seja o falso aqui. — Djony disse colocando a mão na cabeça.
- Eu não sou falso. — Ten disse, os seus companheiros sorriram.
- Hemaga, acredito que devemos cancelar a leitura do livro. — Odan falou preocupado.
- E quando é que faremos a leitura? — Jerna questionou olhando fixamente para ele.
- Faremos após sabermos quem é o falso. — Odan voltou a falar.
- E se for eu? Nunca saberão como salvar o reino, é isso? – Jerna se levantou, deixou Odan sem argumento.
- Jerna, sabemos que não és. — Oyana respondeu.
- Não, vocês não sabem! Pensam que não seja, é diferente. — Jerna com os braços abertos, salientou. Os seus companheiros olhavam atentamente ao seu discurso.
- Hemaga, o que faremos? — Odan questionou. Olhando para todos, a Hemaga sorriu, e respondeu.
- Vamos continuar.
- Bem, infelizmente não consegui encontrar nenhum dos amuletos, em contrapartida, encontrei o livro da verdade. — Odin retirou o livro da pasta, apresentou a todos, um livro pequeno, preto, com o símbolo de uma mão estampado nela. Eles admiraram.
- O que contem este livro? — Mel questionou ansiosa.
- Este livro conta a verdade sobre essa maldição. — Eles não podiam acreditar, os seus olhos abriram-se, sorriram.
- Vamos abri-lo logo! — Sany berrou entusiasmada.
- Não é assim, apenas aqueles que têm o poder dos olhos do mundo podem ler este livro. — Odin alertou.
- Como assim? — Nina questionou incrédula.
- Foi o que estava escrito no chão, perto do local em que o peguei, estava escrito com sangue! Pelo que entendi, quem não tem essa habilidade, perde a visão e morre. — Odin deixou eles em silêncio, o clima ficou mais gelado.
- Ou seja, essa missão é minha, não é? — Jerna se levantou, caminhou para pegar o livro, Odan abanou a cabeça como dizendo "sim, é contigo".
- Eu sempre acreditei que esses olhos tinham um propósito, e finalmente encontrei. Quando Usana me contou, eu tive a certeza. — Jerna falava, os seus olhos ainda pareciam mortos.

Com o livro na sua mão, Jerna falo "olhos do mundo, perfeição", ativou os seus poderes oculares.
- Aconselho a fecharem os olhos. — A Hemaga alertou, todos fecharam os olhos.
- Há milhares de anos, três seres especiais criaram o universo, eles eram irmãos. Eles surgiram da necessidade da vida, e foi o que eles fizeram, o mais novo criou à terra, o do meio as trevas, e o mais velho o céu. Criam várias espécies. O mais novo criou os humanos, deu-lhes muita inteligência, mas sem magia, enquanto as outras raças tinham magia, para o mais novo, os humanos eram a melhor criatura entre todos eles, a criação perfeita, porque apenas os humanos podiam dar valor a vida, eles nasciam, cresciam e morriam em cada 1000 anos, enquanto as outras viveriam para sempre, uma vida entediante. — Jerna lia, o clima ficou mais fresco, as portas e janelas batiam forte, eles estavam todos arrepiados. -Mas os humanos não estavam satisfeitos, sentiam inveja da magia das outras raças, se reuniram para criar uma máquina que os pudesse dar poderes mágicos, usando outras raças como sacrifício e foi o que aconteceu, eles criaram a máquina espiritual, enganaram as outras raças, e conseguiram a magia. Entre os irmãos houve problemas, os dois mais velhos pensaram em matar todos os humanos, mas o mais novo não aceitou, se rebelou, e selou os seus dois irmãos, ele era o mais forte. "Desculpa, irmãos, mas se eu estiver errado, quando o dia chegar, vocês poderão matar-me, mas antes disso, eu vou provar que os humanos são os melhores entre todas as raças. Eu deixo isso para vocês, humanos, precisam encontrar todos os 7 amuletos, e colocar na árvore sagrada que se encontra no meio do mundo. Se um amuleto for destruído, a árvore não será mais a salvação, então vocês terão que derramar sangue. Deverão reconstruir a máquina espiritual com o sangue de inocentes, e sacrificar os marcados na máquina, assim, o mundo será perdoado. Se um dos amuletos for destruído ou um dos marcados morrer fora da máquina, o mundo não terá mais salvação. Fiquem atentos, quando o sol deixar de nascer, o tempo estará em contagem regressiva, vocês terão mais um ano para conseguir. Boa sorte, a minha criação perfeita, eu confio em vocês". — Jerna terminou de ler, fechou o livro, o clima ficou pesado, Ten levantou rapidamente, abriu a porta apreensivo, virou-se para todos eles.

