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-RAYSSA-
📟4 de julho de 2021.

Acordo sobressaltada, levando a mão ao peito.
João: Ei, — uma voz familiar e sonolenta me diz. — Você tá bem? — Olho para o lado e constato que é João que está ao meu lado. Dormindo comigo.
Estamos na nossa casinha, onde deveríamos exatamente estar. Nada de um estranho, nada de casa nova e nada de André.
Rayssa: Preciso de um copo d'água. — levanto ainda trêmula e vou em direção a cozinha. Bebo um copo de água bem cheio e a voz de João para atrás de mim.
João: Teve um sonho ruim? — ruim? Com certeza foi ruim. Ou deveria ter sido...
Rayssa: Um dos piores...— falo sem olhar em seus olhos e desviando dele em direção a sala. Tenho certeza que estou vermelha como um camarão só de lembrar o que aquele desconhecido fez comigo no sonho.
Como pode ter sido tão real? Poucos minutos atrás eu tenho certeza que estava na cama com um cara chamado André.
A gente estava se beijando, ele me conhecia perfeitamente, ele estava passando a mão no meu corpo todo, e eu deixava. Foi o sexo mais intenso da minha vida.
No sonho, transei com um desconhecido.
Sinto vontade de tocar meu corpo, para confirmar minha realidade física. Seguro os cotovelos com as mãos e os braços junto ao peito.
João: Está tudo bem, amor? — pergunta novamente. O clima leve do momento em que ele tinha me pedido em casamento se foi, e agora ele está me encarando de verdade.
Rayssa: Que horas são? — pergunto nervosa e ele pega o relógio na mesa.
João: 5:48 da manhã. Já estava quase na hora de levantarmos mesmo. — ele coloca novamente o relógio na mesa e se aproxima. — Seja lá o que você tenha sonhado, foi só um pesadelo ok? Tá tudo bem. — ele beija minha testa, todo sensível e eu posso sentir algo em mim se acorvardar. No sonho eu sabia que o amava e mesmo assim deixei outro homem tocar em mim. — Vou passar um café pra gente. — ele sai me deixando sozinha na sala.
Pego o controle e ligo a tv confirmando que estamos em 4 de julho de 2021. Respiro aliviada. Foi apenas um sonho, posso conviver com isso, né?
Volto para meu quarto e vou direto para o box. Nada como um bom banho para esquecer o que seja lá que tenha rolada nessa madrugada.

Ligo o chuveiro e enquanto a água cai pela minha cabeça, flashes daquele homem voltam na minha cabeça.
Tentando ignorar começo a lavar meus cabelos e em seguida passar meu sabonete líquido pelo corpo. O mesmo corpo que aquele homem praticamente venerou.
Ainda posso sentir seus lábios brincando com meus peitos, descendo pela minha barriga, pela...
Só percebo o que me tocando e inerte aos meus desejos, quando abro os olhos e vejo João na minha frente me olhando excitado.
Eu paro imediatamente e posso sentir meu coração acelerar dentro de mim. Seria possível que ele pulasse para fora?
Ele coloca as mãos no azulejo ao meu redor e desce seu rosto até meu pescoço. Ele deposita beijos no meu pescoço me fazendo arrepiar completamente. Minhas reações ao seu toque fazem o pensar outras coisas e quando eu fico de costas para ele, tentando me afastar e parar o que quer que for acontecer, ele entende outra coisa.
João: O que foi que você sonhou que acordou completamente excitada? — sua mão está na minha vagina e ele pode sentir que estou com tesão. E estou. Mas não é por ele. — No seu sonho estávamos fazendo isso? — ele faz círculos no meu clitóris e eu tento me deixar levar — Eu te tocava dessa forma? — Três dos seus dedos entram em mim e eu solto um gemido. De repente eu sei que preciso transar. Mas não é com ele, mas ele é tudo o que eu tenho agora.
Me sinto péssima por ter esse pensamento, mas por favor não me julgue. Estou com tanto tesão que provavelmente uma foda rápida de bom dia não vai me satisfazer, muito pelo contrário...
Eu fecho os olhos ao encostar minha bochecha no azulejo gelado e é um par de olhos verdes que vem a minha frente.
Eu sinto as mãos de João me apertando nos seios e tudo o que eu sinto é as mãos do desconhecido me apertando.
Não sou capaz de parar o que João está fazendo comigo, da mesma forma que não consigo parar meus pensamentos.
Talvez isso tudo faça eu me lembrar que com ele é bem melhor, que ele é o homem da minha vida. Que é com ele que vou casar. Mas eu não consigo.

Quando eu gozo não é no homem que acabou de proporcionar isso, é no homem que meu subconsciente parece estar apaixonado. É no homem que eu não faço ideia de quem seja e que acabou de me tornar uma péssima pessoa.
Recupero minha respiração e João com todo seu cuidado nos limpou.
Ainda sem graça passo por ele e saio do box sem falar mais nada. Escuto ele fazer elogios ou pedir que isso se torne algo rotineiro, mas eu finjo não ouvir.
Me arrumo mais rápido que o normal e fujo do meu apartamento. Fujo do homem que eu prometi que me casaria em breve.

DE REPENTE, ACONTECEU...Onde histórias criam vida. Descubra agora