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Rayssa

Acordo ofegante.
Dessa vez eu tenho certeza que era um sonho. Não era tão real, mas me faz ficar com o coração acelerado.
Deito novamente e dessa vez tentando me acalmar.
Ele, sempre ele. Ele sempre atormenta e acha um jeito de estar nos seus sonhos. Impressionante.
Quando me sinto pronta para levantar vejo que o horário já está bem adiantado então corro o máximo que consigo.
Uma hora depois estou entrando no elevador da empresa e assim que saio encontro com Antônio.
Rayssa: Antônio! O que você tá fazendo aqui? — ele sorri para mim e abre os braços pronto para me receber — Que saudade! — digo com sinceridade.
Antônio sempre foi muito presente na empresa e praticamente nos víamos todos os dias.
Antônio: Minha querida, bom te ver. — ele se afasta com sorriso no rosto. — Tenho que vim ver esse meu filho as vezes né?
Rayssa: E estava indo embora sem me ver? — faço um biquinho.
Antônio: A recepcionista havia dito que você não tinha chego...
Rayssa: Tudo bem — sorrio.
Antônio: Estive conversando com Luiz e ele disse que vocês foram ao apartamento ontem né? — ele me avalia. Sei que ele está me avaliando porque eu o conheço a muitos anos e me odeio por ruborizar. Tenho certeza que minha cara tá me entregando
Rayssa: Ahn... Sim! Nós fomos sim e eu adorei. Apartamento de muito bom gosto.
Antônio: Imagino então que você vá morar lá então?
Rayssa: Sim, vai ser ótimo e não vou precisar mais sair tão cedo e ainda chegar atrasada aqui. — sorrio novamente, não sei o que fazer.
Antônio: Meu filho tem te tratado bem aqui?— pergunta ainda me avaliando.
Rayssa: O André? Ah claro, ele é incrível! — solto dando de ombros e ele assente.
Antônio: Você chama ele de André? — meu cérebro da pane.
Rayssa: Ahn... Sim? É o nome dele né? — entrego-o sorriso mais amarelo que consigo.
Antônio: Certo, preciso ir. Tive uma conversa com meu filho hoje e imagino que ele há de conversar com você. Preciso ir, qualquer coisa me ligue querida.
Rayssa: O que seu filho quer falar comigo?— falo sem conseguir esconder meu pânico. Ele ri

Antônio: Tenho certeza que ele já está descendo para encontra-la. — com isso ele de vira e vai embora.
Quando a porta do elevador fecha, eu viro a noventa graus e caminho até meu setor.
Estranhamente só há um estagiário hoje, onde esse povo se meteu? Todo mundo resolveu atrasar?
Abro minha porta, coloco minha bolsa e tento respirar para minha cabeça clarear.
Por que eu chamei o Luiz de André? Será que ele percebeu na minha cara que eu tô afim do filho dele? Porque o André também contou que fui com ele ao apartamento ontem? Merda!!! Só dele lembrar esse acontecimento, tudo voltou aos meus pensamentos como uma enxurrada de memórias.
Já não bastou o sonho que tive com ele essa noite... Sinto meu corpo começar a responder as lembranças do toque dele, quando alguém bate a porta e antes que eu permita que entre, abre.
É ele. Claro que seria ele.
Com certeza ele consegue ver meu horror na cara porque parece que ele sentiu que eu estava pensando nele. Parece que ele sabia que era o pior momento para entrar na minha sala e mesmo assim entrou. Inferno de vida.
De repente me sinto furiosa, furiosa por ter sido uma idiota com o Antônio, furiosa por ele ter fugido de mim ontem quando eu estava tão exposta a ele, furiosa por ele estar bem na minha frente e não poder dizer a ele tudo que eu sinto a maldito anos. Estou muito furiosa e o ataco.
Rayssa: Ah que ótimo! Era você mesmo que eu queria falar. O que você andou falando para seu pai sobre nós? — suas sobrancelhas sobem e ele me olha com surpresa e ao mesmo tempo descrença.
Merda ele é meu chefe e eu estou gritando com ele.
Ele olha para atrás e vê se alguém ouviu meus gritos, mas eu agradeço por todo mundo estar atrasado hoje.
Ele entra calmamente e fecha a porta. Ainda estou me sentindo furiosa.
André: Posso saber do que você tá falando?
Rayssa: Seu pai acabou de me fazer várias perguntas suspeitas.
André: Suspeitas?
Rayssa: Sim, inclusive ele sabia que você tinha ido comigo até o apartamento ontem, por que ele sabe disso?
André: Porque o prédio é dele e porque eu contei. Ele sabia que alguém tinha que levar você até lá, eu estava disponível
Rayssa: Você? Meu chefe? Com quantas pessoas que podiam ter ido?