- Faz quanto tempo que não vemos o sol? — Ten questionou apreensivo.
- 30 dias. — Djony respondeu.
- Ou seja... — Ten falou.
- Estamos em contagem regressiva! — Nyzan falou passando a mão na sua testa.
- Se acalmem! — Marie berrou. -Ainda temos muito tempo. — Marie falou.
- Ten, Sany, Jerna e Nina estão prontos para morrer por nós? — Katarina questionou, deixando todos tensos.
- Podemos os matar agora e acabar com isso! — Odin começou a emanar a sua magia, falou. Relâmpagos eram ouvidos. Tina berrou "NÃOOO".

Estavam todos apreensivos, podiam acabar com a maldição matando-os.

- Se acalmem, nós podemos evitar essa matança. — Marie falou calma.
- Sim, construir a máquina e os matando hoje! E assim o mundo será salvo — Odan falou, apoiando o seu irmão, o clima esquentou na sala, Odan tinha fogo na sua mão.
- Esqueces de algo, nos matando só não é a solução, tens que matar inocentes também, é mesmo isso que você pretende fazer? — Nina questionou.

Odan olhou para ela.
- Não há problemas, é pelo bem maior. — Odan respondeu friamente, deixando todos assustados com a sua resposta.
- Se acalmem todos, ainda podemos encontrar os amuletos. — Nyzan se colocou a frente dos irmãos com os braços abertos.
- E se não encontrarmos os amuletos? O que faremos? — Oyana falou. Djony olhava em silêncio.
- Serei o primeiro a entrar na máquina, se falharmos. — Ten falou sem receio.
- Eu também, então parem de choros. — Jerna falou tranquilamente.
- A minha filha também tem que morrer? Depois de tudo que passou, ainda tem mais isso? — Sr. Ena lamentou, Sany sorriu.
- Mãe, se for para salvar o mundo em que você vive, eu estou disposta! — Sem receio, falou sorrindo para a sua mãe.

Tina estava olhando para o seu irmão, ele sorriu quando percebeu.

- Estás com medo, mano? — Tina questionou olhando para o seu irmão, Ten voltou para perto dela.
- Um pouco, imagina nunca mais poder estar contigo, Tina, o meu coração não vai aguentar, mas eu estou disposto a morrer para poderes viver. — Deu um sorrio no final.
- Prefiro que o mundo seja destruído, mano. — Tina apertou forte o seu irmão e falou, todos ouviram ela, era notável a tristeza nos seus rostos, entre os presentes também havia o medo.
- A minha irmã morreu, não vejo mais sentido nesta vida, não tenho nada a reclamar. — Jerna lamentou.
- O mundo vem em primeiro, não é? Como cavaleiro mágica, estou pronta. — Levantando as mãos, Nina falou sorrindo, Nyzan olhou para ela triste. Os cavaleiros pareciam prontos para os seus destinos.
- Vocês esquecem de nós? — Nyzan falou triste, pegando em seu peito.
- Não, Nyzan, nós faremos isso justamente por vocês! — Ten respondeu, sorrindo.
- Estás muito calmo, não? — Djony questionou, aparentemente chateado com as suas palavras.
- Calmo? Não, não estou calmo, mas o que devo fazer se não encontrar os amuletos? Esperar a minha irmã morrer comigo? Eu não posso fazer isso, como irmão mais velho eu devo-me responsabilizar por ela. — Uma lágrima caiu dos olhos de Ten, a sua irmã notou, limpou, Nina, Mel, Odan e a Hemaga ficaram sentidos com as suas palavras.

- Mano, você é forte, não é? Você vai voltar, não vai? — Tina questionou inocentemente.
- Esqueceu quem é o seu irmão? Eu sou o mais forte entre todos eles, eu voltarei sim! Com todos os amuletos em mão! — Ten sorriu para ela, um sorriso leve, passando esperança na sua irmã.

Tina o abraçou, Ten saiu sem falar mais nenhuma palavra. Eles começaram a sair.

