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Andre

O dia hoje está lindo, desde da hora em que levantei para tomar banho e café eu já imaginava que seria um bom dia.
O sentimento de que terei que ver a Rayssa já não me assusta tanto, mas mesmo assim ainda né trás um certo receio.
Preferi não mandar mensagem e resolver todas nossas pendências pessoalmente, afinal somos adultos e podemos lidar com tudo isso ou pelo menos eu acho que podemos lidar.
Enfim, desde que cheguei a empresa não fui no primeiro andar.
Talvez eu esteja evitando falar ou ver ela, mas é que eu ainda não sei que palavras eu irei usar para tentar pedir desculpas.
Alguém entra pela minha porta e me tira dos meus desvaneios.
Antônio: Posso saber por onde você andou ontem? Eu perdi as contas de quantas vezes eu te liguei.
Andre: Nossa quanta educação, as vezes eu me pergunto quando que as pessoas dessa empresa vão aprender a bater na porta ou simplesmente dar bom dia. São coisas tão simples da educação. — meu pai abre um sorriso.
Antônio: Você é uma graça. — reviro meus olhos.
Andre: Ontem eu levei a Rayssa para conhecer o hotel. — vejo seus olhos brilhando e de repente ele enruga a testa.
Antônio: Porque você a levou?
André: Porque eu estava livre e era caminho. — ele me encara e eu desvio o olhar para o computador.
Antônio: Você está me escondendo algo.
André: Não sei do que você está falando...
Antônio: Você não levaria ninguém para conhecer o hotel, mesmo se eu tivesse pedido. Pago alguém para fazer esse serviço justamente porque você odeia.
André: Talvez eu estivesse de bom humor ontem.
Antônio: André, ela é sua funcionária. — seu tom é claramente me recriminando e eu fecho meus olhos, suspirando fundo.
André: Não sei aonde você quer chegar.
Antônio: Está interessado nela? Ela é noiva. — tenho vontade de corrigi-lo. Que ela é noiva porra nenhuma, mas me calo, seria bem pior.
André: Como o senhor disse, ela é minha funcionária, todo meu contato com a senhora Rayssa é totalmente profissional. Posso garantir. — minha cara nem treme e ele parece acreditar.
Antônio: Certo. Isso é ótimo, já que vocês terão que viajar juntos no fim de semana. — quase engasgo com a minha própria saliva.

André: Do que você tá falando? — arrega-lo meus olhos.
Antônio: Conferência. Eu não poderei estar e você vai no meu lugar. — fecho minha cara
André: Você sabe que eu odeio essas conferências da empresa.
Antônio: Sinceramente não me importo, você quis ser vice presidente da empresa, diretor dessa filial e será meu sucessor em breve, terá que saber lidar com esses eventos. — massageio minha têmpora.
André: Certo e como a Rayssa é a diretora do jurídico ela também terá que ir. — ele assenta.
Antônio: Imagino que não seja um problema, já que pelo visto vocês já passam bastante tempo juntos fora do trabalho. — eu o olho feio.
André: Não vou ficar te dando satisfação.
Antônio: Não estou pedindo. — o encaro por alguns segundos e depois dou me por vencido.
Terei que ir nessa merda de conferência e só a ideia de Rayssa ir junto comigo faz minha cabeça rodar.
André: Onde será essa conferência?
Antônio: Você sabe, será na Metrópole. — Claro! Claro que seria em São Paulo.
André: Você já a comunicou? — ele nega. — Já está em cima, talvez ela não possa ir. Pergunte-a e me fala. — ele fica de pé.
Antônio: Tenho muito o que fazer meu filho, comunique nossa diretora do jurídico e avise-a que não deve faltar. Ela vai entender. — ele fala e nem se despede ao sair da minha sala.
Inferno!
Meu pai percebeu que eu estou no mínimo encantado com a Rayssa e inventou isso agora. Ele nunca falta as conferências, porque ele inventou isso agora? Era para ele ir com ela e não eu.
Não estou reclamando de passar um tempo com ela, vai ser até agradável. Mas a possibilidade de dar merda, é imensa...
Pego meu telefone e disco na recepção. Preciso saber se ela já chegou.
Julia: Senhor Luiz?
André: Julia, Rayssa já chegou?
Julia: Ela acaba de chegar nesse exato momento, Senhor. Está conversando com seu pai na entrada. — respiro fundo.
André: Certo. Certo! Pode pedir para Renata vir na minha sala urgentemente?

Julia: Claro, senhor.
André: Obrigada. — agradeço e desligo.
Nem cinco minutos se passam e a minha cunhada toda esbaforida entra na minha sala.
Renata: O que é urgente?
André: Terei que viajar no final de semana.
Renata: Você vai a conferência? — me olha em choque.
André: Ordens do senhor Antônio. — ela ri.
Renata: O que você fez pra ele te castigar assim?
André: Bom eu não sei, literalmente não sei. Enfim, consegue duas passagens para mim? Realmente não tenho tempo para isso agora.
Renata: Claro, deixa comigo. Para quem é a outra passagem? — ela pega o celular para anotar.
André: Rayssa. A nova diretora do jurídico. — ela abre um sorriso imbecil achando que não estou vendo enquanto digita algo.
Renata: Mais alguma coisa?
André: O hotel, arrume um hotel também e o mais próximo que tiver. — ela assentiu e quando eu digo que é só, ela diz que vai fazer imediatamente e sai.
Arrasto minhas mãos pelos meus cabelos e puxo lentamente.
É só fechar meus olhos que me lembro exatamente do peso da Rayssa no meu colo e seus lábios pelo meu pescoço.
Não consigo tirar isso da minha cabeça. Sou capaz até de gozar lembrando, impressionante.
Eu literalmente virei um adolescente.
Levanto da minha cadeira, arrumando minhas calças que de repente ficou um pouco avantajado e sigo em direção a sua sala. Preciso comunicá-la que teremos que fazer uma viagem no final de semana.
Eu realmente poderia pedir para a Renata avisá-la ou até mesmo a Júlia.
Se eu fosse para essa conferência com o antigo diretor do jurídico, provavelmente eu nem falaria com ele até o exato dia. Mas com ela é diferente, eu preciso vê-la. Sei que preciso.
Desço as escadas e vejo que meu pai e Rayssa não conversam mais na entrada.
Dou bom dia para as pessoas que vou encontrando enquanto ando até o jurídico.
Está ficando cada vez mais comum minha presença nesse setor e isso é estranho.
Entro e só há um estagiário em sua mesa e nem nota minha presença de tão concentrado.
Dou duas batidas na porta e abro encontrando dois pares de olhos furiosos.
Rayssa: Ah que ótimo! Era você mesmo que eu queria falar. — quase fecho a porta pensando se entrei mesmo no lugar certo. Estaco no lugar e espero que ela fale. — O que você andando falando para seu pai sobre nós? — e é aí que vejo que estou em mais um dos joguinhos do meu pai.

DE REPENTE, ACONTECEU...Onde histórias criam vida. Descubra agora