André: O que tem de mais nisso? Porque não poderia ser eu? Por acaso eu fui lá para fazer algo além de te apresentar o apartamento? — ele fala e algo em mim quebra.
Eu tinha esperança de que ele pudesse ter ido por ser eu. Apenas por querer estar perto de mim tanto quanto eu tenho a necessidade de estar perto dele.
Rayssa: Você tem razão! — meu tom de voz já mudou.
André: Olha...
Rayssa: Não, você tá certo. Eu que provavelmente vi coisa onde não tem. — solto um riso nervoso desviando meu olhar. — De novo. — suspiro e evito olhar em seus olhos, mas sinto os seus me queimando. Ando até minha cadeira e sento. — O que você quer aqui?— falo mais ríspida do que eu esperava ser.
André: Precisaremos viajar. — novamente meu cérebro da curto. Volto a olha-lo.
Rayssa: O quê?
André: Meu pai não vai poder estar na conferência anual da Zemetrek e me pediu que fosse em seu lugar. — ele rapidamente se corrige — Nós dois.
Rayssa: Por que eu? O que eu tenho que fazer lá com você?
André: Rayssa, entenda, você é a diretora do jurídico e eu acho que isso basta pra você saber porque deve ir comigo. — Claro que eu sei. Claro que eu estava pensando como a Rayssa e não com a advogada.
Odeio só a ideia de ir para algum lugar com ele. Meu corpo idiota pelo contrário parece gostar...
Rayssa: E quando será essa conferência?
André: No fim de semana, espero que você não tenha compromissos. Já pedi que a Renata providencie nosso vôo e estadia. — levo minhas mãos a cabeça e penso. Acho que isso é algum jogo do destino comigo. Minha vida virou um grande show de horror.
Rayssa: Ok.
André: Ótimo.
Rayssa: Mais alguma coisa? — pergunto e ele parece pensar, pensar demais.
Ele me encara e eu o encaro. Nós dois perdidos nos olhares um do outro. O meu perdido em lembranças, o dele eu não faço ideia.
André: Eu queria dizer que eu sinto muito. — engulo em seco. Não esperava que ele fosse se desculpar. Na verdade eu estava realmente achando que ele fosse agir como se nada tivesse acontecido.

Rayssa: Sente muito pelo o que?
André: Você sabe do que estou falando. — ele responde de imediato. Na lata. E eu agradeço por ter sentada.
Rayssa: Realmente não sei do que você está falando. Não há nada do que você tenha que se sentir. — vejo seus ombros caírem e eu desvio o olhar para minhas mãos.
André: Eu realmente poderia te explicar o porquê eu fugi, mas não sei se quero falar sobre isso agora. Mas realmente gostaria de dizer que eu sinto muito, não foi nada pessoal. — eu assinto, ainda olhando para minhas mãos.
Não consigo olhar para ele. A vergonha é grande demais.
Sinto que ele se aproxima de mim e eu fecho meus olhos. Ele tá bem próximo da minha cadeira agora e consigo ouvir sua respiração.
André: Olha pra mim. — ele pede e meu corpo inteiro de arrepia. Esqueço até como se respira. — Por favor. — e eu olho. Seus olhos são tão lindos. Tão verdes que eu poderia me perder neles. Como uma boa viagem.
Ele está agora sentado na minha mesa, de frente para mim. Seus dedos sobem até meu rosto e ele acaricia levemente minha bochecha. Não consigo respirar. Não consigo nem pensar o que está acontecendo. Meu corpo parou de bombar sangue para o cérebro e eu acho que vou morrer. — Você é linda. Linda pra caralho e eu fico sem ar só de te ver. — pisco desacreditada. — Não ache que fugi ontem porque não queria nada com você, pelo contrário, eu queria muito, por isso eu tive que fugir. Fugi para bem longe e me senti um merda depois por isso. — ele solta uma risada e seus dedos param na minha nuca.
Nem percebo que meu corpo está inclinado para a frente e que ele também desceu um pouco seu corpo em minha direção.
Rayssa: André...
André: Nunca entendi porque você me chama pelo meu primeiro nome e isso me deixa bem louco. — ele olha para meus lábios, faminto. Eu tô fraca.
Rayssa: É o seu nome.
André: É, é sim e quando você fala ele fica ainda mais bonito. Sexy...

Rayssa: O que você tá fazendo? — ele tá próximo demais e nosso nariz já estão juntos.
Fecho meus olhos.
André: Eu não dei. É como se seus lábios chamassem os me...
— Rayssa...— um barulho de porta de abrindo e a pronuncia do meu nome nos faz dar um pulo da cadeira. — Meu Deus me desculpa! Me desculpem eu não sabia... Meu Deus! — Renata tá em choque. Não faço ideia do que ela viu, mas com certeza ela tá em choque.

DE REPENTE, ACONTECEU...Onde histórias criam vida. Descubra agora