- Aproveitem a noite, amanhã vamos começar a missão. — Marie estava preocupada, mas conseguia manter a calma.
- Irmã, você está bem? — Odan a questionou pegando nas suas costas.
- Vamos morrer ou teremos que deixar essas crianças serem mortos para vivermos, isso não é justo! — Ela respondeu sem se mover, deixando o seu irmão triste.
- Não temos escolha. – Odan respondeu.

Marie sentou-se perto da janela, com o café ao lado, refletia. "A que ponto chegamos, crianças precisam morrer para salvar o mundo, que tipo de deuses são esses? Merda", ela irritou-se, jogou a xícara ao chão, começou a chorar, "eu não quero deixá-los morrerem, droga", Odan e Odin estavam na porta quietos, ouvindo.

A noite parecia longa, os cavaleiros não conseguiram ir para casa dormir,

- Vocês estão aqui! — Nina falou chegando na praia, Ten e Tina estavam sentados a comer.
- Sim. — Tina respondeu, Ten não falou nada. Sany e a sua mãe, Nyzan e a sua irmã, Nina e Djony também se juntaram a eles, todos levaram comida.
- Nyzan, você perdoou o seu pai? — Ten questionou olhando para a água, quebrando o silêncio.
- Sim, porquê? — Respondeu.
- Agora é viver ou morrer, não seria bom morrer com mágoas de quem amamos. — Ten falou.
- Ahm, sim. A minhã mãe mostrou-me o que realmente aconteceu, e ele não foi culpado.
- O que aconteceu? — Djony questionou curioso.
- Prefiro deixar para mim. — Falou olhando para Sany.
Ten se levantou, caminhou para perto da Sany, ela levantou sorrindo.
- Obrigado por seres minha, você fez-me muito feliz, Sany, amo você. — Ten falou emotivo. A ansiedade estava tomando conta dele.
- Eu amo você, Ten! — Ela respondeu sorrindo, se abraçaram, e beijaram-se ali.
Nyzan levantou também, Nina também caminhou, se encontraram pelo caminho.
- Eu amo você! — Ela falou, Nyzan a beijou.

Mel beijou Djony sem o avisar, os outros sorriam. Ten largou a Sany, foi abraçar as suas amigas, Nina e Mel.

- Vocês são minhas irmãs, obrigado por esses anos todos. — o seu cabelo branco flutuava com o vento.
- A vida vai nos separar para sempre, mas vocês os dois serão para sempre as pessoas mais importantes para mim. – Mel falou com lágrimas nos olhos.
-Não tenho o que falar, eu amo vocês os dois. — Nina falou chorando também.

Djony se aproximou da Sany.
- Nós crescemos juntos, não sei o que será da minha vida quando fores, mas não se preocupes, e vou cuidar da tia. — Djony falou emocionado, abraçou a sua amiga.

Nyzan colocou a sua irmã no colo, a beijou na testa. Sany abraçou a sua mãe após abraçar o Djony.

- Eu não vou-me despedir de ti, Mãe. Eu quero estar presente mesmo quando me for, seja feliz, minha mãe, sem você eu não sou nada. AMOOOOO VOCÊ! — Sany começou a gritar, elas sorriam com lágrimas nos olhos, sua mãe não conseguiu falar, apenas chorava pela filha.

Ten foi abraçar a sua irmã.

- Amo você, TINA ANON! Eu quero que você se torne uma mulher grande, forte e tenha muitos filhos. Que acima de tudo, você seja feliz, Tina. — Ten estava com a sua irmã perto da água, falou no seu ouvido baixo, enquanto chorava, o clima estava pesado, se virando, Ten voltou a caminhar para perto dos demais.
- Pessoal, se cuidem e vamos salvar esse mundo. — Ten falou com os olhos fechados, sorrindo.

"Vamos salvar este mundo", berraram todos, lágrimas caíam dos seus olhos, se sentaram, e comeram juntos pela última vez.

Jerna estava num bar, sentada, sozinha, com o capucho pela cabeça, triste. "Eu prometi a nós duas que íams quebrar a maldição, e estamos quase a conseguir. Estarias orgulhosa, irmã". Jerna falava baixo, levantado a mão, terminou "a minha última bebida, brindo em sua honra, irmã. Eu amo você, Bellinda", Jerna deu o último gole, se levantou e foi caminhando.

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