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Rayssa

A viagem toda é um desastre. A começar que eu não sinto mais meus dedos.
Fui inventar de dar as mãos ao André quando o avião levantou vôo e ele não soltou mais, pelos quarenta e cinco minutos ele segurou minhas mãos e não soltou mais.
Em algum momento da viagem eu ainda falei alto para que ele me ouvissem
Rayssa: "Quem diria que um grande vice presidente de uma grande empresa, que vive viajando e fazendo várias viagens internacionais, até mesmo para ver a própria mãe, tem medo de altura."
Ele riu, riu de verdade e foi só nesse segundo que ele relaxou bem, mas depois voltou a ficar tenso e eu apelei para músicas no fone de ouvido.
Gostando ou não do meu estilo musical ele não se importou e assim passando aqueles minutos no avião.
Já pousamos a mais ou menos uns vinte minutos, demorou bastante para recolhermos nossas malas, mas assim que ela está nas nossas mãos, André diz que já podemos ir.
Ele segue até um guiche de aluguel de carros e informa que tem uma reserva em seu nome e assim que ele termina de dar seus dados, caminhando até uma GLA Mercedez cinza que faz meu queixo cair.
Rayssa: É sério? — ele nem responde, só ri abrindo a porta. Entro e fico horrorizada com o quanto o carro é bizarramente lindo e muito, muito mais avançado que o velhinho do João que eu costumava andar.
André: Renata costuma conhecer bastante meus gostos de carro. Ela definitivamente não erra.
Rayssa: E que gosto.. — falo passando a mão no couro do assento e já abrindo a janela com o pequeno botão ao meu lado. — Incrível! — ele liga o carro e eu quase dou um gritinho.
André: Gostou? — ele pergunta com um sorriso de lado e ja acelerando para sair do estacionamento.
Rayssa: Tá brincando? Esse carro é quase um sonho.
André: Te deixo dirigir ele depois. — tiro meu foco do carro e o olho incrédula.
Rayssa: Vai me deixar dirigir?
André: Claro, por que não deixaria? Dirigir uma dessas é quase a oitava maravilha do Mundo.

Rayssa: Eu posso sentir o tesão daqui. — falo sem medir as palavras utilizadas e logo sinto meu rosto corar. André olha para mim ainda com sorriso no rosto, bem relaxado. Confesso que nunca o vi tão relaxado assim na vida vida.
André: É... Da pra sentir sim. — ele completa e volta a dirigir.
Eu por sinal viro minha cara para a janela e vou observando por onde passamos.
Claramente São Paulo tem um clima diferente do Rio. O céu realmente é cinza, como todo mundo fala quando vem para cá.
Menos de dez minutos, André faz um retorno e paramos de frente a um hotel digno de filme. Sabe aqueles hotéis que o motorista para na frente do hotel e vem logo alguém levar seu carro? Então acontece exatamente a mesma coisa.
Poderia dizer que esse hotel foi inspirado em algum dos Estados Unidos. Tenho certeza que já vi essa fachada em algum filme.
André: Obrigada — André agradece o manobrista e eu faço o mesmo quando ele abre a porta para mim, como se eu não tivesse mão para eu mesma abrir.
Seguimos lado a lado até a entrada do prédio e novamente meu queixo cai.
O nível de vida do André é absurdamente caro, o que eu já esperava, mas porra...
É literalmente um hotel cinco estrelas. O lobby de entrada é todo desenhado e arquitetado nos minutos detalhes.
Há dois elevadores bem no meio do prédio e as portas são de vidro, permitindo que possamos ver tudo enquanto subimos.
André nota meu deslumbramento e eu na mesma hora me recepção onde iremos pedir nossas acomodações, André já havia dito que Renata as deixou reservada.
— Bem vindos ao Hotel Pullman, possuem alguma reserva?
André: Sim, claro. Está no meu nome André Luiz Pfaltzgraff Frambach. — só de ouvir esse nome completo eu me arrepio. Ainda sou capaz de lembrar com clareza aquele momento.
— Certo — ela analisa o computador e depois entrega um papel para André assinar. Depois de assinado, ela pega um cartão e entrega para ele também. — Andar 905, suíte presidencial. As malas chegam lá em alguns minutos  — ele assente e seguimos juntos para o elevador.
Rayssa: Suíte presidencial, hein? — ele ri. — Já veio aqui antes?

