Capítulo 14 - Por que você me odeia tanto?

950 132 88
                                    

Sempre sinto uma vontade esmagadora de ir até você e dizer tudo o que sinto, mas sempre que chego perto, e vejo você toda linda, concentrada em mais um livro de terror, sem fazer nem ideia de que estou te observando, toda coragem cai por terra

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sempre sinto uma vontade esmagadora de ir até você e dizer tudo o que sinto, mas sempre que chego perto, e vejo você toda linda, concentrada em mais um livro de terror, sem fazer nem ideia de que estou te observando, toda coragem cai por terra. Eu nem sei o que você está achando dessa coisa toda de "bilhete anônimo". Deve estar achando que sou um stalker maluco. Essa ideia toda foi um verdadeiro tiro no escuro, e eu estou mais confuso sobre o que fazer do que quando comecei com isso tudo. Shakespeare tinha razão, lutar pelo amor é bom, mas alcançá-lo sem luta é bem melhor. 

Molho o trapo que fiz com algodão e pedaços dos curativos na água fria da chuva e a aperto nas mãos até que pare de pingar

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Molho o trapo que fiz com algodão e pedaços dos curativos na água fria da chuva e a aperto nas mãos até que pare de pingar.

Entro novamente na caverna, me sentando ao lado de Theodoro.

— Isso deve fazer você se sentir um pouco melhor... – sussurro, mesmo sabendo que ele, no seu atual estado de inconsciência, não vai responder. Encosto o tecido úmido na sua testa quente, e então acrescento, com um tom de voz pouco confiante: — Pelo menos é o que eu espero.

Já fiz esse mesmo procedimento três vezes na última hora, umedecendo o pano sempre que ele fica quente e colocando novamente na testa de Theodoro. Mas de nada tem adiantado. 

Volto a olhar ao redor da caverna, para conferir se guardei tudo que pertence a nós dois. Minha bolsa está fechada e o caderno do Theodoro está lá dentro, e deixei o violão encostado num canto perto da boca da caverna. Tudo pronto para sermos resgatados. Só falta uma coisinha simples: o resgate.

Alguns minutos se passam e o algodão já está quente de novo, e eu o retiro da sua testa. Logo depois, estendo a mão e toco sua bochecha. Não dá para ter certeza, mas parece que ele está mais quente que antes.

A febre não cede de jeito nenhum, e isso é preocupante.

Estudo o garoto adormecido ao meu lado, a luz fraca da lanterna do meu celular deixa seus cabelos escuros repletos de mechas douradas. A testa permanece franzida, os lábios estão ressecados, queimados pela alta temperatura, os cílios longos descansam acima dos ossos proeminentes das bochechas. E eu quero muito, muito mesmo, que ele fique bem logo. É tão estranho incômodo ver ele desse jeito. Olhando para ele assim, indefeso, não parece em nada com o garoto irritante, inconsequente e muitas vezes ridículo de sempre. Está mais para um… para um...

Solto um suspiro frustrado e me levanto, indo até a entrada da caverna para molhar o pano novamente. Mas paro no meio do caminho quando ouço murmúrios vindo de Theodoro. 

Ando rapidamente até ele, com esperança de que finalmente tenha acordado. 

Quando me sento ao seu lado, o encontro ainda imóvel, mas com a respiração acelerada. 

— Theodoro? – o chamo, sem esperança de ter uma resposta, mas me surpreendo ao vê-lo abrir os olhos escuros e me encarar, com a testa franzida, parecendo confuso. — Ah, que bom que você acordou! – Solto o ar, totalmente aliviada. — Como está se sentindo?

— Quem é você? – ele indaga, com a voz rouca e meio grogue.

— Eu sou a Alice – respondo, levando a mão até a sua testa novamente, e a encontrando tão quente quanto antes. 

— O que você está fazendo aqui?

— Não se lembra do que aconteceu? – Ele continua me encarando, sem responder. — Você está só delirando... – constato, afastando minha mão da sua pele. 

Febre e delírios, isso não é nada bom. Nada bom mesmo

As compressas de pano frio não estão ajudando em nada, mas é a única coisa que posso fazer. Não vou conseguir ficar aqui, parada, apenas olhando ele definhar.

Então me levanto, com a intenção de molhar o pano mais uma vez, mas sou impedida de continuar quando ouço Theodoro murmurar baixinho:

— Por que você me odeia tanto? 

Me viro, e o encontro ainda de olhos abertos, me encarando, mas seu olhar está meio anuviado, como se ele não estivesse 100% consciente. E tenho certeza de que não está mesmo. 

Sem poder evitar, um sorriso amargo toma conta da minha boca.

Como se ele não soubesse a razão, penso ironicamente. 

Mas, como sei que ele não está em seu juízo perfeito, resolvo relevar e não me estressar com isso. 

— Por que você me odeia? – ele insiste, em um fiapo de voz. 

— Você está apenas delirando, Theodoro. Só fique quieto, assim vai poupar suas forças, e meus ouvidos também, por favor – falo, começando a me sentir extremamente incomodada com essa conversa. 

— Eu achei que você gostasse dos bilhetes… e e-eu...  – ele gagueja, com a voz ainda mais fraca, fechando os olhos. — Eu a-amava você...

O pano escapa da minha mão, caindo no chão. 

Me abaixo para pegá-lo, sentindo meu coração bater dolorosamente contra o peito.

Não dá para acreditar que mesmo inconsciente Theodoro ainda consegue me desestabilizar (no mal sentido da palavra). 

Como uma avalanche, as memórias do passado começam a me bombardear desenfreadamente. E eu me sinto uma completa idiota por ter deixado uma única frase mexer comigo.

Chego a conclusão de que eu estava mesmo certa. Três anos não foram suficientes para fechar a ferida que aquele dia fatídico me causou.

E isso é uma droga. 

Me afasto dele, sentindo o ar começar a faltar nos meus pulmões. 

Tento respirar fundo e manter a calma, mas não obtenho muito sucesso nisso. E, de repente, todo o estresse e medo acumulado nas últimas horas me atingem de uma única vez, me envolvendo desordenada e impetuosamente.

É demais para mim. Toda essa situação é demais para qualquer pessoa.

Me sento no chão, afastada de Theodoro, abraçando meus joelhos, fazendo de tudo para manter a calma e não surtar como da última vez. Tento não pensar em nada.

Mas um barulho chama minha atenção, me fazendo encarar a entrada da caverna.

Tem alguma coisa lá fora. De novo

E não está muito longe de nós. 

O capítulo ficou curtinho, eu sei, mas foi necessário

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O capítulo ficou curtinho, eu sei, mas foi necessário...

Eai, o que acharam do capítulo?

Não esqueça de deixar seu voto!!!

21/07/2021

Outra Vez o Amor Acontece | Amores Platônicos 02Onde histórias criam vida. Descubra agora