Capítulo 21 - Com amor, Theodoro Alves

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Assim que ponho os pés para fora da casa, noto que o céu está completamente nublado

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Assim que ponho os pés para fora da casa, noto que o céu está completamente nublado.

O bilhete dentro do meu bolso parece pesar toneladas. Durante a conversa com a mãe do Theo, acabei esquecendo por alguns momentos da dor no meu coração. Mas, agora, ela voltou, e parece estar ainda mais intensa.

Começo a descer as escadas da frente da casa, mas paro de andar quando tenho uma sensação ruim de estar sendo observada.

Levanto o olhar e fico surpresa ao avistar Tânia e a garota que sempre anda com ela, ambas me encarando sem nem piscar, em frente a casa do outro lado da rua.

Leva apenas meio segundo para Tânia me lançar um olhar cheio de raiva e se virar, abrindo a porta e entrando na casa, com sua amiga a seguindo logo atrás. A porta é fechada com uma força extremamente desnecessária.

O que foi isso?

Então Tânia e Theodoro são vizinhos?, pondero mentalmente. Mas logo deixo o assunto de lado. Já tenho coisas demais para pensar.

Depois do choque pela reação da garota loira raivosa passar, volto a caminhar em direção ao ponto de ônibus perto daqui, que vi mais cedo, quando a Cris e o Arthur me trouxeram de carro.

Enquanto ando, não consigo parar de pensar em tudo o que Theodoro e eu conversamos. E no beijo. E, principalmente, não paro de pensar no bilhete.

Curiosa, puxo ele do bolso da calça. Encaro os amassados por toda a folha e passo os dedos pelas manchas formadas pelo tempo.

Vagarosamente, desdobro o bilhete e começo a passar os olhos pelas linhas de palavras dispostas nele. Não demoro a identificar a caligrafia do Theodoro de 14 anos ali, e meus olhos logo começam a marejar.

Sei que não deveria fazer isso agora, bem no meio de uma calçada qualquer, em uma rua com pouco movimento, mas não vou conseguir esperar até chegar em casa. Esse bilhete esperou por três longos anos para finalmente ser lido, então não quero mais adiar esse momento.

Fecho os olhos por um segundo e respiro fundo, sentindo meu coração retumbar nos ouvidos.

Por fim, finalmente começo a ler, desesperada para desvendar o que foi escrito ali.

Eu amo você.

Sei que já disse isso antes, mas agora esse sentimento parece querer me sufocar.

Quero falar com você, Alice. Não apenas por bilhetes sem assinatura, mas pessoalmente. Não sei se é isso que você quer. Mas... eu não sei. Acho que essa coisa de bilhetes anônimos foi um fiasco de ideia. Provavelmente é a pior ideia que eu já tive na vida.

Como vou conquistar alguém que nem sabe quem eu sou? E eu quero que você saiba quem sou, Alice. Eu preciso que você saiba do meu sentimento por você, e preciso também saber se é recíproco ou se um dia pode ser. Por isso, vou assinar o bilhete dessa vez.

Se você quiser me encontrar, vou ficar te esperando em frente ao portão do colégio na hora da saída. E eu desejo do fundo do meu coração que você vá, mesmo que seja só para dizer que seremos apenas amigos.

Eu espero por você.

Com amor, Theodoro Alves.

Aperto o papel contra o peito, sentindo as lágrimas que eu estava lutando para prender descerem por meu rosto em uma avalanche desordenada e impetuosa, embaçando minha visão.

Como se o clima quisesse combinar com o meu estado emocional, a chuva que ameaçava cair, começa a despencar do céu e a molhar meu rosto, se misturando com as lágrimas salgadas. Eu rapidamente guardo o bilhete de volta no meu bolso, para impedir que ele também se molhe.

Theodoro tinha razão, tudo poderia ter sido bem diferente...

Não consigo deixar de imaginar sobre o que a Alice de 14 anos teria feito.

Se eu tivesse demorado mais alguns minutos para ir até a sala naquele dia, não teria encontrado Theodoro colocando o bilhete no meu caderno, e, consequentemente, não teria dito aquelas palavras horríveis para ele.

Por alguns instantes, minha mente divaga e cria imagens diferentes para aquele dia fatídico. Até consigo fantasiar como teria sido: provavelmente eu caminharia animadamente até minha mesa, abriria o caderno e sorriria, feliz, ao encontrar outro bilhete dele. E, então, ficaria completamente surpresa ao descobrir quem era o remetente anônimo, e mais surpresa ainda ao ver o convite para um possível encontro.

Será que eu teria ido ao encontro? E, se tivesse ido, teríamos ficado juntos? Quanto tempo poderia ter durado esse provável relacionamento?

Não sei e nunca saberei as respostas para essas perguntas. Mas, hoje em dia, infelizmente, isso não faz mais diferença.

Muita coisa já aconteceu, muita mágoa e raiva já foi cultivada, tanto por mim quanto por Theodoro, e nada disso poderá ser mudado por conta de palavras escritas por um garoto que era apaixonado por mim há mais de três anos atrás.

Nem sei se Theodore realmente me perdoou. Quer dizer, já faz muito tempo, mas se eu estivesse no lugar dele ficaria remoendo a tarde de hoje um tempão. E com certeza me acharia impulsiva e idiota por ter tirado conclusões tão precipitadas.

Eu fui impulsiva e idiota. Quase sempre sou assim. É meu mecanismo de defesa quando me sinto "ameaça" e também meu maior defeito.

Mas agora já foi. Não dá para mudar o que já passou.

Ele e eu já mudamos tanto durante todo esse tempo. Aquele beijo foi só o epílogo que nós dois precisávamos.

Essa história está oficialmente encerrada.

O capítulo ficou curtinho, mas espero que tenham gostado

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O capítulo ficou curtinho, mas espero que tenham gostado.

E aí, o que acharam do bilhete?

Ele é o último que o Theo escreveu para a Ali, então nossos começos de capítulos com bilhetes chegaram ao fim 💔

Mas, tristezas à parte, ainda tenho mais uma surpresinha legal para vocês! Um bônus... que vai vir no próximo capítulo ;)

Hoje só vou repostar esse capítulo, pois não tive muito tempo para nada.

O livro agora já está quase chegando ao fim. Faltam menos de 10 capítulos...

Antes de sair, não esqueça de deixar seu voto no capítulo ♡

22/08/2021

Outra Vez o Amor Acontece | Amores Platônicos 02Onde histórias criam vida. Descubra agora