24

62 2 0
                                    

André

Eu vou matar a Renata. Esganar.
Ela e essa mania ridícula de sair entrando sem bater. Mas acho que dessa vez ela entendeu. Acho que dessa vez ela sabe que sair entrando na sala dos dois pode acabar ficando constrangida. Eu até poderia rir da sua cara nesse momento, mas eu tô com tanta raiva dela que eu só posso fuzilar com meus olhos, enquanto ela olha de mim para a Rayssa.
Renata: Meu Deus! — já é a sétima vez que ela chama pelo nome de Deus e eu acho que ele vai acabar descendo aqui na terra.
André: Será que um dia você vai aprender a bater na maldita porta?— ela tá nitidamente constrangida e me olha com cara de que está implorando que eu a perdoe.
Renata: Eu volto daqui a pouco. — e da mesma forma que ela entrou, ela saiu. Do nada.
Vejo Rayssa soltar o ar que provavelmente ela estava segurando até agora e de repente ela começa a rir.
Ela ri de verdade. E eu acabo rindo também.
Volto para o lugar onde eu estava sentado antes e fico observando Rayssa. Ela limpa até às lágrimas de tanto rir.
Rayssa: Meu Deus eu me senti como se minha mãe tivesse me pego no flagra. — ela ri mais e eu fico com um sorriso, achando agradável demais sua risada roca e seu lindo rosto se esticando enquanto ri.
André: Acho que ela vai ficar tão traumatizada quanto a gente — ela continua rindo e concordando comigo.
Rayssa: E olha que a gente não tava fazendo nada — eu assinto e meu sorriso desfazendo um pouco.
Eu estava prestes a beija-la e não estava dando a mínima se estamos no trabalho ou que eu sou o chefe dela, na sala dela. A única coisa que eu estava raciocinando era que eu queria essa mulher. Eu quero.
Porra eu a quero demais.
Ela para de rir também e agora volta a me encarar. Seus olhos cor de âmbar refletem o mesmo desejo e fogo que eu poderia ver no meu.
Eu cheguei até a achar que a Renata conseguiria fazer com que perdêssemos essa tensão, mas parece que só aumentou.
André: Sinto muito pela minha cunhada, ela é muito sem educação. — ela meche nos cabelos nervosa.

Rayssa: Não tem problema, não estávamos fazendo nada demais, né? — pergunta com um atrevimento gostoso e eu quase a puxo para mostrar o que realmente estávamos prestes a fazer.
André: Nada demais. — devolvo com o mesmo atrevimento e ela morde os lábios enquanto ri. Ela vai me enlouquecer.
Estamos jogando um jogo de sedução muito perigoso, um jogo que parece que nunca vai ter fim.
Esse jogo faz minha ansiedade gritar dentro de mim e eu posso jurar que sinto uma pressão no meu peito. Queria que fosse sintomas de infarto, com certeza um infarto seria mais fácil de lidar. Ela pigarreia
Rayssa: Então, o que eu preciso levar para essa conferência? Quantos dias vamos passar lá? — ela volta com assunto profissional e eu posso quase suspirar desanimado.
Estou perdendo a cabeça né? Não precisa responder.
André: Ahn...— respiro colocando minha mente no lugar— Bom, suas roupas são ótimas.— falo olhando rapidamente para suas pernas numa saia tubo que a deixa uma delícia e volto a olhar para seu rosto. — E ficaremos lá apenas o final de semana. Domingo a noite nós voltamos após a nossa última reunião. Dei uma olhada na grade de horários e estaremos juntos em praticamente todas as reuniões.
Rayssa: Certo e isso tomará nosso dia completo?
André: Não, não mesmo. Teremos algumas horas livres no dia. — ela parece pensar enquanto olha a bela paisagem da sua sala.
Rayssa: Certo então vou levar umas roupas mais casuais também. — eu a encaro. — Para esses momentos livres, já que estarei em São Paulo não custa nada conhecer o lugar.
André: Não conhece São Paulo? — ela nega.
Rayssa: Conheço, óbvio. Mas eu nunca fui... — entendo.
Andé: Ok. Então devo te dizer para levar umas coisas mais quentinhas, lá faz um frio danado a noite. — algo passa por seus olhos, algo como expectativa e eu odeio reconhecer isso, porque é sinal que eu também estou com expectativas no alto.
Rayssa: Pode deixar! Obrigada pela dica...
André: Certo. — Arrumo minha postura e fico de pé andando até a porta. Preciso sair dessa sala. — Acho que já vou... — Paro antes de sair e cometendo um grande erro de olhar novamente para ela. Está me encarando.

Rayssa: O que ia fazer se a Renata não tivesse entrado? — não consigo responder. Desvio meu olhar por uns segundos e depois volto a encara-la.
André: Você sabe o que eu ia fazer. — vejo seu rosto ruborizar e eu quase tiro meu celular do bolso para tirar um foto, mas me contento com essa imagem que vai ficar na minha cabeça. Pisco para ela e saio.
A sala dos estagiários já está repleta de novo e todos se assustam com minha presença ali.
Não consigo controlar um bom humor dentro de mim e passo por eles sem tentar ficar diferente.
Passo pelo hall completo da empresa e Renata grita meu nome correndo atrás de mim.
Finjo que não estou a ouvindo e subo as escadas. Entro na minha sala e nem me dou o trabalho de fechar as portas, sei que ela tá entrando. A porta é fechada.
Renata: André? Tá fingindo que não está me ouvindo? — sorrio e viro para encara-la com as mãos na cintura.
Parece cômico ela estar brava quando eu deveria querer mata-la.
André: Acho que eu deveria fingir que você não existe, porque se eu lembrar que estou permitindo você ficar viva, isso me deixa bem irritado. — seus ombros caem e ela se joga na cadeira.
Renata: Eu juro que não fazia ideia que você tava na sala dela ou que vocês...? Pera aí?
André: Não.
Renata: Não o quê?
André: Não vou te responder nada e nem dar satisfação da minha vida.
Renata: Você tá transando com ela? Seu pai sabe? Ele vai te matar. — ignoro-a — Não vai mesmo me responder? Vou tirar minhas próprias conclusões.
André: Faça o que você quiser.
Renata: Até contar pro seu irmão? — puxo meus cabelos com minhas mãos. Ela é impossível.
André: Não estamos transando e o que você viu estava bem longe de acontecer. — ela me analisa.
Renata: Não estão tendo nada então? Não está afim dela? — não respondo
André: Não e não sei. Realmente não sei, Rê. Por favor não pergunte mais nada e nem comente nada com ninguém, só saia da minha sala e me deixe tentar trabalhar em paz. — falo sério e ela abre um sorriso imenso.

Renata: Está apaixonado!
André: Vaza! — ela sorri mais enquanto vai saindo da sala.
Renata: Meu Deus você está realmente apaixonado! — estou quase a empurrando daqui quando ela fala — Não falarei com ninguém e nem falaria, seu imbecil. Imbecil apaixonado. — Ri de mim e bate minha porta.
Eu juro que vou ficar maluco!

DE REPENTE, ACONTECEU...Onde histórias criam vida. Descubra agora