Sei que deve estar confusa com o primeiro bilhete que recebeu. Se estiver se perguntando como foi que eu comecei a gostar de você, sendo que nunca nem sequer conversamos, saiba que... bom, eu também não faço a menor ideia. Mas acho que posso me arriscar e dizer que isso aconteceu no exato momento em que te vi passando pelos portões da escola pela primeira vez. Você estava absolutamente linda naquele dia (e também está assim em todos os outros desde então).
— Chegamos – meu pai diz, estacionando o carro em frente ao portão da mansão da Sra. Helena, onde moramos desde que ele começou a trabalhar de motorista para ela.
Enquanto tiro o cinto, ele sai do carro e o contorna rapidamente para abrir a porta.
— Sabe que não precisa abrir a porta para mim, papai. – Sorrio e saio do carro. Papai é motorista desde que me entendo por gente (esse foi o primeiro e único tipo de emprego que ele já teve na vida), e parte da função dele é abrir as portas do carro para seus patrões. Ele se acostumou tanto a fazer isso que hoje em dia já se tornou uma reação automática do corpo dele.
— Claro que preciso! Não é esforço nenhum para mim abrir a porta para minha princesinha – ele diz, afagando meus cabelos no processo.
— Sabe que eu faço dezoito daqui a quatro meses, não é? Não vai poder mais me chamar assim – reclamo, só de brincadeira. Na verdade, eu amo esse jeitinho que ele me chama desde que sou criança.
— Para mim, você sempre será a minha princesa, não importa a idade que tenha – ele diz, convicto, e não posso fazer nada além de ficar nas pontas dos pés e deixar um beijo em sua bochecha.
Eu nunca poderia ter um pai melhor do que o seu Geraldo Ferreira. Ele batalhou muito para me criar desde cedo. Mesmo quando a Rebeca, minha mãe, partiu desse mundo, deixando ele viúvo ainda nos primeiros anos de casado, ele não hesitou em ficar comigo – e olha que minha minha avó materna insistiu muito em ficar com minha guarda, alegando que ele sozinho não conseguiria criar uma menina.
Quanto a minha mãe, eu não tenho muitas lembranças dela. A Rebeca ficou muito doente quando eu ainda estava aprendendo a dar meus primeiros passos. Só a conheço por fotos e pelas histórias que meu pai sempre me contou.
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Outra Vez o Amor Acontece | Amores Platônicos 02
JugendliteraturO que você faria se tivesse que conviver com a pessoa que mais odeia? Não é segredo para ninguém que Alice não suporta estar no mesmo ambiente que Theodoro Alves. Mas o motivo por trás disso é mais doloroso do que ela deixa transparecer. É fresco e...