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-RAYSSA-

Assim que abro a porta do meu apartamento um forte cheiro de bebida está permeando no ar.
Respiro fundo enquanto entro com minhas malas e guardo minhas chaves no chaveiro.
Escuto um resmungo e quando piso na minha sala o que vejo não é nada diferente do que imaginei.
João está estirado no chão, com um dos braços tampando os olhos e uma garrafa de vodka vazia do lado.
Limpo a garganta e ele percebe que cheguei.
João: Rayssa! — ele aparentemente fica feliz ao em ver e se arrasta até sentar encostando no sofá. — Você veio.
Rayssa: O que você tá fazendo deitado no chão e bêbado desse jeito? — chego perno agachando ao seu lado e sinto cheiro de urina. Fico puta — Você tá fedendo a xixi, João.
João: Xiiiiii, fala baixo. Pelo amor de Deus! — bufo e vou em direção a cozinha beber um gole de água. Aproveito para encher um copo e levar para ele também. — Bebe.
João: Não quero! — resmunga como uma criança tola.
Rayssa: Não me faça obrigar você a beber essa merda. — alguma parte dele ainda sóbria resolveu me obedecer e ele bebe.
Mando uma mensagem pro André avisando que cheguei e ele me responde.
"André: Que bom, estou entrando para a reunião agora. Uma merda não ter você como minha vista preferida nessas merdas chatas" — sorrio, mas não respondo. Não fui capaz, já que o João acabou de vomitar no meu joelho.
Tudo depois disso acontece numa confusão de braços e brigas.
No caso eu brigando e os braços dele tentando se livrar de mim, mas consegui.
Precisei dar banho nele e trocar toda sua roupa.
O que foi fácil mediante ao fato de que não é a primeira vez que eu tenho que cuidar do João dessa forma.
Uma vez enquanto ainda estávamos na faculdade ele deu um PT inesquecível e só eu estava por perto na época.
Coloco ele na cama e aos poucos ele vai voltando a sobriedade.
João: obrigado por estar aqui, acho que tô meio perdido.
Rayssa: Então estou aqui para tentar fazer você se achar.
João: Quando eu conheci a Morgana confesso que ainda estava com você e isso meio que me deixa um pouco mal. — fico esperando algum sentimento ruim vir dessa informação, mas não sinto nada.

Rayssa: Não precisa se sentir mal, João, afinal já não estávamos bem a muito tenpo e estávamos apenas empurrando com a barriga, respeitando a nossa amizade, então tá tudo bem.
João: Sério? nenhum tapa na cara ou xingamento?— rio. Se ele soubesse que enquanto transava com ele eu pensava em outro cara e foi assim por longos cinco anos...
Rayssa: Não precisamos falar sobre passado aqui, o que passou passou e o que importa agora é a Morgana. E você. — seus olhos se fecham e ele se encolhe todo na cama.
João: Ela vai morrer. — eu assinto. Não posso falar que não vai e o iludir.
Rayssa: Talvez sim. E se eu fosse você aproveitaria esses últimos momentos com ela e não ficando bêbado, mijando nas calças e vomitando nas pessoas. — ele faz uma careta.
João: Rayssa, eu juro que eu sinto muito pelo vômito e por ter feito você vir de uma viagem. Se eu estivesse sóbrio jamais pediria essas coisas. — dou de ombros.
Rayssa: Você deveria ligar para ela. Ela pode estar querendo distância nesse momento, querendo te poupar da dor de ver ela definhar, mas eu tenho certeza que ela quer você por perto.
João: Ela parecia bem decidida. — nego.
Rayssa: Ela tá passando por um monte de coisa, está com medo, confusa, provavelmente com dor. Ela não quer que você sofra.
João: Ela não percebe que dessa forma eu só sofro mais?
Rayssa: Mostre a ela o quanto você a ama e o quanto não abre mão desses últimos meses ao lado dela. Mesmo que ela relute, não desista dela. — seguro sua mão — Lembre-se que nesse momento ninguém tá sofrendo mais do que ela. — ele assentiu e pareceu entender bem o que eu havia dito.
Levanto saindo do quarto enquanto ele toma qualquer decisão que queira.
Aproveito o momento livre para arrumar a casa, que ta uma zona que eu havia deixado antes da viagem e por volta das 6 horas da tarde quando finalizo tudo e decido pedir um jantar.
Vou até o quarto para perguntar o que João gostaria de comer, mas vejo que ele ainda está dormindo então volto para sala e peço comida mexicana para mim, depois ele dar um jeito.

Vou tomar meu banho, porque eu ainda não havia tomado um desde quando cheguei de viagem e quando saio e coloco uma roupinha leve sinto como o dia tinha sido cansativo.
Mal dormi essa noite, quando eu e André deitamos já era mega tarde e o João me ligou cedo e não parei mais.
Fecho meus olhos e meu telefone apita.
Mensagem do André.
André: Acho que não aguento mais ficar longe de você depois desses dois dias que tive você só pra mim. — sorrio.
Eu: Quanto drama, chefe. Na segunda estarei no escritório e você vai me ver😉 — boto a mão na boca tentando abafar a risadinha.
André: Abre a porta. — congelo. Quê?
Eu: ???? — envio.
André: Abre logo! 🤡 — calço meus chinelos com pressa e corro até o olho mágico da minha porta e sim, ele está realmente aqui.
Solto um gritinho e abro a porta sendo recebida com um sorriso imenso.
Pulo em seus braços como se esse fosse o único lugar para onde eu sempre irei voltar.
Rayssa: Como assim você já chegou? — ele ri e me coloca no chão.
André: Posso entrar? — assinto e entro na sua frente. Ele passa e escuto quando fecha a porta.
Joga sua mala da viagem no chão e caminha até me segurar com as duas mãos no meu rosto, em seguida me da um dos seus beijos quente, mas dessa vez repleto de algo, como saudade.
Um barulho de alguém tossindo faz com que paremos o beijo e olho sobre meus ombros João me olhando meio assustado.
Acho que tá na hora desses dois se conhecerem.

DE REPENTE, ACONTECEU...Onde histórias criam vida. Descubra agora