André: Já, normalmente quando venho a reuniões de um dia eu acabo ficando para apreciar o hotel. Aqui é bem legal. — o elevador começa a subir e eu fico olhando tudo abaixo de mim ficar minúsculo. — Você vai gostar.
Rayssa: Teremos alguma coisa hoje ainda? — ele olha pro relógio.
André: Não. Só amanhã bem cedo. — eu assinto e o elevador apita. — Chegamos.
O andar é divido em apenas duas portas. Acho que o andar indireto é dividido só para duas suítes.
Ele passa o cartão na porta e eu fico aguardando para que me dê o meu e não acontece.
André me encara e eu o encaro.
André: O que foi? — eu olho para a porta que acabou de abrir e em seguida para ele desesperada.
Rayssa: Nós vamos ficar no mesmo quarto? — ele não esboça nenhuma reação e só respira fundo.
André: Por favor, entre. — e eu entro.
Não parece que estou entrando em um quarto de hotel. Parece que estou entrando em um apartamento muito luxuoso, bem mais do que o hotel onde irei morar em breve.
André: Como você pode ver a presidencial ela é praticamente um apartamento, provavelmente esse específico deve conter dois quartos. — respiro aliviada.
Rayssa: Ata. — começo a andar pelo espaço, a sala é bem aconchegante e imensa, possui dois sofás bem confortáveis é uma televisão bem, mas bem maior que a que eu tenho em casa. Sorrio com esse pensamento. Tudo aqui é melhor do que o que eu tenho em casa.
Vou em direção ao corredor ciente de que André acompanha com os olhos todos os meus passos. Ele já esteve aqui, é bem injusto que só eu pareça estar em um parque de diversões na Disney. Tudo me impressiona.
A primeira porta é um banheiro pequeno, mas extremamente lindo e da vontade de sair experimentando tudo, até o assento do vaso. Mas me controlo e saio em direção aos quartos. Um outra porta que dá uma área com uma cozinha quase que completa, o que acho inutil já que nem usaremos nada, e logo quando saio dali noto que só sobrou uma porta.
Rayssa: André! — o chamo e ele aparece no fim do corredor. Ele já parece tenso. — Acho que tem alguma coisa errada. — ele não responde. Abro a porta e dou de cara com um quarto que eu nunca vi mais lindo na minha vida.

Sou realmente apaixonada por hotéis e tudo o que tem dentro dele. Sempre gostei de ir em alguns no Rio passar um final de semana completo com João, mas esse...
Só que esse pensamento se choca com a imensa cama de casal. Uma só. E mais nada. Nada de outra porta, nada de outro quarto.
Sinto a presença do André no quarto também e já é o suficiente para diarréia mental começar. Não posso ficar no mesmo lugar que ele. Não consigo.
Eu suspiro. Ele suspira. O mundo tá praticamente parado e eu sei que ele tá a pouquíssimos metros atrás de mim.
André: Realmente achei que a Renata ia ser inteligente e ia pedir que colocassem duas camas de solteiro. Isso é ridículo. — não respondo, apenas me abraço com minhas próprias mãos e aguardo alguma solução. Tem que a ver.
André pega o telefone e liga para a recepção. Pede para que seja trocado a cama, mas pela sua cara nada feito. Pede um outro quarto para mim, mas ele fica nervoso e desliga.
André: Essa porcaria tá lotada. Dia de evento na cidade e essa reunião muitos diretores de empresas estão hospedados aqui. Não há o que fazer. — ele fala me analisando. Preciso ser profissional, serão só duas noites. Respiro.
Rayssa: Olha tá tudo bem. A cama é uma kingsize e da perfeitamente nós dois nela. — ele olha para a cama e depois para mim.
Posso jurar que ele tá tendo ou está quase tendo a mesma diarréia mental que eu.
Estamos enganando a quem? Não vai dar certo.
André: Eu vou dormir no sofá. Não se preocupe comigo. — eu faço uma careta.
Rayssa: Ok, mas você é o chefe sabe, você pode me mandar pro sofá se quiser. — ele ri.
André: Eu jamais faria isso com você. — meu coração da um pulo que quase sai pra fora. — Não se preocupe comigo. — ele olha em volta fugindo dos meus olhos e diz para eu ficar a vontade, tomar um banho e depois ele volta, para tomar o dele.
Ele assente e sai me deixando sozinha só quarto.

Assim que a porta bate, solto o ar que estava prendendo desde o momento em que o senti no mesmo ambiente tão íntimo comigo.
Coloco a mão no peito e respiro fundo, tentando colocar minhas ideias e emoções no lugar.
Não sei como irei suportar passar dois dias ao lado dele, se em menos de quinze minutos juntos nessa sardinha gigante eu já estou surtando.
Realmente preciso de um banho, de preferência gelado.

DE REPENTE, ACONTECEU...Onde histórias criam vida. Descubra agora